Mariana Sgarioni

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Reportagem

O plano de Roberta Medina para o futuro do Rock in Rio

O ESG desembarcou de vez nos grandes eventos - e o Rock in Rio é pioneiro deste movimento. O festival, que acaba de celebrar 40 anos, nunca falou tão sério quando lançou a marca "Por Um Mundo Melhor": sua organização conta com um plano sócio-ambiental minucioso, que inclui patrocinadores e fornecedores, além de metas estabelecidas para 2030 alinhadas com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) das Nações Unidas.

A Cidade do Rock, aliás, foi palco neste mês do lançamento do Guia Diretrizes ESG para Festivais de Música, publicação com iniciativas para apoiar patrocinadores e organizadores de grandes eventos na implementação de boas práticas. Seguindo a agenda verde, agora o Rock in Rio prepara um show inédito em um palco flutuante, no rio Guamá, no Pará, para atrair a atenção do mundo para a COP 30 que acontecerá no Brasil no ano que vem. "Vamos mostrar que a floresta também é feita de pessoas", planeja Roberta Medina, vice-presidente de reputação de marca da Rock World, empresa que criou e organiza o Rock in Rio, The Town e produz o Lollapalooza. Confira a seguir a entrevista da executiva a esta coluna.

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Ecoa: Há uma jornada ESG em ascensão nos festivais de música no mundo inteiro. Podemos dizer que o Rock in Rio abriu essas portas?
Roberta Medina:
O Rock in Rio foi criado, em 1985, para dar voz a uma juventude que vinha da ditadura militar, e também para trazer um impacto econômico e social para a cidade do Rio de Janeiro. Em 2001, na terceira edição, surgiu a marca "Por Um Mundo Melhor", que levou parte da renda a projetos sociais, e, em 2006, assumimos compromissos ambientais. Fomos também os primeiros a ter certificações ISO e, há dois anos, temos relatórios de sustentabilidade.

Ecoa: Qual é o principal foco dos festivais neste momento?
Roberta Medina:
São várias as preocupações, mas eu quero que os festivais sejam cada vez mais inclusivos. Nosso papel é trazer as pessoas que não poderiam chegar aqui por diversas razões.

Ecoa: Qual o balanço desta última edição do Rock in Rio que terminou agora?
Roberta Medina:
Ainda não tenho números finais, mas temos um feedback emocionante de acessibilidade e inclusão. O público está cada vez mais diverso. Foi um evento de paz, onde milhares de pessoas se reuniram num espaço de segurança, todos foram acolhidos, não importa raça, religião, política. Aquele ambiente mostrou que isso é possível. E terminamos a edição iniciando um novo ciclo com os holofotes para a Amazônia.

Ecoa: Teremos um Rock In Amazonia?
Roberta Medina:
Não. Teremos um show flutuante, no rio Guamá, seguido de um documentário. Na verdade, o show é só uma desculpa para chamar a atenção do público para as pessoas que fazem a floresta ficar de pé e como ela é potente assim. E será um esquenta para a COP 30, de Belém. Vamos usar o poder de mobilização de Rock in Rio e The Town para atrair os olhares para esta causa tão importante. A música tem esta capacidade.

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Onde estão as mulheres CEOs nas maiores empresas do país?

Mais uma polêmica tomou conta das redes na semana passada. Desta vez, por conta de uma publicação infeliz (para dizer o mínimo) de um empresário do setor de educação. "Deus me livre de mulher CEO", declarou. A repercussão negativa foi tão forte que ele acabou renunciando ao próprio cargo dias depois.

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Obviamente a postagem não tem nenhum cabimento, uma vez que a competência para um cargo de CEO nunca foi definida por gênero. Porém, uma pesquisa recente trouxe dados desanimadores: o perfil que ainda prevalece nas lideranças da maioria das grandes empresas do país é o homem branco, sem deficiência, 45 anos ou mais, provavelmente cis e heterossexual. É o que aponta a edição 2023-2024 do Perfil Social, Racial e de Gênero das 1.100 Maiores Empresas do Brasil e suas Ações Afirmativas, do Instituto Ethos, lançado neste mês.

Os números são esmagadores. Em conselhos de administração, setor responsável pelas principais deliberações e decisões estratégicas do negócio, 81,4% são homens e 18,6% mulheres.

A pesquisa abrangeu as 1.100 maiores empresas do país e traz indicadores ainda mais preocupantes quando falamos de mulheres negras, que representam hoje o maior segmento da população brasileira. No quadro executivo, por exemplo, enquanto as mulheres brancas respondem por 23,5% dos cargos, as mulheres negras são 3,4%. E tudo parece ser uma questão de estratégia mesmo: 51,6% das companhias afirmam que têm metas orientadas para mulheres - entretanto apenas 7,4% para mulheres negras.

De acordo com Ana Lucia Melo, diretora-adjunta do Instituto Ethos, estes números relacionados à diversidade - um dos principais pilares ESG - estão muito abaixo do esperado. "Quando há mais homens em posições de liderança está claro quais os critérios, elementos e atributos que foram valorizados. É uma visão construída. As empresas precisam com urgência rever estes paradigmas", analisa.

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Empresário se inspira em peças de Lego para criar tijolos sustentáveis

Quem vê aquelas milhares de peças de Lego espalhadas pelo chão - ou já sentiu a dor de pisar nelas sem querer - não imagina que foi a partir de uma destas peças que o empresário Bruno Frederico teve a ideia de fazer nada menos do que tijolos. "Olhei para um Lego de 8 dólares que comprei para minha filha nos Estados Unidos e disse: 'Vou transformar estes 8 dólares em milhões'", lembra Bruno Frederico, CEO da Fuplastic, empresa fundada em 2016, que oferece soluções para a construção civil a partir de tijolos de encaixe feitos de plástico reciclado - parecidos com um Lego em tamanho gigante.

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A Fuplastic começou no mercado oferecendo estas peças modulares para parques solares. Em seguida, passou a fabricar caixas de passagem. Com o tempo, estas peças passaram a ser usadas também para a construção de lojas, quiosques e containers de grandes marcas como Havaianas, Mc'Donalds, Oakberry, Swift, Vivo, Chilli Beans, entre outras.

Em parceria com a ONG TETO Brasil, a Fuplastic começou a erguer casas populares e agora apresenta modelos de casas de alto padrão - todas construídas com toneladas de tijolos feitos de plástico retirado do meio ambiente. Somente em 2022, 4 milhões de quilos de plástico que iriam parar nos aterros e se transformaram em blocos para construção. Em parceria com cooperativas de catadores, este plástico é encaminhado para a fábrica, onde é limpo, triturado, aquecido e colocado em moldes de tijolos.

As estruturas montadas pela Fuplastic são baseadas na economia circular. Ou seja: não viram lixo jamais. "Mesmo que o projeto seja desmontado ele poderá ser reaproveitado e montado em outro lugar", diz Frederico.

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Dica de leitura

Sustentabilidade - Canibais com Garfo e Faca

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Autor: John Elkington

Editora: M. Books

Primeira grande obra do sociólogo inglês, criador do conceito "Triple Bottom Line", ou seja, a sustentabilidade por meio de três vertentes: prosperidade econômica, qualidade ambiental e justiça social. Neste livro, o autor destrincha este conceito e analisa como empresas poderão e deverão proceder para sobreviver com sucesso nos próximos anos.

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