Cervejas

O doce amargor da cerveja

Cilene Saorin

Cilene Saorin

Colunista do UOL
  • Divulgação

    Way Beer Single Hop vem em três versões, cada uma com um lúpulo diferente

    Way Beer Single Hop vem em três versões, cada uma com um lúpulo diferente

O que normalmente acontece quando tentamos colocar algum alimento amargo na boca de uma criança? Ela faz careta, cospe, chora. Mesmo que não nos lembremos, é bem provável que, no passado, nós também tenhamos reagido dessa forma. No início da vida, essa reação se dá instintivamente como um mecanismo de defesa, onde o amargor é associado a algo que pode fazer mal à saúde (ou até matar, como no caso dos venenos). Mas o tempo passa e, aos poucos, vamos sendo apresentados a alimentos com certo amargor, como agrião, espinafre, jiló e alcachofra, por exemplo, e passamos a gostar! Agora pensem nas cervejas.

Algumas pessoas dizem que não gostam de cervejas por serem amargas, mas muitas vezes agem assim por falta de experiência no consumo da bebida. O amargor não deve ser uma característica sensorial a ser evitada, muito pelo contrário. Para o apreciador de cervejas, o ideal é quando essa instintiva rejeição ao amargor se deixa substituir pelo prazer. Amargor traz equilíbrio, refresca, estimula o apetite e deixa a vontade do próximo gole.

São as flores de lúpulo (e mais precisamente a parte feminina dessas flores) que conferem às cervejas propriedades únicas de amargor e aroma, percebidos em suas variações de qualidade e intensidade.

A origem e o início da utilização das flores de lúpulo na produção de cervejas não são claramente conhecidos, entretanto presume-se que sua cultura tenha se dado primordialmente na Europa Central entre os anos 400 e 500 dC. Inicialmente os lúpulos foram usados com propósitos medicinais por seus efeitos calmantes (monges cervejeiros chegaram a prestar certa devoção ao seu cultivo) e, mais tarde, também passaram a ser explorados como conservante natural e poderoso ingrediente da cerveja.

As influências de terroir nas cervejas vêm, sobretudo, dessa matéria-prima. Atualmente são mais de 60 variedades de lúpulo, cultivadas em diferentes regiões de clima frio e luminoso, em países como Alemanha, República Tcheca, Reino Unido, França, Estados Unidos, África do Sul e Nova Zelândia, dentre outros.

India Pale Ale (IPA), Ordinary Bitter, Extra Special Bitter (ESB) são alguns dos estilos de cerveja que têm os lúpulos como protagonista, apresentando assim intenso amargor e variados aromas em vertentes herbais, florais, cítricos, frutados e condimentados.

Vale a pena experimentar as sutilezas desse ingrediente e perceber o quanto isso pode tornar ainda mais divertido o ‘bom e velho’ ritual de tomar uma cervejinha com os amigos.

 

::FICHA TÉCNICA::
Way Beer Single Hop Project
Aqui está uma maneira interessante de entender as influências dos lúpulos na cerveja. Em edição limitada, o kit vem com três garrafas em três receitas com a mesma base, mudando apenas a variedade de lúpulo norte-americano utilizada: Cascade em aromas florais e condimentados, Amarillo em aromas de frutas tropicais (especialmente maracujá) e Citra em aromas cítricos.

País: Brasil
Teor alcoólico: 5,2%
Volume: Kit 3 garrafas 310 ml
Preço: R$ 31,90
Estilo: American Pale Ale
Onde encontrar: www.beeronline.com.br

Cilene Saorin

Cilene Saorin é mestre cervejeira graduada pela Universidad Politécnica de Madrid- Escuela Superior de Cerveza y Malta. Com mais de 20 anos de profissão, atua como consultora, sommelier e é presidente da Associação Brasileira dos Profissionais de Cerveja.

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