Sustentabilidade pode ser tratada com mais (bom) humor, diz estudo

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Não perder a piada (sem perder o amigo) é um talento - até mesmo quando estamos falando de assuntos sérios, como mudanças climáticas. Boas doses de humor podem fazer com que mensagens complexas sejam absorvidas com mais facilidade, gerando mais engajamento do público.
Esta é uma das conclusões do estudo inédito Crise & Riso, lançado pela WALK, iniciativa da agência de publicidade Droga5 São Paulo para impulsionar as plataformas de impacto, em parceria com o instituto de estudos culturais float. O material propõe uma análise sobre o papel do humor nas discussões socioambientais, mostrando como o riso pode ser uma excelente ferramenta para construir novas narrativas de impacto e enfrentar crises.
"O humor pode aparecer como uma forma de trazer alívio a uma abordagem densa e tensa, que normalmente é necessária em comunicações sobre problemas sociais e ambientais. Ele também pode ser uma estratégia de escapismo para que o assunto abordado apareça como algo mais palatável do que assuntos ainda mais densos ou até desinteressantes", diz um trecho do estudo.
Segundo Gabriela Rodrigues, Chief Impact Officer (CIO) da Droga5 São Paulo e fundadora da WALK, o humor nos ajuda a reter aquelas questões meio difíceis de digerir. "Os memes são um bom exemplo: discutem problemáticas sociais e ambientais com graça e furam a chamada bolha fechada onde só entra quem entende o assunto profundamente. Ao trazer apenas um assunto por vez, o meme convida à uma reflexão sem exigir que a pessoa seja um expert".
Vamos fazer um teste aqui. Quando falamos sobre mudanças climáticas estamos, no limite, dizendo que, se medidas não forem tomadas com urgência, existem chances reais de não haver condições de sobrevivência humana no planeta. Estamos falando de extermínio. É sério, é grave e é real. Não é brincadeira.
Mas será que não podemos dizer a mesma coisa de um jeito menos sisudo? Possivelmente. O portal humorístico Porta dos Fundos, por exemplo, arrancou gargalhadas ao mostrar como um criminoso, chefe do tráfico de drogas, estaria se preocupando com a sustentabilidade de seu "negócio", evitando o plástico ao embalar drogas e a fumaça de gases poluentes.
"Quando falamos de sustentabilidade, há sempre um receio de usar o humor. O ativismo coloca uma certa barreira, diz que o humor esvazia a pauta, acha que é de mau gosto, e é errado brincar com coisa séria. Isso acaba criando um muro que faz com que a gente não discuta o que deveria ser discutido", observa Gabriela.
Segundo análise da executiva, o principal tipo de humor usado para abordar temas relativos ao ESG é a ironia. É interessante, tem potencial de atrair engajamento, porém, há um problema: ele separa as pessoas que conhecem o assunto e exclui quem não sabe do que se trata. É o famoso "entendedores entenderão".
"A piada só tem graça se todo mundo puder rir. Sem isolar ninguém. O planeta tem uma urgência que pede que encontremos novas ferramentas de comunicação. E não apenas ficar pregando para convertido. Precisamos testar novos formatos - o que tem até aqui está deficiente. Não temos mais tempo. O objetivo é maximizar as ferramentas e não fechar canais", conclui Gabriela.
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