VW Nivus x Chevrolet Tracker

Novo SUV da Volkswagen traz design e conteúdo para tentar roubar vendas da sensação da GM

Vitor Matsubara Do UOL, em São Paulo (SP) Murilo Góes/UOL

Novatos do pedaço

Não foi à toa que várias montadoras chamaram 2020 de o "ano dos SUVs". Duas das novidades mais importantes do ano são do segmento de utilitários esportivos. Primeiro veio o Chevrolet Tracker, em março. Quatro meses depois, chegou a vez do Volkswagen Nivus ganhar as ruas. Com os dois modelos nas lojas, a comparação é inevitável.

UOL Carros convocou Tracker LT e Nivus Highline para tirar a prova dos nove. Apesar de teoricamente pertencerem a subsegmentos distintos (enquanto o GM é um legítimo SUV compacto, o VW abre a categoria de SUVs cupês compactos), eles têm muita coisa em comum, especialmente o motor 1.0 turbinado e o preço.

Ficou curioso para ver qual deles é o melhor? Descubra a seguir!

Murilo Góes/UOL
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Ficha técnica - VW Nivus Highline

Preço: R$ 98.290

Motor: 1.0, 12V, 3 cilindros, turbo, flex

Câmbio: automático de seis marchas

Potência: 128 cv / 116 cv a 5.500 rpm

Torque: 20,4 kgfm a 2.000 rpm

Consumo: 7,7 km/l / 9,4 km/l (etanol) - 10,7 km/l / 13,2 km/l (gas.)

0 a 100 km/h: 10 s

Velocidade máxima: 189 km/h

Dimensões: comprimento, 4,26 m; largura, 1,75 m; altura, 1,49 m; entre-eixos, 2,56 m

Peso: 1.199 kg

Porta-malas: 415 litros

Tanque: 52 litros

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Ficha técnica - Chevrolet Tracker LT

Preço: R$ 97.490

Motor: 1.0, 12V, 3 cilindros, turbo, flex

Câmbio: automático de seis marchas

Potência: 116 cv a 5.500 rpm

Torque: 16,8 kgfm / 16,3 kgfm a 2.000 rpm

Consumo: 8,2 km/l / 9,6 km/l (etanol) - 11,9 km/l / 13,7 km/l (gas.)

0 a 100 km/h: 10,9 s

Velocidade máxima: 177 km/h

Dimensões: comprimento, 4,27 m; largura, 1,79 m; altura, 1,62 m; entre-eixos, 2,57 m

Peso: 1.228 kg

Porta-malas: 393 litros

Tanque: 44 litros

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Design

Nivus é mais ousado do que elegante Tracker

Todo mundo está cansado de ouvir que gosto não se discute. Talvez por isso é que Nivus e Tracker sigam caminhos tão diferentes para agradar o consumidor.

Curiosamente, Tracker e Nivus são praticamente do mesmo tamanho. O Tracker tem 4,27 metros de comprimento, 1,79 metro de largura, 1,62 metro de altura e 2,57 metros de distância entre eixos. Já o Nivus possui 4,26 metros de comprimento, 1,75 metro de largura, 1,49 metro de altura e 2,57 metros de distância entre eixos.

O Tracker adota um estilo mais elegante. Essa característica nota-se desde a moldura cromada na grade frontal até as linhas clássicas de um utilitário esportivo, com capô alto, para-lamas parrudos e linha de cintura elevada. Por ser muito mais alto, ele também transmite a sensação de ser mais imponente. No geral, dificilmente alguém reprova o design do modelo da GM.

Já o Nivus vai na contramão do rival. As linhas arrojadas são diferentes do que existe no segmento hoje. Segundo a Volkswagen, a ideia era democratizar os SUVs cupês, que até então estavam presentes apenas no mercado de luxo.

A dianteira combina a identidade visual da marca (com uma grade frontal parecida com a do Jetta) com um toque de ousadia no formato das tomadas de ar e dos faróis de neblina.

Atrás, as lanternas interligadas indicam inspiração no T-Cross, mas a queda da tampa do porta-malas "suavizada" pelo aerofólio em posição mais alta dá harmonia ao conjunto, algo difícil de conseguir em um SUV cupê, veículo no qual as formas tendem a ser desproporcionais.

Ambos exalam modernidade, mas, colocados lado a lado, o Nivus é muito mais vistoso do que o Tracker, que, apesar de ser atraente, parece genérico ao lado do rival. Vitória do Nivus.

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Desempenho

No duelo dos 1.0, Nivus é mais esperto

Houve um tempo em que motor 1.0 em SUV era sinônimo de mico. Felizmente isso ficou no passado: Nivus e Tracker trazem o que há de mais avançado em downsizing no país.

Ambos são movidos por motores de 1-litro com três cilindros em linha e turbocompressor. O Tracker LT entrega até 116 cv com etanol ou gasolina no tanque. Apenas o torque é que varia discretamente: são 16,8 kgfm com o combustível etílico e 16,3 kgfm se a escolha for pela gasolina. Já o Nivus é mais potente e tem mais torque: são 128 cv / 116 cv e 20,4 kgfm com qualquer combustível.

Essa diferença se nota assim que pisamos no acelerador. Como o pico de torque surge a 2.000 rpm nos dois carros, o Nivus dispara com muito mais vigor do que o Tracker. Na volta de nossa sessão de fotos, assumi o volante do Tracker e admito que foi difícil acompanhar o Nivus e a empolgação do nosso fotógrafo Murilo Góes.

Outro ponto que parece prejudicar o SUV da Chevrolet é o escalonamento do câmbio. A caixa da Volkswagen parece "conversar" melhor com o motor 200 TSI, sobretudo nas retomadas de velocidade.

No Tracker, a impressão é que a transmissão leva alguns segundos para "entender" que é preciso reduzir uma marcha e encher o motor, algo que não acontece no Nivus.

Por ser mais ágil e sofrer menos nas retomadas e acelerações, o Nivus leva a melhor neste quesito.

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Vida a bordo

Tracker é mais espaçoso

Embora seja uma versão intermediária, o Tracker LT tem um nível de acabamento muito bom. A qualidade dos plásticos, por exemplo, é bem superior a do Nivus.

O visual sóbrio combina com o design externo e o painel vem do Onix. A central multimídia MyLink fica em uma posição bastante adequada, facilitando a visualização das informações. A posição de dirigir é bem confortável: os bancos dianteiros são integrados aos encostos de cabeça e, além de serem ergonômicos, envolvem bem o corpo dos ocupantes. O volante de diâmetro pequeno tem empunhadura muito boa.

Por motivos óbvios, a posição de dirigir do Nivus é muito parecida com a do Polo. Isso pode ser bom para quem gosta do hatch ou ruim para aqueles que gostam de se sentir mais "nas alturas", como na maioria dos SUVs. Apesar da semelhança com o Polo, a sensação de imponência e de estar dirigindo um carro maior prevalece no modelo da VW.

O novo volante vindo do Golf europeu oferece empunhadura muito boa e um encaixe quase perfeito das mãos do motorista. Se você gostou dele e ainda não tem dinheiro para comprar um Nivus, não se preocupe: é bem provável que a VW passe a oferecê-lo em outros modelos da linha, como já fez no passado.

Apesar de ter distâncias entre eixos praticamente idênticas, o espaço interno no banco de trás é maior no Tracker. Pessoas mais altas viajam com mais folga para ombros, cabeça e especialmente joelhos.

No Nivus, a sensação é de estar sentado em um Polo, inclusive pela falta de espaço para um eventual quinto ocupante. Se serve de consolo, o porta-malas do Nivus é um pouco maior: são 415 litros contra 393 litros do rival.

Neste critério, o Tracker levou a melhor.

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Equipamentos

Nivus é mais tecnológico e sofisticado

Antes de tudo, vamos deixar claro que as versões de Tracker e Nivus foram escolhidas por trazerem motorizações semelhantes e principalmente pela proximidade de preços.

Dito isso, saiba que todos os modelos da Chevrolet aumentaram de preço em julho. Agora o Tracker LT custa R$ 97.490, apenas R$ 500 a menos do que a versão 1.2 turbo de entrada.

Se você está pensando em comprá-lo e não faz tanta questão de mais potência, vale a pena fazer essa pequena economia.

Comparando o conteúdo das duas configurações, o Tracker LT oferece a mais itens como câmera de ré, destravamento das portas sem chave, partida do motor por botão, maçanetas pintadas na cor do carro, grade frontal com acabamento cromado, capas dos espelhos retrovisores na mesma cor da carroceria e apliques na cor preta nas colunas.

Eles se somam a uma boa lista de equipamentos, formada por 6 airbags, controles de estabilidade e de tração, assistente de partida em rampas, central multimídia MyLink 3 com suporte a Android Auto e Apple CarPlay, rodas de liga leve de 16 polegadas, ar-condicionado analógico, direção elétrica, sensores de estacionamento traseiros e vidros elétricos nas quatro portas.

Já o Nivus Highline sai por R$ 98.290 sem opcionais, uma diferença de apenas R$ 800 frente ao Tracker LT. É o único SUV compacto a trazer piloto automático adaptativo e ainda vem com a nova central multimídia VW Play com tela de 10,1 polegadas (a maior de um veículo fabricado no Brasil) e loja própria de aplicativos.

O problema é que o usuário precisa rotear a conexão de seu smartphone ou aproveitar uma rede Wi-Fi, já que o Nivus não tem internet a bordo, algo que o Tracker oferece de série mediante o pagamento de uma mensalidade.

De toda maneira, o SUV da Volkswagen se destaca do rival ao vir com frenagem autônoma de emergência, ar-condicionado digital, painel digital, faróis full LED, bancos revestidos em couro (no Tracker eles são de tecido), acendimento automático dos faróis, rodas de liga leve de 17 polegadas e volante revestido em couro com aletas atrás do volante para trocas sequenciais. E ainda há os mesmos 6 airbags, assistente de partida em rampas e controles de estabilidade e de tração.

Analisando tudo na ponta do lápis, o Nivus leva a melhor mais uma vez.

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Custo-benefício

Nivus é pouco mais caro, mas entrega bem mais

Além de ser bem mais equipado, o Nivus Highline (R$ 98.290) cobra apenas R$ 800 a mais do que o Tracker LT.

É verdade que, por R$ 97.990, você pode comprar o Tracker 1.2 turbo, que oferece um motor mais possante do que o 1.0 turbo do VW. Só que, como tudo tem um preço, a lista de equipamentos desta versão é ainda menor do que na versão LT 1.0 - que já tem menos conteúdo do que o SUV cupê da marca alemã.

O lançamento da Volkswagen também entrega mais desempenho, sobretudo nas retomadas de velocidade e acelerações. Sua condução é mais suave e o Nivus é mais estável nas curvas.

Outro ponto a favor do Nivus é que a VW oferece as três primeiras revisões grátis para todos os proprietários, algo que não acontece no Tracker. Aqui nem é preciso fazer muita conta: a vitória é do Nivus.

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Vencedor: Nivus

VW anda mais, é mais equipado e custa quase o mesmo

O Tracker é uma evolução e tanto diante de sua antiga geração. Mais moderno, bonito e seguro, ele também é mais tecnológico e conectado. Sem dúvida é um dos melhores SUVs compactos à venda no país.

Porém, o Nivus Highline supera o Tracker LT - e engana-se quem pensa que foi apenas por ser uma novidade.

O SUV cupê tem design chamativo, motor mais esperto e uma lista de equipamentos mais generosa. Tudo isso em troca de meros R$ 500 a mais.

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