Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.
Lamentos por um país que deixou de trazer boas notícias
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Esta semana não tenho muita ideia do que escrever. Sinto que qualquer coisa que eu falar que não seja a dolorosa marca de mais de 260 mil mortos pela pandemia do coronavírus que foi atingida esta semana será fugir da realidade. A vontade de escrever com o fígado reina.
Me lembro que na segunda-feira, dia 8 de março, relembramos mais um Dia Internacional da Mulher. Com pouca coisa a comemorar. Os índices de violência contra a mulher dispararam em todo o mundo e isso continua uma tendência em 2021. Muitas mulheres perderam entes queridos ou mesmo a própria vida. Muitas tiveram seu acesso a redes de apoio dificultado.
Na semana passada, falei sobre mais uma mulher trans morta pela negligência e pelos padrões cada vez mais inalcançáveis para se conseguir respeito nessa sociedade moribunda. E nenhuma notícia boa me vem à cabeça para contrabalançar. Pedi ajuda, mas a inspiração não conseguiu vir, tamanha a desesperança.
Neste sábado, 6 de março, São Paulo passa a uma fase de fechamento mais restritiva. Nada comparável a um "lockdown" ainda, uma vez que lugares que deveriam fechar, como as escolas, permanecerão abertos, colocando professores, muitos do grupo de risco, na linha de frente da matança. E só consigo pensar nas pessoas que vão continuar sofrendo em suas casas, por viverem em famílias que não as aceitam. E na nossa saúde mental que permanecerá em frangalhos, até quase nos matar.
Porque querem nos matar de qualquer jeito. Porque nos odeiam, enquanto povo que pensa, ou que pode pensar. Vivemos em um país em que as boas notícias rarearam. Ou viraram um simulacro de uma falsa normalidade. O fígado ecoa. E o cérebro está cansado.
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