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Eduardo Carvalho

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

A minha alma (A paz que eu quero) - parte 2

Cena do clipe "A Minha Alma", de O Rappa - Reprodução
Cena do clipe "A Minha Alma", de O Rappa Imagem: Reprodução

20/04/2022 06h00

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Ainda exausto, abalado e absolutamente tomado por incertezas. Sentimentos que mexeram comigo desde a manhã do último sábado (16), quando, junto de uma amiga, fui assaltado no Centro do Rio, exatamente na região da Lapa.

A cena se repetiu depois, com outras pessoas, como vimos parados por cerca de uma hora na delegacia, durante a realização do boletim de ocorrência. E deve estar correndo por agora, em alguma outra capital, circulando por mensagens em grupos de WhatsApp, que nos atualizam a cada momento sobre a movimentação das ruas. Há uma sobrecarga.

Entre sair pela noite ou mesmo de dia, para o trabalho ou para a cerveja, um possível encontro com os amigos, com um flerte querido ou mesmo para uma ação coletiva. As hipóteses são muitas, e o que fica girando na cabeça é justamente o fato de não saber ao certo se poderá voltar.

Quem fica e ouve o relato de quem esteve no front temendo a vida, guarda pra si a vontade de ir à rua, dando prosseguimento à sua rotina. A possibilidade de ficar trancado, restringindo o direito de ir e vir, receoso de que algo volte a acontecer.

Ontem foi o celular, recheado de fotos, documentos, contatos, coisas que não voltam mais. Mas que vivi, momentos que tenho guardado em mim.

Escolho o tema, de foro tão pessoal e trago para Ecoa com um objetivo: que projeto de cidade estamos propondo? Como se dá a noção de segurança em 2022? O que é ser seguro? Para dar sensação de quê? Pra quem? Como? Ah? Depois de quantos dias? Hein? Cuma?

Será que se houvesse uma ação mais forte da polícia ou guarda municipal o assunto estava acabado? Teríamos estado a salvo do assalto e uma rendição? Mais armas circulariam. Seria esta a forma de segurança cabível? E a punição? Como punir quem roubou, sabe-se lá para quê? A imponência.

O medo paralisa, apavora e choca. Insônia. Forço-me a pensar que o pior passou, enquanto encaro as falhas da política de segurança, entre muitas missões, ineficiências, ineficácias de um Estado e de uma sociedade. Dos políticos.

Ensejo um projeto de cidade e país melhor para todos nós, sem tirar nem pôr. Seguindo assim, sob um bom funk a nos embalar, enquanto viramos e somos reféns de canetas, armas e poderes que ultrapassam celas. Enterrando ou prendendo cada vez mais jovens.

Fico por aqui, sentado na poltrona, rolando as últimas notícias na timeline. Metalinguagem. A espera da flor, do pássaro branco e pelo sinal de dias melhores.

Eu acho isso. A esperança é a última que morre, e a minha não esmorecerá. Nunca.