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Mara Gama

REPORTAGEM

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Bauhaus verde para construir a nova revolução europeia

Fachada da escola Bauhaus em Dessau, Alemanha  - Bauhaus Dessau
Fachada da escola Bauhaus em Dessau, Alemanha Imagem: Bauhaus Dessau

Colunista do UOL

04/02/2021 04h00

Bauhaus verde para construir a nova revolução europeia

As cidades e as casas do pós-covid têm de ser mais inclusivas, acessíveis, sustentáveis e econômicas. O meio ambiente tem de ser mais protegido. Com essa perspectiva em mente e uma evocação à força transformadora da escola mais emblemática da modernidade, a União Europeia conclama designers, artistas, cientistas, arquitetos, urbanistas, planejadores, de todas as idades, a criar o futuro de forma colaborativa.

A iniciativa, batizada de Nova Bauhaus Europeia, é construir um laboratório de ideias e propostas para dar forma, através de projetos, às medidas estabelecidas no Green New Deal europeu, o grande acordo verde do continente, um roteiro para a neutralidade de carbono na Europa até 2050, através de mudanças para a economia de baixo carbono e ações de mitigação da crise do clima.

Anunciada oficialmente em 18 de janeiro, a Nova Bauhaus Europeia é parte do plano de recuperação do coronavírus de 750 bilhões de euros da UE. Terá três fases durará aproximadamente cinco anos. Na primeira fase, a comissão quer incentivar o diálogo entre os diversos criadores para identificar as necessidades e desafios mais urgentes na arquitetura e no planejamento urbano, através de um site projetado para facilitar o compartilhamento de sugestões.

Nossos atuais níveis de consumo de matérias-primas, energia, água, alimentos e uso da terra não são sustentáveis, disse a Presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen. "Precisamos mudar a forma como tratamos a natureza, como produzimos e consumimos, vivemos e trabalhamos, comemos e aquecemos, viajamos e transportamos", afirmou. A Nova Bauhaus seria uma forma de trazer o acordo verde para mais perto das mentes e lares das pessoas.

Em meados do primeiro semestre, na primavera europeia, as melhores propostas incluídas na plataforma e discutidas devem ser apontadas e receber prêmios de 30.000 euros.

Ainda este ano, as cinco ideias que forem desenvolvidas devem virar projetos-piloto e receber financiamento. Na fase dois, com início no fim de 2021 e duração de dois anos, serão implantados os projetos. E, na terceira fase, são apresentados os resultados para replicação em escala e em todo o continente.

A redução das emissões de carbono dos edifícios e das contas de energia é um dos principais pilares do Green New Deal e, por isso, o tema deve ser central para os projetos.

Cerca de 40% do consumo total de energia na União Europeia vem de habitações e edifícios, gerando 36% dos gases com efeito de estufa do setor energético.

Segundo dados da UE, há mais de 220 milhões de edifícios na Europa construídos no século passado, com problemas de isolamento térmico, uso de aparelhos obsoletos e gastadores de energia.

Ao mesmo tempo, cerca de 34 milhões de europeus (13% dos habitantes dos 27 países da EU) vivem na "pobreza energética": não têm dinheiro para sistema de aquecimento em casa.

Adaptar os edifícios antigos contra o desperdício energético é fundamental. Além dos ganhos a longo prazo nos objetivos climáticos, há os ganhos sociais, como o impulso a pequenas empresas de construção, afetadas pela atual crise da covid-19, a diminuição do desemprego.

A primeira Bauhaus foi criada em Weimar, na Alemanha, em abril de 1919, pelo arquiteto e designer alemão Walter Gropius. Era movida por um espírito reformista e alimentada pelos avanços tecnológicos que se seguiram à primeira guerra mundial. Seu objetivo era construir os materiais, objetos e projetos para a nova sociedade democrática. A Bauhaus, que quer dizer "casa de construção", foi obrigada e fechar em 1933, pelo governo nazista da Alemanha.