Mariana Sgarioni

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Reportagem

Perfume sustentável usa dióxido de carbono retirado da atmosfera

Para tirar o planeta desta enrascada climática que vivemos, não basta diminuir as emissões de gases de efeito estufa. As inovações tecnológicas também vão ter que dar um jeito de remover os gases que já foram emitidos e estão pairando no ar - tal qual o trabalho das nossas amigas árvores, que, aliás, fazem fotossíntese gratuitamente desde que o mundo é mundo.

A empresa norte-americana Air Company inventou um jeito de fazer a mesma fotossíntese - só que em escala industrial. E com glamour: criou um perfume que usa nada menos do que CO2 retirado da atmosfera como componente.

A tecnologia, que foi patenteada pela organização, faz o seguinte: usando energia solar, o carbono é puxado do ar e entra num processo de destilação, onde é transformado em etanol, base da fragrância, que também leva óleos essenciais de casca de laranja, folha de figo, coração de jasmim, violeta, azaléia, almíscar em pó e tabaco. O perfume vem em embalagem totalmente reciclável e sem rótulo, para evitar o acúmulo de lixo. Cada frasco de 50 ml utiliza 3,6 gramas de CO2 que seriam liberados na atmosfera.

"Simplificando: estamos transformando o ar em perfume. Embora existam várias empresas que trabalham para armazenar o carbono capturado, nós o utilizamos para fabricar produtos disponíveis aos consumidores, utilizando um processo muito semelhante ao modo como as árvores transformam o dióxido de carbono em oxigênio e açúcar. Convertemos o excesso de dióxido de carbono em álcool que é utilizado em produtos como a nossa fragrância sustentável e outros produtos sustentáveis", explica texto da companhia.

A Air Company usa este mesmo processo, em que o dióxido de carbono é capturado com hidrogênio gerado por eletrólise, para fabricar diversos álcoois que são usados não apenas no perfume como também em outros produtos. Entre eles estão um tipo de vodka, SAF (Combustível Sustentável de Aviação), etanol, metanol e álcool para higienizar as mãos. No caso da vodka, a empresa afirma que remove meio quilo de CO2 para cada garrafa produzida. A fabricante garante que a bebida não tem açúcar, nem glúten, nem conservantes. E sugere que seja apreciada na natureza, longe da emissão de gases poluentes, e do estresse da vida urbana.

Um estudo publicado pelo Global Carbon Budget apontou que as emissões globais de carbono somente provenientes de combustíveis fósseis totalizaram 36,8 bilhões de toneladas em 2023.

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