Ganhou R$ 6 milhões

Greta quer ajudar Amazônia com dinheiro de prêmio milionário

A ativista sueca Greta Thunberg, 17, venceu o prêmio Gulbenkian para a Humanidade e vai receber 1 milhão de euros (R$ 6 mi). O dinheiro será investido em projetos de combate à crise climática.O prêmio Gulbenkian acontece anualmente em Portugal. Greta foi escolhida entre 136 nomeações.
A jovem anunciou que vai doar cerca de R$ 600 mil à campanha SOS Amazônia, da organização Fridays For Future Brazil, que luta pelo combate do coronavírus na região.
Reprodução/Instagram Greta Thunberg

A forma como Greta Thunberg conseguiu mobilizar as gerações mais novas para a causa do clima e a sua luta tenaz por mudar um status quo que teima em persistir, que fazem dela uma das figuras mais marcantes da atualidade".

Jorge Sampaio,
ex-presidente português e membro do comitê de premiação

A trajetória de Greta e sua relação com o Brasil

Greta Thunberg se tornou uma das ativistas mais jovens e importantes na luta contra as mudanças climáticas. Nascida em janeiro de 2003, em Estocolmo, na Suécia, ela conta que ouviu falar pela primeira vez sobre os efeitos do aquecimento global aos 8 anos.
Reprodução/Instagram Greta Thunberg
Greta se sentiu revoltada com a negligência de adultos em conter os impactos das mudanças climáticas. Com dificuldades de convívio social, Greta viu seu ativismo ganhar forma anos depois, quando uma depressão a impediu de frequentar a escola.
Svante Thunberg, pai de Greta, descreveu o período como um pesadelo: ela chegou a parar de falar e se recusava a comer. Aos 11 anos, Greta recebeu o diagnóstico de Síndrome de Asperger, condição que se enquadra no espectro do autismo.
Reprodução/Teen Vogue
Caracterizado por Greta como um "superpoder", a Síndrome de Asperger" pode causar algumas dificuldades de socialização, alterando como as pessoas interagem uma com as outras e como enxergam o mundo.

Eu tenho Asperger e isso significa que, às vezes, eu sou um pouquinho diferente. E dadas as circunstâncias, ser diferente é um superpoder".

Greta Thunberg
Reprodução/Instagram Greta Thunberg
Após receber o diagnóstico de Asperger, Greta passou a contar ainda mais com o apoio da família e se dedicou aos estudos. Foi aí que surgiu o interesse por assuntos ligados ao meio ambiente.
Reprodução/BBC
Depois de convencer os pais sobre os efeitos da crise climática, Greta retornou à escola, mas fez um combinado de deixar de ir às aulas toda sexta-feira para protestar em frente ao parlamento sueco. Aos 15, Greta dava seus primeiros passos como ativista global.
Reprodução/Instagram Greta Thunberg
O protesto, que começou solitário, com a adolescente segurando um cartaz que dizia "Skolstrejk för klimatet" (greve escolar pelo clima) ganhou o mundo.
Reprodução/Instagram Greta Thunberg

O que eu estou perdendo na escola? Os fatos não importam mais. Se os políticos não estão ouvindo os cientistas, então por que eu deveria aprender??

Greta Thunberg,
ao "The Guardian" sobre críticas por ela faltar às aulas
A pequena ação de Greta em frente ao parlamento motivou a criação do movimento Fridays For Future (sextas-feiras pelo futuro), que levou milhares de estudantes às ruas, inclusive no Brasil.
Joe Klamar/AFP
Greta, então, tornou-se uma referência mundial. Em 2019, foi convidada para a Conferência do Clima da ONU, em NY, mas se recusou a pegar um avião pelas emissões de carbono. O trajeto virou uma viagem transatlântica de 14 dias em um veleiro "zero carbono".
Reprodução/Instagram Greta Thunberg
A ativista chegou a ser eleita personalidade do ano pela revista Time. A estudante sueca foi a pessoa mais jovem a ser indicada individualmente ao título.
Divulgação/Time
Greta também chamou a atenção por cobrar, em seus discursos, ações de líderes internacionais contra as mudanças climáticas e responsabilizar os adultos por não fazerem o bastante para proteger o meio ambiente.
Lucas Jackson/Reuters

Vocês roubaram meus sonhos e minha infância com palavras vazias (...). Vocês ainda se aproximam de nós, jovens, para ter esperança. Como ousam? As pessoas estão sofrendo e morrendo. Estamos no início de uma extinção em massa e tudo o que vocês falam gira em torno de dinheiro e um conto de fadas de crescimento econômico eterno"

Greta Thunberg,
durante discurso na Cúpula do Clima na ONU, em 2019
A cobrança incisiva por ações de líderes mundiais colocou Greta no alvo de notícias falsas e ataques pessoais. Nos EUA, Donald Trump chegou a dizer que ela deveria trabalhar em seu "problema de controle da raiva, depois ir a um bom e velho cinema com um amigo".
JONATHAN ERNST
Greta fez piada ao mudar sua descrição nas redes sociais para "uma jovem trabalhando no controle de sua raiva". O mesmo aconteceu quando Bolsonaro a chamou de "pirralha", após críticas ao desmatamento e à morte de indígenas brasileiros.
GUGLIELMO MANGIAPANE
A jovem havia denunciado o Brasil na ONU por não fazerem o suficiente para impedir o aquecimento global. A denúncia, de Greta e mais 15 jovens ativistas, também incluiu outros países, Alemanha, França, Brasil, Argentina e Turquia, acusados de não cumprirem suas obrigações sob a Convenção dos Direitos da Criança, assinada há 30 anos.
Reprodução / Internet
Outra crítica de Greta ao Brasil foi com com relação a postura do ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, que em reunião ministerial sugeriu "passar a boiada" e "simplificar normais" ambientais durante a pandemia.
Reprodução

Imagine só as coisas que foram ditas longe das câmeras. Nosso futuro comum é só um jogo para eles #salvemaAmazônia.

Greta Thunberg,
em resposta à declaração de Ricardo Salles
Recentemente, Greta chegou a gravar um vídeo pedindo ajuda internacional a Manaus após apelo feito pelo prefeito, Arthur Virgílio Neto (PSDB). O estado é um dos mais afetados pela pandemia.
SUSANA VERA

Manaus é o coração do que você conhece como a floresta amazônica. A consequência da morte dos povos da Amazônia e da destruição da floresta amazônica serão globais".

Greta Thunberg,
em pedido de ajuda a Manaus
Publicado em 21 de julho de 2020.
Reportagem: Diana Carvalho
Edição: Fernanda Schimidt