Topo

Mari Rodrigues

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

O desafio do jovem de hoje perante as crises

Grupo de jovens - iStock
Grupo de jovens Imagem: iStock

09/04/2022 06h00

Receba os novos posts desta coluna no seu e-mail

Email inválido

Esta semana, conversei com um casal de amigos de mais idade que eu e eles me disseram, entre outras coisas, que os jovens de hoje parecem um pouco sem rumo. Concordei em partes. Vou desenvolver um pouco melhor aqui.

Relembramos da época em que eu nasci. Escolhas erradas foram tomadas pelos governos da época e a hiperinflação corroía o poder de compra das pessoas. Lembro-me sempre de minha mãe, que falava da minha infância pobre: aqueles eram tempos de penúria para nós que não nascemos na riqueza. Faltava comida no mercado e os preços aumentavam diariamente.

Eis que tivemos alguns avanços sociais e econômicos. O fantasma da inflação parecia controlado, e finalmente conseguíamos ir ao mercado e encontrar comida. Minha irmã mais nova teve uma infância menos penosa que a minha ou de meus irmãos mais velhos. Assim como a nova geração, nascida depois de 2000, experimentou uma situação econômica um pouco mais favorável e enfrentou um pouco menos de problemas na vida.

Falarei bem longe de ser saudosista, porque acho que hoje temos mais abertura para tratar de temas que até então eram tabus, e a meu ver, mais consciência dos nossos direitos fundamentais enquanto cidadãos.

Porém, hoje enfrentamos uma crise que é econômica, mas também social e moral. As inversões de valores típicas da confusão que o sistema impõe principalmente aos jovens trazem desesperança e indignação. E os impede de formular estratégias de enfrentamento a essas crises.

Tendemos a pensar que, com a idade, nos tornamos mais experientes e mais propensos a conseguir lidar com as adversidades, enfrentando-as. Mas a realidade é que às vezes nos acomodamos, pelo cansaço e pela confusão que o sistema nos impõe.

Os jovens de hoje têm mais cabeça e mais ímpeto que os jovens que fomos. Podem estar com uma direção desfocada, mas também tivemos uma direção desfocada na nossa juventude. Hoje podemos ensinar esses jovens, a partir das crises que enfrentamos no passado, a enfrentar as crises que eles enfrentam atualmente, sem necessariamente tutelá-los; e podemos mostrar os caminhos possíveis, sem necessariamente guiá-los.