Mariana Sgarioni

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Reportagem

Compliance faz parte da governança, mas não é sinônimo de ESG

Alguns termos corporativos andam frequentando as redes ultimamente - e, convenhamos, causando uma certa confusão. A bola da vez é o compliance - estrutura importante da governança das empresas, mas que está longe, bem longe de ser a mesma coisa que ESG.

Para tentar jogar luz nestes conceitos que são tão determinantes para a vida saudável de uma organização, vamos separar o joio do trigo.

O compliance pode até estar na moda nos dias de hoje, mas ele não é novidade. A expressão, em inglês, vem do verbo "to comply" e pode ser traduzida como "agir conforme" ou "conformidade". Na prática, quer dizer agir conforme leis, regras, procedimentos, diretrizes, políticas internas ou externas.

"O início do compliance aconteceu a partir da grande depressão econômica da década de 1930, a maior crise financeira da história dos Estados Unidos, e que se espalhou pelo mundo. As empresas passaram a perceber que algumas informações precisavam ser publicizadas e as regras de compliance vieram estabelecer o que deve ser público, o que é correto, o que é conflito de interesses, o que não é. Começou no mercado financeiro, que é sempre quem lidera esse tipo de assunto", explica Yoon Jung Kim, advogada, conselheira, consultora, escritora e palestrante, com especializações em sustentabilidade, economia circular e lei anticorrupção.

Em suma, o trabalho do compliance é, basicamente, evitar que a empresa faça coisas erradas e que depois possa vir a ter que responder por estes erros. É um radar que fica ligado nos possíveis riscos e trabalha com 3 pilares: prevenção, repressão e correção.

E onde fica o compliance dentro de uma empresa? Na governança, ou seja, na letrinha G do ESG. A governança é um sistema maior, que engloba diversos outros pontos. De acordo com a definição do IBGC (Instituto Brasileiro de Governança Corporativa), "ela é formada por princípios, regras, estruturas e processos pelo qual as organizações são dirigidas e monitoradas, com vistas à geração de valor sustentável para a organização, para seus sócios e para a sociedade em geral". É o jeito como uma empresa governa, a forma como ela toma suas decisões, de que maneira ela pratica suas atividades.

"Muita gente também confunde compliance com governança porque uma das boas práticas da governança corporativa é ter um bom compliance que seja capaz de antever todos os riscos regulatórios e não deixar que nada de errado seja feito. Por exemplo: corrupção, trabalho análogo à escravidão, infração de regulação ambiental ou trabalhista, entre outros", observa Yoon.

E obviamente o guarda-chuva do ESG é bem mais amplo. Além da governança, onde o compliance está inserido, o ESG engloba processos que mensuram de que forma a sustentabilidade está sendo trabalhada, qual o impacto social da empresa, a equidade, os direitos humanos, o bem-estar da comunidade e funcionários.

"O compliance é evitar fazer errado; ESG é fazer o certo. A diferença parece tênue, mas é significativa. Compliance responde a riscos e obrigações regulatórias, enquanto ESG responde a pressões de investidores, consumidores e da sociedade. Compliance é um requisito mínimo; ESG vai muito além da conformidade legal", resume Yoon.

Reportagem

Texto que relata acontecimentos, baseado em fatos e dados observados ou verificados diretamente pelo jornalista ou obtidos pelo acesso a fontes jornalísticas reconhecidas e confiáveis.

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