Mariana Sgarioni

Mariana Sgarioni

Siga nas redes
Só para assinantesAssine UOL
Reportagem

Kimberly-Clark investe em educação para derrubar tabus da maturidade

Você saberia responder qual o principal perfil do consumidor de fraldas geriátricas nos dias de hoje? Se você visualizou alguém deitado em uma cama e sem movimentos, sinto informar que errou feio. "A maioria das pessoas que usam fraldas geriátricas atualmente não estão acamadas. Uma em cada 4 mulheres acima dos 35 anos tem escape de urina, e 90% delas são ativas: vão a shoppings, restaurantes, cinema, shows, saem para dançar", observa Ronaldo Art, diretor de marketing e sustentabilidade da Kimberly-Clark no Brasil, multinacional que fabrica os absorventes mais conhecidos do mercado, além de uma série de produtos de cuidados pessoais.

A empresa pretende derrubar tabus que rondam a maturidade investindo em diálogos abertos sobre o assunto - da mesma forma que vem fazendo ao abrir canais de comunicação sobre a menstruação, por exemplo. Intimus, marca de absorventes da companhia, atua para ajudar a diminuir o impacto da pobreza menstrual trazendo questionamentos ao estigma da menstruação. Para isso, apoia, na Bahia, o projeto Escola de Liderança para Meninas, que aborda temas como autocuidado e saúde menstrual, e que já impactou mais de 560 mil vidas desde 2020.

Agora é a vez de mirar um público que está se escondendo por conta de uma questão tão comum: os escapes de urina. No ano passado, a Kimberly trouxe ao Brasil sua marca global Poise, voltada para escapes, além de seguir com Plenitud, que também abrange produtos para incontinência urinária. As marcas decidiram apostar com força em campanhas voltadas para mulheres ativas que se deparam com este problema - e não falam sobre o assunto nem com os próprios médicos.

Na entrevista a seguir, Ronaldo Art explica um pouco sobre a importância de uma empresa que trabalha com cuidados tirar este assunto das sombras. Afinal, não há como negar: a população está envelhecendo.

***

Ecoa: A economia prateada é aquela que visa incluir e atender às necessidades de pessoas mais maduras. De que forma a Kimberly-Clark aposta nesta economia dentro de seu guarda-chuva ESG?
Ronaldo Art:
Segundo dados do IBGE, em 2020, o número de pessoas com mais de 60 anos ultrapassou o número de crianças no Brasil e deve dobrar até 2050. Esta economia, até 2030, deve gerar cerca de US$ 1 trilhão em dinheiro. É algo muito poderoso. Estas pessoas, independentemente da idade, podem ser ativas ou inativas. Hoje você tem jovens inativos e pessoas acima de 80 anos muito ativas. Então, um primeiro ponto é: uma empresa que tem o cuidado como essência precisa olhar para isso.

Ecoa: Qual o recorte que a Kimberly-Clark faz para esta questão?
Ronaldo Art:
Vamos amplificar os cuidados. Então, por exemplo, uma pauta é desmistificar o escape de urina. Temos duas marcas hoje que atendem escapes, de leve, a moderado e a mais intenso, com fraldas geriátricas. Quando eu falo este nome, imediatamente as pessoas imaginam alguém que está acamado, mas esta não é a realidade da maioria, que são mulheres e muito ativas. Fomos buscar essas mulheres porque descobrimos que 80% delas não comentam este assunto com ninguém, nem mesmo com seus ginecologistas.

Ecoa: O tabu pode fazer com que o problema se agrave.
Ronaldo Art:
Sem dúvida. Cerca de 60% destas mulheres, por exemplo, usam absorventes comuns, o que pode parecer uma solução, mas não é, pois a viscosidade da urina é diferente da menstruação. Portanto, isso causa desconforto e prováveis vazamentos. Com isso, vem a vergonha e consequentemente uma mulher que era ativa pode deixar de sair de casa. Portanto, temos, como empresa, mais do que a função de atender a uma necessidade. Temos uma função social de falar sobre o assunto e de cuidar destas mulheres.

Ecoa: Qual o significado de cuidado para vocês?
Ronaldo Art:
A gente define cuidado como uma melhor vida, um melhor uso de recursos naturais em um crescimento sustentável para organizar isso de uma forma tangível. Então dividimos este conceito em 4 frentes: 1. Planeta melhor: redução do consumo de água, plásticos, energia e papel. Nossas fábricas no Brasil desde 2020 têm zero emissão em aterros sanitários, então são frentes com resultados. 2. Produtos melhores: investimento em inovação para oferecer produtos cada vez mais sustentáveis. 3. Comunidade melhor: as marcas devem ajudar as comunidades a prosperarem. 4. Ambiente de trabalho melhor: compromisso com a diversidade, a inclusão, o bem-estar, a ética e os direitos humanos.

Continua após a publicidade

Ecoa: A Kimberly-Clark fabrica produtos descartáveis, como fraldas e absorventes, que são hoje considerados vilões ambientais. Como a companhia trabalha esta questão?
Ronaldo Art:
Temos diversas frentes que abordam este assunto e posso dizer que a inovação está no DNA da Kimberly. Estamos pesquisando e inovando em todos os segmentos. Quando falamos de uma fralda, por exemplo, não devemos olhar apenas o descarte e sim todo o processo de produção. Então reduzimos o uso da água em 34%, 90% de nossas embalagens são recicláveis, utilizamos 100% de fibras de celulose certificadas nos produtos, além de termos fábricas e centros de distribuição aterro zero desde 2020, ou seja, 100% dos resíduos gerados são reaproveitados de alguma forma. E temos um time global trabalhando em novidades tecnológicas cada vez mais sustentáveis que vão aparecer em breve.

Grupo Laces lança o primeiro ecossistema de salões sustentáveis do país

Cris Dios, sócia-fundadora do Grupo Laces, e Itamar Cechetto, CEO da empresa
Cris Dios, sócia-fundadora do Grupo Laces, e Itamar Cechetto, CEO da empresa Imagem: Augusto Bezerra

Imagine chegar em um salão de beleza que não tem nada a ver com aquelas luzes brancas, o cheiro forte de produtos químicos sintéticos, e o barulho ensurdecedor de secadores de cabelo. O cenário aqui mais parece o de um jardim: a construção é de madeira reciclada, há plantas descendo do teto como cortinas verdes, e o ambiente exala um perfume de óleos essenciais de vegetais nativos brasileiros. Antes de qualquer serviço, o cliente recebe uma massagem relaxante e os cabelos podem ser lavados com água reaproveitada da chuva.

Estamos em um dos salões do Grupo Laces, que funciona dentro do conceito de beleza limpa desde 1987, e que acaba de tornar o primeiro ecossistema de salões sustentáveis do Brasil. Com o projeto Bioma, a marca propõe a conversão de salões tradicionais em modelos do mesmo padrão Laces. O projeto, que nasceu há pouco mais de dois anos, já conta com 50 salões espalhados por todas as regiões do país.

Para se tornar um membro do Bioma, o salão precisa se adaptar - desde o visual mais orgânico, com plantas e verdes, passando por separação e reciclagem de resíduos, usar água e energia renováveis, e apenas produtos feitos pela fábrica do grupo em Curitiba, que são totalmente naturais, sem agentes químicos, corantes, conservantes ou petrolatos. Segundo Itamar Cechetto, CEO do Grupo Laces, os salões que entraram para o Bioma passaram a registrar um crescimento médio de 60% no faturamento nos primeiros 12 meses, captando, em média, 52 novos clientes por mês.

Continua após a publicidade

"O mercado de beleza limpa cresce 13,5% ao ano e deve chegar a US$ 30 bilhões de dólares até 2030. Os salões nos procuram porque os consumidores querem esta sustentabilidade nas técnicas e nos produtos que estão nas prateleiras", diz Cechetto, que criou o Índice Laces de Sustentabilidade, neutralizando 100% do carbono do ecossistema. Com um sistema ESG já avançado, a empresa pretende protagonizar e puxar estas estratégias em todo o setor.

O Grupo Laces é um pioneiro em beleza limpa no Brasil. Tudo começou em 1920, quando o barbeiro naturalista espanhol José Manoel Domingos Dios trouxe ao Brasil suas técnicas de trabalho que usavam ervas medicinais para tratar doenças do couro cabeludo. Sua filha, a também cabeleireira Mercedes, fundou o Laces e seguiu na mesma esteira, utilizando produtos naturais feitos em casa. A neta, Cris Dios, tornou-se cosmetóloga natural e passou a desenvolver novos produtos - e assim o grupo ganhou escala. Em 2010, Cris lançou a primeira marca de cosméticos orgânicos com certificado de fabricação no Brasil e começou a expansão dos salões com técnicas cada vez mais ambientalmente responsáveis.

Desde 2006, por exemplo, os salões Laces utilizam a ferramenta Roll Meches - própria para fazer mechas e reflexos de forma reutilizável - em substituição ao papel alumínio comum em salões convencionais. Com isso foi evitado o descarte de cerca de 12,5 toneladas de alumínio no ambiente. Só para se ter uma ideia, para fazer clareamento nos cabelos, a cidade de São Paulo descarta diariamente, em seus 65 mil salões, 15 toneladas de papel alumínio.

Os números ilustram que a importância da descarbonização dos salões de beleza deve ser levada em consideração. Estes estabelecimentos fazem parte da cultura nacional - tanto que, em cada esquina do país, por menor que seja o bairro ou a cidade, é possível encontrar pelo menos um salão. De acordo com o Sebrae, de janeiro a setembro de 2024, o Brasil registrou a abertura de mais de 170 mil pequenos negócios do setor, incluindo cabeleireiros, manicures, pedicures e lojas especializadas em cosméticos. Isso representa uma média de cerca de 700 novos estabelecimentos por dia, ou quase 30 por hora. "Quando você converte um salão para a beleza limpa o impacto atinge toda a comunidade, de profissionais até as clientes, que ganham outros valores", diz Cris Dios.

Itamar Cerchetto chama a atenção para a relevância da educação e da virada de chave na mentalidade dos profissionais, que devem aprender a olhar toda a jornada dos negócios e não apenas o desejo de representar ou ter um produto importado nas prateleiras. "Os produtos do salão devem representar e valorizar nossa cultura e matérias-primas. Não basta dizer que é vegano: um shampoo com gasolina também pode ser vegano", conclui.

Método de construção a seco economiza água e alivia o calor

Construção Light Steel Frame, método sustentável a seco que usa perfis de aço para as estruturas
Construção Light Steel Frame, método sustentável a seco que usa perfis de aço para as estruturas Imagem: Divulgação/Grupo Innova Steel
Continua após a publicidade

Com este calor que vem fazendo digno da superfície de Mercúrio, uma casa fresca se tornou o mais recente objeto de desejo da humanidade. Portanto, quem pretende fazer uma obra precisa procurar novas tecnologias antes de botar tijolo por tijolo - caso contrário, em breve, terá a sensação de morar dentro de um forno de pizza.

Uma ideia inovadora de construção é a proposta pelo Grupo Innova Steel, os pioneiros a trazer dos Estados Unidos o Light Steel Frame, técnica de construção a seco que, além de economizar água, possui a vantagem de oferecer isolamento térmico e acústico.

O método utiliza elementos pré-fabricados, como placas de aço recicláveis, para montar estruturas de encaixe, que são fixadas por parafusos, não necessitando o uso de argamassa, concreto molhado ou colas tóxicas. Enquanto uma construção de alvenaria consome 500 litros de água por metro quadrado, a construção a seco consome apenas 5.

"Como a carga é distribuída na estrutura, não é preciso uma perfuração profunda no solo. O aço que fica nesta estrutura pode ser reaproveitado e tem uma durabilidade de cerca de 100 anos. Tudo é fixado como um Lego gigante", explica Caroline Siqueira, fundadora e Vice-Presidente do Grupo Innova Steel.

Bem no meio da parede é que vem o pulo do gato: o isolamento termoacústico. Este recheio pode ser preenchido por lã feita de rochas vulcânicas, de vidro ou ainda de garrafas PET recicladas - tudo vai depender da escolha do cliente. Um espaço é deixado para troca de calor e o resultado é uma temperatura ambiente mais agradável que, segundo o fabricante, chega a economizar cerca de 30% do ar condicionado em dias de calor. Por fim, é colocada uma chapa de ultra wall que diminui cerca de 3% os ruídos. Segundo Caroline, uma construção como esta chega a ficar pronta em 24 horas - utilizando um terço da mão-de-obra.

"O Light Steel Frame atende a todas as normas de resistência a fogo e impacto. A estrutura é a prova de fissuras, pois é flexível e acompanha possíveis movimentações. Assim, a construção gera menos manutenções, portanto menos gastos com materiais", explica a executiva.

De acordo com Caroline, o método já é muito comum em outros países - apesar de ainda pouco divulgado por aqui. Porém, a necessidade de escolhas mais sustentáveis na construção civil - um dos setores que mais emitem no mundo - vem mexendo neste ponteiro. Dados da Associação Brasileira da Construção Metálica (ABCEM) mostram um crescimento de 60% no uso da tecnologia no país nos últimos anos. O Grupo Innova Steel também registrou o crescimento expressivo de 117% de agosto de 2023 ao mesmo período de 2024. Seu portfólio conta com clientes como Amazon, Coca-Cola, Hospital Albert Einstein, entre outros.

"Além de ser mais durável e sustentável, a construção em Light Steel Frame não é mais cara. Com esse tipo de material, o valor não sofre alterações ao longo da obra, como é recorrente na construção tradicional. Uma casa de cerca de 46 metros chega a custar R$ 189 mil, incluindo acabamentos", finaliza.

Continua após a publicidade

Dica de edital

Imagem

7ª edição do Edital LGBTI+ Orgulho

O Itaú Unibanco, Itaú Viver Mais e Instituto Mais Diversidade lançam a sétima edição do Edital LGBTI+ Orgulho, uma iniciativa com objetivo de financiar projetos voltados à visibilidade, segurança e respeito à comunidade LGBTQIA+. Com inscrições abertas de 25 de fevereiro a 31 de março, a edição destinará R$ 645 mil para 14 projetos selecionados. Mais informações aqui.

Reportagem

Texto que relata acontecimentos, baseado em fatos e dados observados ou verificados diretamente pelo jornalista ou obtidos pelo acesso a fontes jornalísticas reconhecidas e confiáveis.

Deixe seu comentário

O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Leia as Regras de Uso do UOL.