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Mari Rodrigues

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

O que aprendi em um show de drag queens no Uruguai

A colunista Mari Rodrigues e a drag queen uruguaia Gaby Garbo em uma casa noturna de Montevidéu - Arquivo pessoal
A colunista Mari Rodrigues e a drag queen uruguaia Gaby Garbo em uma casa noturna de Montevidéu Imagem: Arquivo pessoal

06/08/2022 06h00

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Este texto será rápido. Estou em viagem em Montevidéu, no Uruguai, e sobre ela falarei um pouco.

Uma noite procurei um lugar mais à vontade para curtir uma balada. Procurei um lugar, mas estava fechado. Cheguei então a este hotel, cheio de gente à porta e perguntei a duas drag queens, que pareciam pessoas simpáticas, do que se tratava o lugar.

Uma delas, que me explicou depois que seu nome, Mixtura, era uma brincadeira com a palavra em português, me explicou que aquela era uma festa LGBTQIA+, mas que estava um pouco cara e que se eu quisesse poderia ir a este outro lugar que ela iria mais tarde, que tinha show de drags.

A outra drag queen, Oddyssia, me ofereceu um gole da sua caipirinha, que não tinha aquele "a mais" da caipirinha brasileira. Elogiou meu bom espanhol e disse que o grupo de amigos iria para o lugar recomendado em breve.

Chego lá, e ainda está vazio, peço uma bebida e fico aguardando a meia-noite. Depois de trocar algumas palavras com o simpático barman do lugar, prestei atenção nas transformistas que chegavam. Todas muito bem produzidas e maquiadas. Uma, de barba e bigode, me lembrou Conchita Wurst.

Fui avisada de que o show iria começar. Sentei-me e esperei a entrada da apresentadora, que para minha surpresa soube que é uma mulher cis, e admirei ainda mais seu trabalho de drag.

Logo soube que se tratava de um concurso de drags, no melhor estilo RuPaul's Drag Race. Confesso que deveria prestar mais atenção aos trabalhos das drag queens, que sempre estiveram na cena e que fazem a noite LGBTQIA+ ser o que é hoje. Foi engraçado sair do país para poder apreciar essa arte tão trabalhosa.

Depois da apresentação/concurso, fomos para a pista de dança e troquei uma ideia com Mixtura. Disse-me que era estudante de artes visuais e que havia começado sua
hormonização há pouco tempo.

É interessante entender a diversidade de pessoas que se entregam à arte do transformismo:virtualmente qualquer pessoa, independente de corpo, orientação sexual ou identidade de gênero pode ser drag queen. E isso é muito bom.

No final fui convidada para outra festa, que pretende arrecadar fundos para pagar a mastectomia de um amigo do grupo. Quem sabe poderia replicar essa ideia para o Brasil e ajudar mais pessoas a retificarem seus registros ou mais? Vamos pensar.

Agora é hora de passear mais e descobrir mais rolês LGBTQIA+ na pacata cidade. Um beijo!