Grupo Laces abre o primeiro ecossistema de salões sustentáveis do país

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Imagine chegar em um salão de beleza que não tem nada a ver com aquelas luzes brancas, o cheiro forte de produtos químicos sintéticos, e o barulho ensurdecedor de secadores de cabelo. O cenário aqui mais parece o de um jardim: a construção é de madeira reciclada, há plantas descendo do teto como cortinas verdes, e o ambiente exala um perfume de óleos essenciais de vegetais nativos brasileiros. Antes de qualquer serviço, o cliente recebe uma massagem relaxante e os cabelos podem ser lavados com água reaproveitada da chuva.
Estamos em um dos salões do Grupo Laces, que funciona dentro do conceito de beleza limpa desde 1987, e que acaba de tornar o primeiro ecossistema de salões sustentáveis do Brasil. Com o projeto Bioma, a marca propõe a conversão de salões tradicionais em modelos do mesmo padrão Laces. O projeto, que nasceu há pouco mais de dois anos, já conta com 50 salões espalhados por todas as regiões do país.
Para se tornar um membro do Bioma, o salão precisa se adaptar - desde o visual mais orgânico, com plantas e verdes, passando por separação e reciclagem de resíduos, usar água e energia renováveis, e apenas produtos feitos pela fábrica do grupo em Curitiba, que são totalmente naturais, sem agentes químicos, corantes, conservantes ou petrolatos. Segundo Itamar Cechetto, CEO do Grupo Laces, os salões que entraram para o Bioma passaram a registrar um crescimento médio de 60% no faturamento nos primeiros 12 meses, captando, em média, 52 novos clientes por mês.
"O mercado de beleza limpa cresce 13,5% ao ano e deve chegar a US$ 30 bilhões de dólares até 2030. Os salões nos procuram porque os consumidores querem esta sustentabilidade nas técnicas e nos produtos que estão nas prateleiras", diz Cechetto, que criou o Índice Laces de Sustentabilidade, neutralizando 100% do carbono do ecossistema. Com um sistema ESG já avançado, a empresa pretende protagonizar e puxar estas estratégias em todo o setor.
O Grupo Laces é um pioneiro em beleza limpa no Brasil. Tudo começou em 1920, quando o barbeiro naturalista espanhol José Manoel Domingos Dios trouxe ao Brasil suas técnicas de trabalho que usavam ervas medicinais para tratar doenças do couro cabeludo. Sua filha, a também cabeleireira Mercedes, fundou o Laces e seguiu na mesma esteira, utilizando produtos naturais feitos em casa. A neta, Cris Dios, tornou-se cosmetóloga natural e passou a desenvolver novos produtos - e assim o grupo ganhou escala. Em 2010, Cris lançou a primeira marca de cosméticos orgânicos com certificado de fabricação no Brasil e começou a expansão dos salões com técnicas cada vez mais ambientalmente responsáveis.
Desde 2006, por exemplo, os salões Laces utilizam a ferramenta Roll Meches - própria para fazer mechas e reflexos de forma reutilizável - em substituição ao papel alumínio comum em salões convencionais. Com isso foi evitado o descarte de cerca de 12,5 toneladas de alumínio no ambiente. Só para se ter uma ideia, para fazer clareamento nos cabelos, a cidade de São Paulo descarta diariamente, em seus 65 mil salões, 15 toneladas de papel alumínio.
Os números ilustram que a importância da descarbonização dos salões de beleza deve ser levada em consideração. Estes estabelecimentos fazem parte da cultura nacional - tanto que, em cada esquina do país, por menor que seja o bairro ou a cidade, é possível encontrar pelo menos um salão. De acordo com o Sebrae, de janeiro a setembro de 2024, o Brasil registrou a abertura de mais de 170 mil pequenos negócios do setor, incluindo cabeleireiros, manicures, pedicures e lojas especializadas em cosméticos. Isso representa uma média de cerca de 700 novos estabelecimentos por dia, ou quase 30 por hora. "Quando você converte um salão para a beleza limpa o impacto atinge toda a comunidade, de profissionais até as clientes, que ganham outros valores", diz Cris Dios.
Itamar Cerchetto chama a atenção para a relevância da educação e da virada de chave na mentalidade dos profissionais, que devem aprender a olhar toda a jornada dos negócios e não apenas o desejo de representar ou ter um produto importado nas prateleiras. "Os produtos do salão devem valorizar nossa cultura e matérias-primas. Não basta dizer que é vegano: afinal, um shampoo com gasolina também pode ser vegano", completa.
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