Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.
A sexualidade não nos torna pessoas imundas
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Há alguns dias, navegando numa página de mensagens anônimas, uma me intrigou bastante. Uma pessoa, aparentemente homossexual, confessou que se sentia imoral e suja quando fazia sexo virtual e se sentia muito mal por isso, ainda que as pessoas não a julgassem. Falei um pouco sobre essa figura da "pureza" que nos enfiam na cabeça para que sintamos culpa por sermos sexualmente livres, e disse que iria desenvolver melhor depois. Eis-me aqui.
A sexualidade é utilizada como instrumento de controle da população desde tempos imemoriais. Numa sociedade como a nossa, de forte influência cristã, a associação de uma vida sexual ativa ao pecado ficou muito forte, mesmo com o enfraquecimento do elemento religioso.
E isso se torna ainda mais complicado quando falamos de relações diferentes do padrão cis-heteronormativo. Se nessas relações, o sexo para fins que não sejam o da procriação são considerados pecaminosos, imagine quando tratamos de relações homossexuais: é uma "aberração" aos olhos dos religiosos.
E assim voltamos à mensagem inicial. Essa internalização da "imoralidade" que, em tese, seria se relacionar sexualmente, é o que mais querem para que pessoas diversas do padrão se sintam desconfortáveis com suas próprias existências. Querem que nos sintamos pessoas ruins e degeneradas.
Ora, se o desejo é mútuo e não incorre em nenhuma atitude criminosa, por que então se podar ou por que se sentir sujo? Tem muito a ver com essa moral religiosa do pecado, do ir para o inferno. E talvez a gente devesse perder um pouco o medo do inferno. Porque se esse deus condena a felicidade das pessoas, e faz com que elas se sintam imundas por dentro, talvez ele não seja tão misericordioso assim.
Respondi isso à pessoa que mandou a mensagem, e replico aqui: se sentir imoral pode ser uma realidade em seu psicológico, então enfrente esse pânico pelo bem do seu psicológico. Ninguém é uma pessoa pior por ter desejos sexuais. O conhecimento e a fruição da própria sexualidade têm um quê de político também, já que desafiam um sistema que a todo tempo reprime quem quer ser livre para se expressar. Como diria aquela música, "façamos, vamos amar"!
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