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Mari Rodrigues

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

Qual a visibilidade que queremos?

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Imagem: Getty Images

29/01/2022 06h00

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Hoje, 29 de janeiro, mais uma vez celebramos o Dia Nacional da Visibilidade Trans. Algo me inquieta bastante, e vou desenvolver aqui.

Recentemente, vi pessoas trans agindo de formas horríveis na faculdade: ameaçando colegas, sendo deselegantes com professores sem nenhum motivo aparente etc. Essas pessoas não me representam e tampouco representam o conjunto de pessoas trans. Porém, tudo que envolve a nossa população é carregado de valor simbólico, e aqui vemos como essas pessoas alimentam um estereótipo danoso para a nossa comunidade: o da travesti barraqueira.

Travesti barraqueira essa que protagoniza vários minutos de programas policiais de péssima qualidade, esquetes humorísticos de péssima qualidade, memes na internet de péssima qualidade... Até quando vamos alimentar algo que vai contra tudo que pregamos?

Sabemos que chutar os pés na porta tem o seu valor, afinal, tanto tempo de direitos e visibilidades em negação nos fez achar que tudo precisa ser ganho no grito. A revolução não será silenciosa, nem elegante. Mas enquanto ela não chega, porque as pessoas são facilmente manipuladas pelos estereótipos transfóbicos e nos odeiam (e incluo aí as pessoas ditas "progressistas"), precisamos mostrar o nosso valor além do grito.

O título da coluna de hoje reflete muito bem isso. Nossa visibilidade precisa ser canalizada para as coisas boas que fazemos: trabalhamos, atuamos, cantamos, empreendemos, facilitamos contatos, estudamos, fazemos exercícios físicos, levamos pão para nossas casas...

Termino esta reflexão com alguns questionamentos. Como podemos ressignificar os estereótipos sobre as pessoas trans? Como exaltar nossas qualidades? Como transformar isso em luta, não por tolerância ou aceitação, mas pelo estabelecimento de um mundo mais seguro para nós e para todo mundo?