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Painel de Palio derrete após dona deixar álcool gel dentro do veículo

Daniel Leite

Colaboração para o UOL

16/06/2020 04h00

Quase metade do painel do Fiat Palio 2006 da supervisora comercial Mônica Franco foi destruída e ficou com um grande buraco próximo ao porta-luvas. Parte do retrovisor interno também queimou. O calor ainda atingiu o quebra-sol e a coluna dianteira do lado do motorista.

Até agora, ela tenta entender se foi um frasco com aproximadamente 200 ml de álcool gel que causou tanto estrago, no último dia 11.

O carro estava com o marido de Mônica, que a deixou no trabalho, em Brasília, e foi para o serviço, em outra cidade. Antes de sair do veículo, porém, ela passou o álcool nas mãos e colocou o frasco sobre o painel.

Segundo Mônica, ainda era de manhã. Ao chegar no trabalho, o marido fechou o carro e só voltou até ele no horário do almoço, quando viu a destruição. "O carro estava preto por dentro, saindo fumaça preta, como aquelas de pneu queimado".

A chama produzida por álcool gel é quase imperceptível e a preocupação foi acabar com a fumaça. "Eles abriram o carro, não tinha chama. Aí ele pegou um pouco de areia e jogou. Logo veio outro rapaz com um pano molhado. Aquela parte onde fica o porta-luvas derreteu toda. Os documentos no porta-luvas queimaram".

O sistema elétrico e o motor não foram atingidos. O veículo não tem seguro e a supervisora comercial diz que ainda não pesquisou preços para trocar o painel.

Mônica se diz impressionada, pois o carro ficou fechado o tempo todo, queimando, e os vidros não se quebraram. Sobre a causa do acidente, ele conta que estava sol no dia, mas não tão quente como em outras épocas.

Ela desconfia do carregador de celular, mas sem muita convicção. "Tinha um carregador de celular no porta-luvas, mas não sei se foi isso, ele não estava em cima junto com o álcool". Ela lembra que tinha também guardanapo perto do frasco de álcool, mas não arrisca dizer se isso ajudou a causar o acidente.

Em maio deste ano, o Corpo de Bombeiros do Distrito Federal realizou ensaios submetendo o álcool 70%, tanto na forma líquida quanto em gel, a uma temperatura de 200ºC, com intuito de observar se atingiria ponto de auto-ignição. O resultado, porém, mostrou que o conteúdo evaporou sem inflamar.

Já a bioquímica e Mestre em Ciências Biológicas pela USP Heloisa Olivan acredita que a mistura álcool, papel e calor pode, sim, ter sido determinante para a queima. "O álcool 70%, gel ou líquido, pode funcionar como combustível para gerar incêndio ou causar uma queimadura".

Olivan, que também é farmacêutica e cosmetóloga, explica que, exposto ao sol, o carro virou uma espécie de estufa, aumentando a temperatura interna.

No incidente com a supervisora comercial de Brasília, a especialista diz que alguns detalhes poderiam ter causado um problema mais grave. "Se tivesse algo vazando óleo, ou um isqueiro por perto, por exemplo, e se fosse álcool líquido, o estrago seria maior ainda".

Apesar da recomendação das autoridades de saúde para utilizar com frequência o álcool gel o dia todo por causa da pandemia, a Olivan alerta que o carro não é o melhor lugar para deixar o produto, pois há o risco de incêndio.

Se não houver outra alternativa, ela recomenda frascos menores. "Ideal é levar na bolsa, na mochila, mas se tiver que deixar no carro, que seja em embalagem pequena, de 30, 40 ml, e guardada no porta-luvas, protegida do sol". Nesse caso, conseguir uma vaga num local de sombra, mais fresco, também ameniza os riscos.

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