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Trudruá Dorrico

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

Amazoniando: Programa conta a presença indígena na Amazônia

A escritora Márcia Kambeba - Márcia Kambeba/Acervo pessoal
A escritora Márcia Kambeba Imagem: Márcia Kambeba/Acervo pessoal

26/01/2022 06h00

O Amazoniando é um programa de entrevistas criado para ser mais um porta-voz da causa indígena e dos direitos e humanos. Ele é apresentado semanalmente pela indígena multiartista, escritora e doutoranda no programa de pós-graduação em letras (PPGL-UFPA) Márcia Kambeba. O programa vai ao ar toda quinta-feira às 20 horas de Brasília com transmissão no Youtube.

Episódios que contam outras histórias

O primeiro episódio, lançado dia 20 de janeiro, teve como tema "Uma Belém Mairi", na ocasião do aniversário de 406 anos da capital paraense. A convidada foi a Drª. Ivânia Neves, coordenadora do programa de pós-graduação em letras da Universidade Federal do Pará (PPGL-UFPA).

Márcia Kambeba apresenta o Amazoniando, no Youtube - Divulgação - Divulgação
Márcia Kambeba apresenta o Amazoniando, no Youtube
Imagem: Divulgação

A professora, linguista e antropóloga compartilhou o conceito de EtniCidades Amazônicas, cunhado pela pesquisadora para pensar e refletir sobre a pluralidade étnica indígena e afro, presente nas cidades da Amazônia. Também, a pedido da apresentadora Márcia Kambeba, explanou o conceito de Territorialidades Indígenas, inferindo que a fundação da cidade de Belém continuou a prática colonial de ser fundada por homens europeus que violavam mulheres indígenas que viviam na região. Belém, nesse sentido, é um nome colonial que à medida que foi se estabelecendo apagou as origens indígenas, ainda que elas tenham sido fundamentais para a sua fundação. Outro fator é o apagamento do nome e da memória, pois antes de se tornar Belém, o território - que era constituído por outras configurações topográficas - era definido pelo povo Tupinambá, como Mairi.

Mairi significa "Terra de Maíra". Maíra é um ancestral presente nas cosmologias dos povos Tupinambá, Tembé, Guajajara. Maíra é quem ensina os povos originários o conhecimento das plantas e ervas medicinais, prática cultivada ainda hoje, diz Ivânia. Dessa forma, depreendemos que Mairi invoca uma configuração territorial dos povos indígenas, onde a reverência espiritual é intrínseca ao conhecimento medicinal.

O segundo episódio traz o tema "Línguas Indígenas" e será transmitido amanhã (27), quinta-feira, às 20h. O convidado e entrevistado é Welton Lavareda, doutor em letras pela UFPA.

Programas com protagonismo indígena

A empolgação desta colunista em ver um programa apresentado por uma mulher indígena denota a lacuna nas mídias brasileiras de apresentadores indígenas. A presença de corpos indígenas nas telas ainda não é a regra nas mídias convencionais. Quando um corpo indígena ocupa esse espaço em um programa, está lá reiterando a representatividade, bem como a necessidade de temas que defendem os povos originários no território nacional. Amazoniando trouxe no primeiro episódio uma outra perspectiva sobre a cidade de Belém, trouxe a partir da pesquisa, a perspectiva indígena e ancestral que reside na cidade Mairi, povoada de povos e sujeitos indígenas diversos. É uma mensagem que existimos também nas cidades.

Para acessar os canais do Amazoniando, clique abaixo:
Youtube: Programa Amazoniando
Facebook: Programa Amazoniando
Instagram: Amazoniando (@programaamazoniando) ? Fotos e vídeos do Instagram