Moletom do bem: Malwee refaz roupas que iriam parar no lixo
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Tecnologia, inovação e um toque de criatividade formam um combo difícil de dar errado quando o assunto é investimento em sustentabilidade. Depois de lançar uma premiada coleção de jeans usando apenas um copo de água, o Grupo Malwee decidiu apostar mais alto: uma coleção de moletom inteira produzida a partir de uma mistura de fios feitos de garrafas PET e da reciclagem de roupas que iriam parar no lixo.
O movimento DES.A.FIO, lançado em 2022, acaba de ser ampliado com quase o dobro de malha produzida com o fio reciclado, que leva 85% de fibras de roupas usadas, e 15% de poliéster de PET. "O impacto ambiental da indústria da moda é grave. Mas existe também um viés social importante", diz Gabriela Rizzo, CEO do Grupo Malwee, a primeira mulher no cargo desde o início da empresa, em 1968, assim como a primeira CEO que não faz parte da família Weege, a fundadora.
Na entrevista a seguir, a executiva fala sobre os desafios de assumir a gestão de uma indústria que conta com uma agenda ESG tão avançada, a potência de uma liderança feminina e o que significa a construção de uma jornada sustentável em um dos setores mais poluentes do mundo: a moda.
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Ecoa: A indústria da moda é a segunda mais poluidora do mundo. Como o Grupo Malwee vem trabalhando nesta frente?
Gabriela Rizzo: O Grupo Malwee é também uma indústria, que produz suas peças desde sua fundação. Portanto, a preocupação ambiental já existe na essência. Acredito que seja a única empresa da América Latina que produz com o mínimo de água e energia, por exemplo. O tingimento é natural, com corantes orgânicos, e sem o uso de químicos nocivos. Em todo o processo industrial, houve a substituição da energia convencional pela renovável, a estamparia foi digitalizada, a destinação dos resíduos têxteis foi remodelada. Um fio deve entrar na nossa malharia de um jeito e sair dali mais sustentável.
Ecoa: Como é este "fio do futuro"?
Gabriela Rizzo: É um fio que foi fabricado com 85% de roupas usadas e 15% de fibra de garrafas PET. Ele é todo desfibrado e forma a base para roupas de moletom. A coleção traz ainda o que chamamos de "cápsula fio do futuro", que são peças com processo de tingimento que usa 68% de água de reuso. Esta malha contou também com um amaciante de silicone feito com capinhas de celulares descartadas.
Ecoa: Você é a primeira mulher a assumir o cargo de CEO em uma empresa familiar. Como tem sido esta experiência?
Gabriela Rizzo: Eu já fazia parte do conselho da empresa e tinha responsabilidade pelo comitê de marca e produto. Então, já temos um relacionamento construído. Existe também uma política de estruturação de lideranças femininas na companhia: hoje 56% de mulheres ocupam algum cargo de liderança no Grupo Malwee e vejo cada vez mais a importância desta representatividade.
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Startup cria fórmulas inéditas que recuperam a pele de feridas e queimadas
A pele - o maior órgão do nosso corpo - é quase sempre a primeira vítima de tratamentos mais agressivos, como a radioterapia, que pode queimar, ou de processos cirúrgicos, que cortam e ferem. Lesionada ou inflamada, a pele causa dor e pode piorar o estado geral de um paciente - sem contar a auto-estima. Recuperar a derme o mais rápido possível pode determinar como será a resposta de um tratamento.
Esta é a missão da Pele Rara, startup que produz formulações inéditas que protegem e reconstituem mais rapidamente a pele de pessoas que estão passando por procedimentos de saúde delicados.
"Nossa ideia é ajudar pessoas que estão com a pele sensível não porque estão doentes e sim porque estão passando por um período de transformação na vida. Uma pele machucada dificulta a recuperação de um paciente que está sofrendo com outras doenças. Muita gente abandona o tratamento oncológico para cuidar da pele.
Quando esta pele melhora de aspecto e deixa de doer, a maioria dos pacientes acabam tendo alta mais rápido dos hospitais, por exemplo", diz Cyntia Nara Pereira de Oliveira, fundadora e CEO da Pele Rara, responsável por toda a pesquisa e desenvolvimento dos produtos.
Atualmente a Pele Rara conta com 5 produtos em seu portfólio, como hidratantes, sabonetes e a pesquisa com espumas líquidas, que são mais fáceis de aplicar em peles queimadas. Todos foram desenvolvidos a partir de ingredientes fitoterápicos naturais, sem solventes cancerígenos. Além de recuperar a derme, os produtos também previnem infecções e o aumento de lesões. Eles estimulam a síntese de colágeno, auxiliando a regenerar dermes que estão expostas porque tiveram a barreira danificada.
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Crianças podem aprender ESG na escola?
Sustentabilidade, justiça ambiental, equidade, diversidade. O mundo se depara com estas emergências e os currículos escolares precisam dar conta de como vão preparar as futuras gerações, que estarão no mercado de trabalho, para lidarem com estes temas. As questões ambientais, sociais e de governança, o chamado ESG, em pouco tempo já farão parte de todas as organizações, incluindo as governamentais. E será preciso preparar profissionais para esta realidade.
É o que acredita Karin Bruning, idealizadora do Play Recycling, um programa pedagógico inédito no Brasil, que leva conhecimentos e habilidades sobre assuntos sociais e ambientais a crianças a partir dos 3 anos de idade. Atualmente, o sistema está em implementação em 10 escolas particulares espalhadas no Brasil e na rede pública do município de Campos do Jordão (SP).
Segundo ela, a mentalidade ESG é de cooperação. E isto deve ser passado às crianças desde muito cedo. A sustentabilidade nos negócios permeia toda a grade do programa que traça a educação ambiental. E como isso acontece na prática da sala de aula? Impasses ou situações são colocadas para os alunos resolverem da melhor forma possível.
"Por exemplo: uma empresa hipotética precisa de sustentabilidade financeira. Existem parceiros com quem ela pode fazer negócio - entretanto, há formas de efetuar este negócio. Propomos jogos em que a criança escolhe obter sucesso trapaceando - ou não. Se ela trapacear, a professora vai analisar a situação e mostrar que a brincadeira não vai continuar. Portanto, isso não deve ser feito. Estes conceitos são longos e devem ser introjetados, pois o ESG passa pela ética. Tem aquela velha máxima: não faça com os outros o que não quer para você. Porque essa situação não se sustenta. Nem numa empresa, nem na vida", explica Karin.
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Dica de leitura
Capitalismo Stakeholder: uma economia global que trabalha para o progresso, as pessoas e o planeta
Autor: Klaus Schwab
Editora: Alta Cult
O autor é fundador do Fórum Econômico Mundial e responsável pela introdução do conceito "stakeholder" na década de 1970. Neste livro, ele pontua a necessidade de empresas, governos e indivíduos elaborarem respostas conjuntas para os problemas sociais e ambientais que enfrentamos. Para ele, a solução é um novo contrato social com responsabilidade compartilhada.
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