Topo

Mari Rodrigues

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

Chovendo no molhado

Getty Images
Imagem: Getty Images

04/12/2021 06h00

Receba os novos posts desta coluna no seu e-mail

Email inválido

Esta semana, queria falar sobre o Dia Mundial de Combate ao HIV/AIDS, que foi relembrado no dia 1º, mas sinto que tudo já foi falado e que falar qualquer coisa sobre o tema seria chover no molhado.

No ano passado, falei sobre o fato de os jovens meio que ignorarem o tema; nas rodas de conversa, pouco se fala sobre esse vírus, como se tivesse virado um tabu novamente. Mais à frente, falei sobre uma pesquisa avançada de uma vacina que pode representar o maior marco de prevenção ao contágio pelo HIV até agora. Atualmente, fala-se na nova geração de medicamentos que aumentam a adesão ao tratamento e tornam mais pessoas indetectáveis, o que representa um perigo menor de contaminação.

Sabe-se também que a esmagadora maioria da transmissão se dá por pessoas que não sabem a sua sorologia, e é preciso entrar nas razões pelas quais essas pessoas não procuram saber se têm ou não o vírus. Mais que um dilema moral, trata-se de um desconhecimento sobre o próprio corpo, ou de uma falsa sensação de segurança ou de superpoder. Ninguém acha que pode acontecer consigo, mas acontece. E, às vezes, a pessoa pode descobrir tarde demais que esse superpoder nunca existiu.

As campanhas de prevenção, que no passado eram bastante presentes no nosso dia a dia, quase que sumiram, ou se reduziram a uma pauta moral que afugenta as pessoas. Temos governantes que enchem a boca para dizer que parar a (ainda que controlada) epidemia do HIV é um gasto exorbitante que não deveria ser atribuição do Estado.

Não dá para dizer se estamos perto da cura ou de um marco em que as transmissões são baixas. Podemos fazer uma analogia com a pandemia do coronavírus, marcada por inverdades e charlatanismos que tornam esse pesadelo cada vez mais longe do fim.

Ainda há inverdades e charlatanismos que impedem o fim da epidemia de HIV. Mas nem isso barrará o avanço da ciência, que espero que esteja próxima de descobrir um fim para essa escuridão.