UOL Carros

04/03/2009 - 19h26

Polo dispensa 'tanquinho' e oferece mimos e adereços na versão E-Flex

CLAUDIO DE SOUZA
Enviado especial a Campinas (SP)*
A Volkswagen apresentou nesta quarta-feira (4), em Campinas (SP), o Polo E-Flex, versão bicombustível do hatch compacto que dispensa a ajuda de gasolina para pegar em ambiente frio quando abastecido com álcool. Por isso, o carro não tem o reservatório do combustível fóssil junto ao motor. Em outras palavras, não tem "tanquinho".

Fora essa característica, que, segundo a Volkswagen, aparecia em pesquisas de mercado como desejada pelos consumidores de carros flexíveis, o Polo E-Flex traz um bom pacote de equipamentos de série, como ar-condicionado digital Climatronic e módulo elétrico (levantamento dos vidros, travas e controle dos retrovisores), este um item que faz bastante falta no Polo 1.6, o piso da gama do compacto. Equipamentos de segurança que já deveriam ser básicos num carro autodescrito como "premium", como o sistema ABS (antitravamento dos freios) e os airbags, só como opcionais.

Fotos: Murilo Góes/UOL

O Polo E-Flex está disponível apenas na cor preto Magic e começa em R$ 47.490

Há também detalhes estéticos interessantes e que podem fazer a balança pesar em favor da E-Flex na hora de o consumidor decidir qual versão do Polo vai levar -- como a grade frontal com acabamento cromado (mais elegante que a adaptação da peça do Jetta feita no mercado paralelo) e os repetidores de seta nos retrovisores. A cor, no entanto, é única: o preto Magic.

O preço sugerido do Polo E-Flex é de R$ 47.490. Isso o coloca acima do 1.6 (R$ 41.150) e do recém-lançado (e sem test-drive para a imprensa online, aliás) BlueMotion (R$ 46.270), e abaixo do Sportline (R$ 48.580) e do GT 2.0 (R$ 52.740).

ATÉ NO NEGATIVO
O Polo E-Flex dispensa o tanquinho devido a uma tecnologia da Bosch denominada Flex Start. Trata-se de um sistema de gerenciamento acionado eletronicamente, que identifica das condições de operação do motor e da temperatura ambiente; em seguida, aquece o combustível durante a partida do carro, e também enquanto o motor estiver operando ainda frio. Em tese, um Polo E-Flex funcionará imediatamente mesmo num hipotético inverno brasileiro abaixo de zero.

O QUE O E-FLEX TEM DE DIFERENTE

Detalhe do dispositivo do sistema Flex Start que aquece o combustível antes da injeção

Grade frontal cromada 'oficial' é de série e fica mais elegante que a adaptada do sedã médio Jetta

Repetidores de seta integrados nos retrovisores acrescentam segurança e status ao Polo E-Flex
LISTA COMPLETA DE EQUIPAMENTOS
FICHA TÉCNICA COMPLETA
"Um novo distribuidor de combustível, com elementos de aquecimento integrados, e uma unidade de controle de aquecimento foram especialmente desenvolvidos para o Flex Start. Isso garante que a temperatura do combustível atinja valores mínimos para uma partida segura, e a controla de modo preciso em todas as condições de operação do motor, evitando sobreaquecimento", afirma Marcos Araújo, gerente da Bosch responsável pelo sistema.

O princípio é simples: antes de chegar aos cilindros, o combustível passa por dispositivos térmicos instalados logo antes dos quatro bicos injetores. Com capacidade para elevar a temperatura do líquido a até 120 graus, o Flex Start permite uma partida e uma rodagem a frio sem engasgos ou perda de performance. Em tese, isso também resulta em consumo e emissões de poluentes menores. Uma luz-espia no painel mostra quando o sistema está em funcionamento. Durante o contato de UOL Carros com o exemplar de teste, sob um sol de 35 graus, a luzinha ficou acesa por brevíssimo tempo (certamente menos de dois segundos).

A Volks também decidiu adotar no Polo E-Flex um mecanismo de segurança que exige o acionamento da embreagem para dar a partida (do mesmo modo que um carro automático só pega com o pé no freio e a alavanca em P).

COBAIA
O sistema apresentado pela Volks/Bosch no Polo E-Flex é um avanço tecnológico natural e benvindo. Quem é do tempo dos carros a álcool monocombustíveis, que precisavam esquentar por alguns minutos antes de rodar nas manhãs frias, vai até suspirar de nostalgia.

Mas, para o motorista brasileiro, pouca coisa muda de fato. Ele não vai mais precisar se lembrar de encher o reservatório auxiliar -- mas isso é algo que a maioria dos brasileiros jamais fez, a não ser quando o frentista foi checar o óleo e avisou sobre o "tanquinho" vazio. De resto, não consta que o Polo "comum" tenha qualquer problema para pegar, em qualquer tempo. A Bosch e a Volks fizeram uma demonstração para os jornalistas, ligando o Polo E-Flex dentro de uma câmara fria com temperaturas abaixo de zero. O carro pegou. E daí?

Obviamente, a tecnologia E-Flex será estendida a toda linha flex da Volks (e, no futuro, aos flex de todas as marcas). O mesmo acontecerá com o conceito BlueMotion, que incluirá outros compactos da marca alemã. Do ponto de vista estratégico e mercadológico, o Polo foi escolhido como "cobaia" (das duas versões e também da pisada obrigatória na embreagem) por atravessar um mau momento nas vendas, em queda desde que a Volks lançou o novo Gol e o Voyage (errou quem, como UOL Carros, apostou que a canibalização vitimaria o Fox). Usar um carro bom, mas ruim de mercado, como laboratório foi exatamente o que fez a Fiat ao escolher o Stilo para lançar/testar a transmissão automatizada Dualogic.

NO NORTE, O POLO JÁ É OUTRO


O Polo 2010 faz sua estreia no Salão de Genebra, que abre para o público nesta quinta (5). A exemplo do Golf Geração VI, mostrado em Paris no ano passado, o novo Polo segue as linhas do renovado cupê Scirocco, ponto de partida estilístico para a Volkswagen entrar na 2ª década do novo milênio.

O novo Golf era esperado no Brasil este ano, mas a crise global deixou tudo mais complicado. O mesmo raciocínio pode ser aplicado ao Polo: já não é mais quase certo que o modelo (renovado pela última vez em 2006) mudará em 2010. Há quem aposte até que o Fox vai ganhar a cara de Scirocco antes do compacto premium da marca alemã.
O POLO NO SALÃO DE GENEBRA
MAIS INFORMAÇÕES SOBRE O POLO EUROPEU
RODA BEM, COMO SEMPRE
Deixando de lado esse caráter quase "experimental" da versão (que, aliás, não tem uma meta de vendas fixada), o Polo E-Flex tem o mérito comparativo de trazer a preço razoável os equipamentos e adereços já citados (com um pacote semelhante o Polo 1.6 com tanquinho passa de R$ 48 mil) sem qualquer prejuízo ao acertadíssimo conjunto mecânico, no qual se destacam o câmbio curto, preciso e suave (o melhor do país entre modelos pequenos e médios) e a suspensão capaz de oferecer conforto e estabilidade em generosas doses. O motor é o mesmo VHT que equipa o restante da gama 1.6 da Volks, sem alterações de potência e torque. É bem-disposto em rotações baixas, o que torna a condução na cidade mais ágil, e não nega diversão em pistas desimpedidas.

Claro: qualquer Polo tem pontos fracos, como o pouco espaço para quem vai atrás e o porta-malas medíocre. Mas basta sentar-se ao volante e notar como tudo está à mão (por exemplo, os comandos do ar digital são mais bem-localizados que no Jetta, que custa quase o dobro) para lembrar que esse é um carro que trata bem o dono, especialmente se ele busca prazer ao dirigir.

A aposentadoria do tanquinho acaba agregando um charme de pioneirismo a essa versão E-Flex. É um "plus" no "premium".

* Viagem a convite da Volkswagen do Brasil

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