Fizeram História

Popó Vaz combateu LGBTfobia e abriu espaço para policiais trans

Por Juliana Domingos de Lima

Paulo Vaz foi um homem trans, influenciador, ativista pelos direitos da população LGBTQIA+ e investigador da polícia civil. Paulo, que era conhecido como Popó, morreu em 14 de março de 2022, aos 36 anos.
Reprodução/@popo_vaz
Mineiro de Belo Horizonte e formado em design de produto, Paulo prestou e foi aprovado no concurso da Academia de Polícia de São Paulo. Atuava desde 2018 na delegacia de Ibiúna, na Grande São Paulo.
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Ele era um dos poucos homens trans da corporação, onde contava ter tido uma recepção positiva dos colegas. Paulo queria mostrar que mais homens trans poderiam seguir a carreira policial.
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Em relação à orientação sexual, Popó se identificava como um homem gay e era casado com o youtuber PedroHMC. Em 2018, Paulo usou as redes sociais para apoiar um policial militar que sofreu ataques homofóbicos após aparecer em um vídeo beijando outro homem de farda no Metrô de São Paulo.
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Popó foi uma pessoa muito emblemática, porque fazia um ativismo cuidadoso, de pensar o afeto, de investir recursos inclusive próprios para ajuda de companheiros. Para além dos direitos que a gente luta tanto pra ter, o empoderamento individual tem um impacto de mudança na sociedade. E Popó fazia isso com pessoas trans masculinas com uma propriedade gigantesca

Symmy Larrat,
presidenta da Associação Brasileira de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis, Transexuais e Intersexos
Paulo realizou a transição de gênero aos 25 anos. "Acho que sou mesmo uma borboleta. Se me enrolar numa rede, fica parecendo um casulo. Mas lagarta nunca fui, jamais rastejei. Para falar a verdade, sou uma mistura de vivências", disse em uma entrevista ao Estado de Minas em 2019.
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A Polícia Civil de São Paulo investiga se mensagens de ódio induziram Vaz ao suicídio. Segundo um dossiê divulgado este ano pela Antra (Associação Nacional de Travestis e Transexuais), "a violência transfóbica, o discurso de ódio e uma ideologia antitrans têm crescido e ganhado muita força nas redes sociais desde 2014". Homens trans ouvidos por Ecoa também relataram que os ataques a Popó são "a vivência real" dessa população.
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Popó nos deixa um ensinamento: precisamos estar mais solidáries entre nós. Precisamos ouvir, prestar atenção em todos os sinais e nos acolher constantemente. Às vezes, a escuta tem uma potência muito grande, precisamos construir uma rede que não seja só militante, mas afetuosa, e fortalecer as que nós já construímos

Symmy Larrat,
Presidente da Associação Brasileira de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis, Transexuais e Intersexos
Caso você esteja se sentindo sozinho, angustiado, ansioso e pensando em suicídio, procure ajuda especializada como o CVV e os CAPS (Centros de Atenção Psicossocial) da sua cidade. O CVV funciona 24 horas por dia (inclusive aos feriados) pelo telefone 188, e também atende por e-mail, chat e pessoalmente. São mais de 120 postos de atendimento em todo o Brasil. O Mapa Saúde Mental disponibiliza uma lista de atendimentos psicológico e psiquiátrico, gratuitos, em todo o Brasil, online ou presencial.
Publicado em 26 de março de 2022.
Reportagem: Juliana Domingos de Lima

Edição: Fernanda Schimidt