O
UOL Carros participou do test-drive de duas motorizações do Sandero, ambas na versão de acabamento Privilège: com o propulsor Hi-Torque 1.6 8V e com o 1.6 16V. Cerca de 2/3 do percurso foram cumpridos em estrada de boa qualidade; o restante, em vias mais lentas ou na cidade de Florianópolis (SC). Foi o suficiente para uma impressão ainda ligeira sobre o carro.
Conduzir o Sandero é diferente de conduzir um hatch realmente compacto, como um Gol ou um Palio -- mas não é a mesma coisa que, por exemplo, guiar um Polo (outro quase-médio) e muito menos um "médio-mesmo", como o Nissan Tiida. Ou seja, todo o discurso da Renault sobre criar um carro compacto que não é compacto tem base na realidade. E isso não se traduz apenas no espaço interno.
Pesado e com pneus mais largos (185) que os usuais na categoria, o Sandero tem os pés no chão. A direção é firme (um pouco mais macia na versão Hi-Torque) e a suspensão, bem ajustada, filtra as irregularidades do terreno na medida certa para garantir o conforto dentro do carro. O pedal da embreagem é suave, o que evita que o motorista tenha de se esfalfar para as múltiplas trocas de marcha exigidas pelo tráfego urbano. O câmbio, de engates muito precisos, é outro destaque da dirigibilidade, o que deve contar pontos para quem vai usar o Sandero em trânsito pesado.
A performance dos dois motores 1.6 é bem digna, com respostas imediatas e que passam confiança ao motorista. Ultrapassar é tranqüilo para o Sandero. E ele chega a uma velocidade de cruzeiro de 120 km/h com facilidade.
DOIS DETALHES |
---|
 O painel tem fundo branco e possui computador de bordo |
 O banco traseiro é espaçoso, mas falta um 3º apoio de cabeça |
A Renault espera que o motor Hi-Torque 8V de 92/95 cavalos (gasolina e álcool) seja a estrela do Sandero, por causa do torque de 14 kgfm que aparece em rotação logo abaixo de 3.000 giros (importante na cidade) e do consumo de combustível menor. Mas na estrada a superioridade do desempenho (e do nervosismo) da unidade de 16 válvulas (107/112 cavalos e 15,5 kgfm) é claríssima. O Sandero é um carro de uma tonelada, e é óbvio que um motor com mais potência ajude a puxá-lo melhor em velocidades constantes e mais altas. Ambos os propulsores são igualmente barulhentos, mas isso não chega a irritar quem viaja dentro do Sandero.
Tudo isso pode ser resumido, grosso modo, no seguinte: o Sandero é mais gostoso e esperto para guiar que a média do segmento dos compactos.
Tal percepção é um tantinho deslustrada pelo fato de o novo carro não ter regulagem de posição do volante nem mesmo na versão topo de linha (não é pedir muito, dadas as suas pretensões de grandeza). Se todo mundo usasse o banco -- cuja regulagem de altura é bem funcional -- lá embaixo, não haveria problema. Mas não: é subi-lo um pouco, e a parte superior do painel desaparece atrás do volante.
Outro atentado à ergonomia são os comandos de ventilação e ar-condicionado, dispostos numa parte do painel que se afasta do motorista, e o controle dos retrovisores, que fica exatamente sob o freio de mão. É muito difícil acioná-lo com o carro em movimento. O comando dos vidros e das travas das portas fica no painel também -- melhor seria tê-los na porta, mais à mão do motorista. Velocímetro e conta-giros são grandes e redondos. O computador de bordo e o conjunto de luzes-espia, retangulares, ficam ao centro. Não é um triunfo do design, mas a visualização é boa.
CONSUMO E FICHAS |
---|
Não foi possível verificar o consumo de combústível do Sandero durante o rápido test-drive em SC. No entanto, publicações especializadas aferiram, em cidade e estrada, 7,2 e 9,2 km/l (revista Quatro Rodas) e 7,3 e 10,1 km/l (revista Carro), ambas com álcool no tanque e com o motor 1.6 16v da versão Privilège. |
---|
|
FICHA MOTOR 1.0 16V (.doc) |
FICHA MOTOR 1.6 8V (.doc) |
FICHA MOTOR 1.6 16V (.doc) |
Sem mimos, com espaço Todas essas deficiências (que não são graves, diga-se) constituem o que distancia o Sandero do segmento dos hatches médios -- porque ser médio, e não pequeno, também se reflete no acabamento e nos mimos ao motorista. Mas é fato que o carro da Renault está muito mais perto do andar de cima que do de baixo.
E é nesse ponto que chega-se ao espaço interno. Por ser um cartão de visitas do Renault Logan, sedã meio-irmão do Sandero, e um importante argumento da empresa para convencer consumidores familiares a comprar o novo hatch, o tema merece ficar para o final. E tudo é muito simples de explicar: no Sandero, recuando um pouquinho o banco o passageiro da frente já pode esticar as pernas totalmente, quase sem tocar o assoalho; atrás, duas pessoas viajam com absoluto conforto e a uma boa distância dos bancos dianteiros (e uma da outra, caso não sejam amigas). Evidentemente que três passageiros não devem esperar essa moleza. Mas mesmo assim o Sandero oferece mais espaço que seus concorrentes. E a bagagem da turma pode ir acomodada nos razoáveis 320 litros no porta-malas.
*Viagem a convite da Renault