Cervejas

A filosofia de beber menos e melhor

Cilene Saorin

Cilene Saorin

Colunista do UOL
  • Divulgação

Encontro armado entre alguns amigos. Conversam e, democraticamente, decidem para onde vão. O pensamento em comum é a ‘boa e velha’ cerveja, mas a ordem da vez é respeitar a grana curta de um deles. Entram no botequim simpático e acessível a todos da turma e logo pedem uma garrafa para começar o ‘expediente’.

Pedido despretensioso com serviço igualmente modesto, porém digno, e então brindam naquele clássico copo americano. A conversa é longa e quase perdem as contas da quantidade de garrafas esvaziadas na mesa. No final, depois de comer, beber e ‘filosofar sobre todas as coisas’, a conta cabe bem no bolso de todos. Que delícia, não? Agora, como no teatro da vida real, mudemos um pouco a cena.

Encontro armado entre os mesmos amigos. Aquele que antes não podia gastar muito, agora conseguiu um belo emprego e alcançou financeiramente os demais. O pensamento em comum segue sendo a cerveja, mas dessa vez a ordem é experimentar! E, para isso, eventualmente eles estão dispostos a gastar pouco mais.

Conversam e logo surge uma sugestão. Entram no tal bar temático com sua generosa carta de cervejas. A ideia é que cada um proponha um rótulo diferente para degustação e que o mesmo seja compartilhado em consumo moderado. À medida que as rodadas avançam, o encontro vai se revelando diferente de tudo que já foi vivido antes nesses tais ‘expedientes’.

A cada novo rótulo, um serviço impecável com taças adequadas ao estilo de cerveja degustado. Brindes a cada meia hora e a conversa, como sempre, é longa... No final, mais uma vez, depois de comer, beber e ‘filosofar sobre todas as coisas’, a conta felizmente cabe bem no bolso de todos.

O segundo encontro parece ter sido divertido também, mas, afinal, qual a graça de gastar em cervejas dessa maneira? A resposta está na palavra ‘experiência’. Com certa analogia, é a mesma graça de estar conectado à internet – um mundo de informações interligadas, capazes de nos instigar ao ponto de gerar conhecimentos e experiências que nos fazem pensar diferente e melhor.

Nas entrelinhas, a questão está em rever o valor que se dá às cervejas, bem como a maneira na qual se espera receber prazer consumindo-as. Claro que sempre se deve respeitar ‘o tamanho do bolso’. E prezar pelo bom equilíbrio entre a quantidade e a qualidade da informação– e isso também vale para quando se trata da conhecimento trazido pela taça!

Então que tal beber menos e melhor? Isto pode fazer muito bem para o corpo e para a alma! Para aqueles que gostam da ideia de reunir os amigos em casa e aprender um pouco sobre cervejas, recomendo alguns bons e acessíveis rótulos nacionais: Wäls Pilsen (5%, 600 ml, R$ 15,90, na Beer4u, www.beer4u.com.br), refrescante com aromas herbais e de pão em amargor convidativo; Baden Baden Weiss (5,2%, 600 ml, R$ 18,70, na Costi Bebidas, www.costibebidas.com.br), também refrescante com aromas de banana e cravo em acidez marcante; e Bamberg Rauchbier (5,2%, 600 ml, R$ 16,60, na Costi Bebidas, www.costibebidas.com.br), com notas defumadas que pedem embutidos para harmonização.

Nesta lisa ainda destaco a Bohemia Confraria (6,2%, 550 ml, R$ 6,75, na Emporium São Paulo, www.emporiumsaopaulo.com.br), com notas de maçã vermelha, abacaxi e cravo em certa doçura no final de boca; a Colorado Indica (veja ficha técnica abaixo), com notas de maracujá e mamão em amargor intenso no final de boca; e, por fim, Bierland Imperial Stout (8%, 600 ml, R$ 14,40, na Costi Bebidas, www.costibebidas.com.br), com notas tostadas lembrando café que pedem sobremesas de chocolate para harmonização.

A rodada de degustação sugerida acima, o custo médio por pessoa é de R$ 20.95, para 4 pessoas. Ou seja, cada um prova cerca de 150 ml de cada rótulo e assim, faz um passeio por seis estilos de cerveja bem diferentes entre si.

::FICHA TÉCNICA::
Colorado Indica
Produzida na cidade de Ribeirão Preto (SP), apresenta cor castanho-avermelhado em aromas intensos de frutas tropicais (como maracujá e mamão), herdados das flores de lúpulo. Dos maltes, guarda ainda certo toque de caramelo. E dado seu potente amargor no final de boca, é instigante e refrescante. Um inusitado ingrediente, a rapadura, dá o toque de brasilidade. Combina com pratos potentes como hambúrguer, queijos azuis (gorgonzola, por exemplo) e também pratos picantes da cozinha indiana.

País: Brasil
Teor alcoólico: 7%
Volume: 600 ml
Preço: R$ 11,45
Estilo: India Pale Ale (IPA)
Onde encontrar: www.costibebidas.com.br

Cilene Saorin

Cilene Saorin é mestre cervejeira graduada pela Universidad Politécnica de Madrid- Escuela Superior de Cerveza y Malta. Com mais de 20 anos de profissão, atua como consultora, sommelier e é presidente da Associação Brasileira dos Profissionais de Cerveja.

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