Ato em BSB

Lázaro, Mercury, Malu Mader e mais alertam sobre PLs: 'devemos honrar a terra'

Por Janaína Camelo

Liderados por Caetano Veloso, grandes nomes da cena artística brasileira e representantes de movimentos sociais viajaram a Brasília nesta quarta-feira (9) para pressionar parlamentares a vetar projetos antiambientalistas em trâmite no Congresso Nacional.
Reprodução/Instagram @midianinja
O conjunto de propostas, que inclui liberação de novos agrotóxicos, anistia a grileiros, flexibilização nas regras de licenciamento ambiental e exploração de minérios em terras indígenas, está sendo chamado pelos ativistas de 'Pacote da Destruição'.
Sergio Lima/Folhapress
O Ato pela Terra incluiu a entrega de um manifesto ao presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, assinado por 230 organizações defensoras do meio ambiente, e shows de protesto sobre um trio elétrico em frente ao Congresso Nacional.

Veja a seguir alguns destaques do que foi dito por artistas e outros participantes do evento:
Janaína Camelo

"Muitos artistas que não se vêem agindo por motivação explicitamente política se reconhecem na causa ambiental. Ouso dizer que isso se deve à natureza abrangente e mesmo sublime da questão ecológica. Um artista pode ser indiferente à definição de esquerda e direita (...), mas eles veem na causa ambiental a totalização da inspiração e a responsabilidade do equilíbrio - como nas formas da arte."

Caetano Veloso,
cantor
Sergio Lima / AFP

"Estamos juntos para pedir ao presidente que freie a aprovação a esse PLs. (...) A gente está aqui pra dizer que a sociedade não concorda. A gente não vai deixar isso acontecer. Estou aqui como artista no mundo lutando pelo meu país, com muito orgulho."

Daniela Mercury,
cantora
Reprodução/Instagram @midianinja

"[Estar aqui] É uma forma de a gente mostrar pra sociedade que a gente está com vontade, que funciona, e que dá pra fazer ativismo para além das redes sociais."

Bela Gil,
chef e apresentadora
Divulgação/Observatório do Clima

"Nós vamos ter que nos responsabilizar sobre isso, não só pelos nossos netos, mas pelas outras gerações que virão. Peço profundamente que escutem esse apelo. Devemos cuidar desse planeta e cuidar da nossa Amazônia, porque ela é nossa sim, está sob nossa guarda."

Christiane Torloni,
atriz
Divulgação/Observatório do Clima

"Esse é um momento em que a gente está buscando visibilidade pro tema, para todo mundo se informar adequadamente, para não votar de forma precipitada e talvez com danos irreversíveis não só para o Brasil, mas para o planeta. A intenção desse dia de hoje é fazer com que a sociedade preste atenção nisso que está acontecendo e adie a votação dessas PLs."

Lázaro Ramos,
ator
Janaína Camelo

"Deveríamos honrar a terra. Da terra é que vem nosso alimento. Das águas é que vem a nossa vida. Como é que a gente está jogando tudo isso fora? Em nome de quê?"

Malu Mader,
atriz
Reprodução/Instagram @guajajarasonia
No público, era possível encontrar pessoas de diversas idades e formações. As amigas Cida Alves, Marta Silva e Cleide Santos vieram de Goiânia para participar do ato.

"É a rua, é a participação direta que faz mover as nossas políticas, as nossas intervenções públicas. E aqui hoje está fantástico. Isso aqui vai repercutir muito", disse a psicóloga Cida a Ecoa.
Janaína Camelo
Patricia Colela, socióloga moradora de Brasília, compareceu ao ato com amigas que participaram do movimento de 68 contra a ditadura.

"Essa é uma pauta de importância não só nacional, mas também internacional, que é a sobrevivência do planeta. 68 foi um movimento crucial no país, complicado, com muita repressão. E acho que hoje estamos num outro momento crucial", acredita.
Janaína Camelo
"Soube do movimento pelas redes sociais e vim porque apoio muito a causa. Só a nossa presença aqui já é uma forma de fazer algo", contou o brasiliense Richard Roberto, analista de sistemas.

"Agrotóxicos poluem solo, poluem água. Estão matando a gente e o pessoal tá parado. Não está fazendo nada. Fico revoltado com isso", completou.
Janaína Camelo
"Articulamos com os estudantes da faculdade de agroecologia a vinda ao ato. Acredito que o exemplo seja a melhor ferramenta pra icentivar e estimular a participação popular", disse Ivan Medeiros, 30 anos, engenheiro florestal e professor de agroecologia do DF.

"Os bens naturais são finitos e a gente já alcançou essa capacidade de suporte. Anos atrás a agroecologia era tida como alternativa a essa forma predatória e exploratória. Já hoje, é a única possibilidade."
Janaína Camelo
"Estamos fazendo aqui, com esse ato, um debate com a sociedade sobre as contradiçãoes do agronegócio, em especial sobre o agrotóxico", explicou Jaqueline Pivatto, representante da Campanha Permanente contra os Agrotóxicos e pela Vida, uma das organizações que assinou o manifesto entregue ao presidente do Senado.

"É uma série de alterações que trazem muitos riscos, com produtos cancerígenos entrando no país", completou.
Janaína Camelo
Publicado em 10 de março de 2022.
Reportagem: Janaína Camelo
Edição: Ana Prado