A morte de Juliana Marins e o direito de sonhar livremente

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A confirmação da morte de Juliana Marins, dias depois de ficar isolada a 650 metros de profundidade ao cair durante uma trilha no Monte Rinjani, na Indonésia, não é apenas um doloroso retrato de negligência. É também o estopim de uma onda de crueldade de parte das reações nas redes sociais. "Por que ela foi fazer isso sozinha?", perguntam, com uma retórica perversa que tenta transformar a vítima em culpada.
A tragédia ressoa especialmente entre mulheres que viajam sozinhas. Aquilo que deveria ser celebrado como coragem e autonomia se transforma, frequentemente, em alvo de desconfiança e julgamento.
Juliana era uma mulher negra que realizava um sonho: fazer um mochilão pela Ásia, com sua coragem e seus próprios passos. A publicitária de 26 anos viajava desde o final de fevereiro com uma agência de turismo.
A trilha onde ela caiu seguia aberta a turistas durante as operações de resgate. Os serviços de salvamento demoraram, informações falsas sobre sua localização e sobre o envio de mantimentos foram repassadas a sua família, que ficou desamparada lidando com a angústia da espera e com versões desencontradas dos fatos.
A combinação de vulnerabilidade, omissão e desinformação tornou o sonho de Juliana em um pesadelo. E expôs o abismo entre o direito de sonhar e o direito de sobreviver.
A história dela exige mais do que luto: pede justiça e responsabilidade. É urgente cobrar das autoridades indonésias respostas claras, providências concretas e respeito à vida de cada turista. É preciso garantir que aventuras como a de Juliana sejam tratadas com a segurança e a dignidade que merecem.
Enquanto isso, fica a pergunta: afinal, quem pode sonhar em liberdade? E, mais importante, quem pode voltar vivo desse sonho?
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