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Mari Rodrigues

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

Que histórias podemos contar no Dia do Trabalho?

Diversidade e trabalho - Getty Images/iStockphoto
Diversidade e trabalho Imagem: Getty Images/iStockphoto

01/05/2021 06h00

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O ano é 2009. Tinha acabado de chegar a São Paulo, com vários sonhos na mala e com muito medo do que viria a acontecer na cidade grande. Mas certa de que não queria voltar à minha vida no Norte do país. Era meu primeiro emprego, numa época de bonança: precisava aproveitar aquele momento. Foi difícil. Os primeiros três anos foram extremamente complicados e achei que não conseguiria dar conta e teria que voltar para o Norte e começar tudo de novo.

Corta para 2021. Depois de quase doze anos no mesmo lugar, creio estar no melhor momento em minha carreira. Tenho algumas responsabilidades e sou reconhecida pela qualidade do trabalho que faço. Um privilégio em tempos tão difíceis: infelizmente, mais de 14 milhões de pessoas no Brasil não podem ter histórias boas como a minha para contar.

Entre estas mais de 14 milhões de pessoas, muitas pessoas LGBT+. Que enfrentam um obstáculo adicional à escassez de vagas: o preconceito, por vezes velado e por vezes explícito. Já comentei em outro artigo sobre a contratação de uma mulher trans no trabalho, e de como nos tornamos exemplos. Agora, essa mulher, com seu registro finalmente conforme, pode ter mais chances para encontrar o emprego que quiser, caso precise.

Hoje, primeiro de maio, Dia do Trabalho, recordemos aquelas pessoas que foram pioneiras em seus postos de trabalho e criaram um ambiente mais tolerante. E também aquelas pessoas que infelizmente ainda precisam esconder sua identidade para não perder o emprego. Recordemos a falta de políticas públicas de inclusão de pessoas LGBT+ no mercado de trabalho, seja com carteira assinada ou no empreendedorismo. E também as iniciativas que geram maior diversidade nos ambientes.

A luta por emprego e por melhores condições de trabalho é contínua e permanente. Especialmente no Brasil, que ainda tem muito a aprender no que concerne à diversidade no ambiente de trabalho, seja ela étnico-racial, de gênero, de inclusão LGBT+, de inclusão de pessoas com deficiência.