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Mari Rodrigues

Os valores que as pessoas LGBTI+ atribuem aos aniversários

Mari Rodrigues

04/07/2020 04h00

Quando este texto for publicado, já terei completado trinta anos de vida. E a pergunta que me vem à cabeça neste momento tão marcante é: como é fazer aniversário sendo uma pessoa LGBTI+? Que felicidades e que tristezas se passam pelas mentes das pessoas ao completar mais um ano de existência?

Para responder a essa pergunta, consultei várias pessoas amigas e não tão amigas para que me dissessem quais valores e simbologias elas atribuem a data. As respostas foram tão ricas e tão díspares entre si que precisarei de alguns parágrafos para desenvolver os pensamentos trazidos.

Há pessoas que adoram comemorar o aniversário, porque é um momento em que se pode reunir amigos e jogar conversa fora, entre outras coisas bacanas. É claro que com o advento da pandemia fazer isso tornou-se impossível, mas a internet ajuda: mesmo distantes fisicamente, na alma podemos ficar próximos.

Outras relembram nesta data traumas passados. Especialmente quando não se tem o apoio familiar adequado, completar um ano de vida pode ser uma atividade dolorosa. Às vezes, as pessoas acabam enfatizando o quanto se sentem solitárias e o quanto o tempo parece passar e elas parecem estar sempre no mesmo lugar, sem perspectiva.

Há também quem veja no aniversário uma forma de resistência contra o preconceito. Devemos lembrar que o Brasil é um dos países que mais mata pessoas LGBTI+, se não o primeiro na lista, e que nossa expectativa de vida é menor que a de pessoas cisgêneras heterossexuais, ligeira ou gritantemente. Viver mais um ano significa mais uma vitória numa luta que parece nunca acabar.

E você, Mari, o que acha? O que eu acho é: eu adoro comemorar aniversários, porque viver é muito bom, e saber que estou viva mais um ano, contrariando as estatísticas que querem me ver morta, é motivo mais que suficiente para uma comemoração e para receber as felicitações de quem nós gostamos.