Como fazer

Aprenda como não ser racista em 7 passos didáticos

"O Rodolffo fez uma piada comparando a peruca do monstro ao meu cabelo", comentou o participante do BBB 21 João na segunda-feira (5) durante uma dinâmica. Naquele momento, emocionado, o professor de geografia expunha que havia ficado chateado com o comentário do cantor sertanejo que comparou seu cabelo à fantasia de homem das cavernas.

A acusação foi o suficiente para que a internet entrasse no debate: a fala de Rodolffo foi mesmo racista como foi colocado no programa? Sim, foi. Pensando nisso, Ecoa criou esse guia para explicar de maneira didática o que você pode fazer para não ser racista.
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"Mas foi só uma piada"

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Nosso humor é reflexo do contexto cultural no qual vivemos. Assim, estereótipos racistas que estão presentes na sociedade como um todo muitas vezes aparecem em uma ou outra piada.

Uma das formas de não cair nessa é ficar esperto e esperta aos sinais que podem demonstrar que uma comparação ou uma piada são ofensivas para determinado grupo. Ouvir o que esses grupos têm a dizer é um primeiro passo. E, claro, não fazer piadas e brincadeiras reforçando estereótipos também é importante.

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O humor racista permite que estereótipos negativos sobre minorias raciais circulem de forma incessante, o que contribui para que estigmas afetem todos os aspectos da vida dos indivíduos

Adilson Moreira,
Especialista em Direito Antidiscriminatório, citação do livro Racismo Recreativo
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"Mas eu não tive a intenção de machucar ninguém"

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O racismo, para acontecer, não precisa de intenção, ele está no inconsciente. Segundo o professor e advogado Silvio Almeida, no livro "Racismo Estrutural", o racismo integra as organizações políticas e econômicas da sociedade e, dessa forma, se porta como uma manifestação normal, algo que "não é um fenômeno patológico ou que expressa algum tipo de anormalidade".
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"Mas ninguém nunca me ensinou"

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Quem sofre algum tipo de violência, neste caso o racismo, não precisa ensinar seu agressor que aquilo foi ofensivo. Pessoas violentadas agem de maneira diferente perante a violência que sofrem e muitas vezes não conseguem sequer exteriorizar o que estão sentindo.

Sendo assim, é importante buscar outras formas de se informar sobre o que é ou não racismo. Se você tem acesso à internet, busque sites, criadores de conteúdo, filmes, livros e estudos que possam ser conferidos online. Caso a internet não seja de acesso fácil a você, o ideal é se cercar de pessoas diversas: quanto mais diverso nosso ciclo de amizade, mais a gente aprende.
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"Tenho um parente negro, não sou racista"

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Como já foi posto, por ser estrutural, uma pessoa não está isenta de cometer atos e de ter falas racistas simplesmente porque um membro de sua família ou um amigo é negro ou de outra minoria racial.

Além disso, falar de raça não é apenas falar de cor da pele e de outras características físicas, mas sim falar de estrutura social. Ou seja, todos os brancos, mesmo sem querer, se beneficiam das estruturas racistas da sociedade.
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Mesmo que uma pessoa chegue ao Brasil hoje, vinda de Marte, sem ter absolutamente nada, mas tendo pele branca, ela se beneficia, porque recai sobre ela a ideia de competência ou de beleza. Nessa sociedade, a brancura da pele é uma posse que dá possibilidade de ascensão, de mobilidade social

Lia Vainer Schucman,
professora do Departamento de Psicologia da Universidade Federal de Santa Catarina
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"Já sofri racismo por ser branco"

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Membros de grupos raciais minoritários podem até ser preconceituosos ou praticar discriminação, mas não podem impor desvantagens sociais a membros de outros grupos majoritários. O termo "reverso" já indica que há uma inversão, algo fora do lugar, como se houvesse um jeito "certo" ou "normal" de expressão do racismo.

Silvio Almeida,
professor e advogado, citação do livro Racismo Estrutural
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"A pessoa é negra e alisa o cabelo. Não é racismo?"

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Muitas vezes, pessoas negras mudam suas características físicas por se sentirem pressionadas a isso dentro da estrutura social racista em que vivem. Por outro lado, outros motivos podem levar pessoas negras a alisar o cabelo ou usar perucas. Ainda dentro da discussão do Big Brother, na mesma dinâmica da segunda-feira, a participante Camilla de Lucas afirmou que usava peruca aguardando voltar ao seu cabelo natural, que é crespo.
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"Me falaram que fui racista. E agora?"

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O importante é reconhecer o erro, ouvir com empatia a pessoa ofendida, sem buscar justificar suas ações, e se desculpar. Depois é se atentar para não cometer o mesmo erro.
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Para lembrar!

Racismo: "É uma forma sistemática de discriminação que tem a raça como fundamento, e que se manifesta por meio de práticas conscientes ou inconsciente que culminam em desvantagens ou privilégios para indivíduos"
Preconceito racial: "É o juízo baseado em estereótipos acerca de indivíduos que pertençam a um determinado grupo racializado, e que pode ou não resultar em práticas discriminatórias"
Discriminação racial: "É a atribuição de tratamento diferenciado a membros de grupos racialmente identificados"

Fonte: Livro Racismo Estrutural escrito por Silvio Almeida

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Publicado em 07 de abril de 2021.
Reportagem: Camilla Freitas
Edição: Fernanda Schimidt