5 motivos pelos quais 2025 é um ano decisivo para o oceano

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Se o ano só começa no Brasil depois do Carnaval, então está na hora de começar!
Se você passou alguns dias na praia nos últimos meses, deve ter sentido na pele que a temperatura do oceano segue batendo recordes. Dividimos a areia com cada vez mais plástico, e a perda de biodiversidade pode ser percebida até mesmo ao visitar qualquer peixaria. Agora, chegamos à metade da Década do Oceano da ONU e restam apenas cinco anos para cumprir os ODS (Objetivos de Desenvolvimento Sustentável). O ODS 14 - Vida na Água continua sendo o menos financiado de todos.
Neste contexto, 2025 é um ano central porque uma série de acontecimentos importantes estão prestes a sair (ou não) do papel. Aqui estão alguns dos principais momentos que definirão o futuro dos nossos mares:
1. O Tratado do Alto-Mar precisa sair do papel
Em 2023, após quase duas décadas de discussões, o Tratado da Biodiversidade Além da Jurisdição Nacional (BBNJ, na sigla em inglês), conhecido como Tratado do Alto-Mar, foi assinado por mais de 100 países. Trata-se de um acordo histórico para estabelecer regras e proteções para a maior área do planeta: as águas internacionais, que não pertencem a nenhum país e são mediadas pela ONU. Agora, o desafio é garantir sua ratificação por pelo menos 60 nações, para que entre em vigor. A expectativa é que a UNOC (Conferência da ONU sobre o Oceano), em junho, seja o palco para esse avanço.
2. Subsídios prejudiciais à pesca podem finalmente ser eliminados
Desde 2022, a OMC (Organização Mundial do Comércio) trabalha para eliminar subsídios que financiam a pesca ilegal, não reportada e não regulamentada. Esses incentivos incluem, por exemplo, o fornecimento de combustível para embarcações não reguladas ou que acabam pescando espécies ameaçadas. Para que o tratado entre em vigor, ele precisa ser ratificado por 111 países - até o início de 2025, 89 nações já haviam aderido, faltando apenas 22 para que a medida passe a valer.
3. O tratado global sobre plásticos segue em disputa
O oceano recebe entre 8 e 10 milhões de toneladas de plástico por ano e, se você frequenta o litoral, provavelmente percebeu o problema piorando. Desde 2022, um comitê internacional trabalha na criação de um tratado global para reduzir a produção de plástico virgem, eliminar plásticos de uso único e controlar produtos com químicos tóxicos. A previsão inicial era concluir o texto até o final de 2024, mas algumas potências - como China, Rússia e Arábia Saudita - insistem que a solução deve ser a reciclagem, ignorando o fato de que apenas 9% do plástico produzido mundialmente é efetivamente reciclado. Agora, a decisão final está prevista para agosto de 2025.
4. A mineração em mar profundo entra na reta final
O leito marinho abriga uma riqueza que tem atraído cada vez mais interesse geopolítico: os nódulos polimetálicos, ricos em minerais raros. A maior parte desses depósitos se encontra em águas internacionais, e, desde 2017, a Autoridade Internacional dos Fundos Marinhos (ISA) tem conduzido intensas negociações para estabelecer um Código de Mineração que regulamente a exploração mineral em alto-mar.
Agora, em 2025, a oceanógrafa brasileira Letícia Reis de Carvalho fez história ao ser nomeada Secretária-Geral da ISA, tornando-se a primeira mulher e a primeira latino-americana a assumir o cargo. Sua gestão terá de equilibrar pressões econômicas e científicas, enquanto enfrenta um desafio técnico, ambiental, político e ético sobre os rumos da mineração em águas profundas.
5. COP30: o oceano precisa de mais espaço no maior evento climático do ano
Parece absurdo, mas a COP (Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas) só passou a ter um pavilhão dedicado ao oceano em sua 27ª edição, realizada em 2022. Agora, com a COP30 marcada para novembro em Belém, no Brasil, as atenções se voltam para a Amazônia - especialmente em um momento em que se discute a exploração de petróleo na foz do Rio Amazonas. Além disso, ambientalistas se mobilizam para garantir que a COP não seja mais um evento dominado pelo setor de petróleo e gás.
O ano de 2025 pode marcar uma virada na governança dos oceanos ou apenas mais um capítulo de promessas vazias. Os desafios estão claros: garantir a ratificação de tratados essenciais, avançar no combate à poluição plástica, impedir subsídios predatórios à pesca e decidir os rumos da mineração submarina. São cenários difíceis em um mundo tão polarizado - mas que não seja por falta de pressão popular.
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