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Mari Rodrigues

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

Quando conseguiremos nos cuidar?

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Imagem: iStock

23/07/2022 06h00

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Depois de um tempo de molho, voltei a frequentar a academia. Não sou muito afeita a estes ambientes a meu ver muito narcísicos, mas até que tenho pegado gosto pelos exercícios. Sempre é falado na mídia da importância de se fazer atividade física para melhorar a saúde e a qualidade de vida, mas aí me vêm alguns questionamentos.

Muita gente infelizmente não consegue fazer nem uma caminhadinha. O capitalismo esgota, o cansaço bate, e falta tempo para cuidar de si. Não temos como julgar pessoas que não fazem exercícios por este motivo, pois seria necessária uma mudança radical na conjuntura para que sobre tempo.

Questão número dois: será que esse repentino interesse pelas atividades físicas, que nunca me apeteceram tanto, se deu mesmo pelo estado de necessidade existente ou seria uma forma de fuga das mazelas cotidianas? Será que nossas vidas estão tão ruins assim que ficar com dores corporais de tanto puxar ferro parece uma coisa boa? (risos)

Prefiro acreditar que para cuidar do mundo, daquelas pessoas que não conseguem se cuidar por causa de toda a situação do mundo, precisamos cuidar de nós. E o sistema tende a colocar isso como um privilégio, quando deveria ser um direito. Recuso-me a pensar que sou uma pessoa privilegiada por conseguir me cuidar minimamente. Mas as imposições diárias nos lembram desta triste realidade.

Ter qualidade de vida também implica em ter tempo para se cuidar. Jornadas extenuantes com metas absurdas e climas insensíveis não deveriam ser a norma padrão no mundo corporativo e sim uma disfunção a ser evitada.

Infelizmente, é utópico pensar que podemos ter um modo de produção mais humanizado e menos preocupado com a produtividade a qualquer custo. O rolo compressor vai continuar moendo disposições.