Compass x Taos

Líder da Jeep encara novato da Volkswagen para decidir qual é a melhor compra entre os SUVs médios

José Antonio Leme do UOL, em São Paulo (SP) Marcos Camargo/UOL

O segmento de SUVs anda movimento neste ano - e o de médios está mais ainda. Além da reestilização e mudanças em termos de equipamentos do Jeep Compass, vieram também o Toyota Corolla Cross e, agora, o Volkswagen Taos, novo modelo da marca alemã.

UOL Carros já mostrou para vocês o embate entre o novato da montadora japonesa e o líder do segmento, no qual o modelo da Jeep, feito em Goiana (PE), levou a melhor.

Agora é a vez do Taos, outro novato e que usa a plataforma modular MQB, nas mesmas dimensões que o VW Jetta, encarar o líder Compass em suas versões de topo, Highline e Série S, respectivamente.

O Taos Highline parte de R$ 181.790 com motor 1.4 turboflex e câmbio automático de seis marchas, enquanto o Compass S vem a partir de R$ 198.990. Qual deles é o melhor? É o que vamos mostrar a partir de agora.

Marcos Camargo/UOL
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Jeep Compass S

Preço: R$ 198.990

Motor: 1.3, 16V, 4 cilindros, turbo, flex

Câmbio: Automático, 6 marchas

Potência: 180 cv (gasolina) / 185 cv (etanol) a 3.750 rpm

Torque: 27,5 kgfm a 1.750 rpm

Consumo: Cidade: 10,2 km/l (gasolina) / 7,2 km/l (etanol) Estrada: 11,7 km/l (gasolina) / 8,3 km/l (etanol)

0 a 100 km/h: 9,8 s (gasolina) / 9,4 s (etanol)

Velocidade máxima: 203,5 km/h (gasolina) / 206 km/h (etanol)

Dimensões: comprimento, 4,40 m; largura, 1,81 m; altura, 1,62 m; entre-eixos, 2,63 m

Peso: 1.589 kg

Porta-malas: 410 litros

Tanque: 60 litros

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VW Taos Highline

Preço: R$ 187.990 (R$ 194.244 São Paulo)

Motor: 1.4, 16V, 4 cilindros, turbo, flex

Câmbio: Automático, 6 marchas

Potência: 150 cv entre 5.000-5.250 rpm

Torque: 25,5 kgfm entre 1.500-3.800 (gasolina) / 1.500-4.000 (etanol)

Consumo: Cidade: 7 km/l (etanol) / 10,2 km/l (gasolina) Estrada: 9 km/l (etanol) / 12,5 km/l (gasolina)

0 a 100 km/h: 9,3 segundos

Velocidade máxima: 194 km/h

Dimensões: comprimento, 4,46 m; largura, 1,84 m; altura, 1,62 m; entre-eixos, 2,68 m

Peso: 1.420 kg

Porta-malas: 498 litros

Tanque: 51 litros

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Design

Taos é marcante, mas Compass tem mais apelo como SUV

O design sempre é uma questão polêmica, afinal diz o ditado popular que "gosto não se discute". Porém é preciso tomar posição neste caso.

A Volkswagen atingiu seu melhor momento em termos de design e conseguiu dar personalidade ao Taos mesmo tendo que focar na proposta de "DNA da marca", que faz os carros se parecerem - às vezes até demais.

O Taos tem um aspecto próprio, especialmente na dianteira, onde o para-choque com o "X" preto dá uma pegada mais esportiva ao modelo. Nessa área está também o maior destaque do VW, pois além do novo logotipo da companhia, na versão de topo tem a grade iluminada com um filete de LEDs que se juntam aos faróis, formando uma dianteira marcante.

Ainda assim, a carroceria em geral tem um aspecto bastante sóbrio, mas com linhas e vincos que deixam o SUV com estilo, incluindo na traseira, onde as lanternas tem uma composição diferenciada das luzes de LEDs.

Já o Compass apostou em uma reestilização leve que deu um pouco mais de requinte para as linhas até então mais brutas do modelo, mas sem abrir mão da proposta de visual aventureiro, de carregar um "quê" de fora de estrada que está sempre presente aos carros da Jeep.

Na primeira reestilização desde que foi lançada esta geração, a Jeep optou por apenas dar um 'tapinha' de leve no visual sem alterar demais a composição que faz sucesso com o consumidores. As sete barras que marcam todo Jeep continua ali, mas com acabamento escurecido e um novo para-choque para compor o visual menos rústico.

Lado a lado, fica claro a sensação de porte superior que o Compass passa, além de ter um apelo mais focado no consumidor claro de SUVs.

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Equipamentos

Taos é completo, mas Compass se destaca em conectividade, comodidades e tecnologia

A lista de equipamentos do Taos é bem completa. O modelo traz seis airbags, controles de tração e estabilidade, assistente de partida em rampa, alerta de tráfego traseiro cruzado e de ponto cego, start-stop e faróis Full-LEDs

Há ainda ar-condicionado automático com duas zonas, câmera de ré, ajuste elétrico de banco do motorista, aquecimento dos assentos dianteiros, carregamento de celular por indução e chave presencial com partida por botão.

Tem também a central multimídia VW Play com tela de 10" e integração sem fio com Android Auto e Apple CarPlay, três entradas USB do tipo C, quatro modos de condução, sistema de som com oito alto-falantes, sensores de luminosidade, chuva e de obstáculos, na frente e na traseira.

Ele traz ainda frenagem autônoma de emergência com detecção de pedestres e controle de velocidade adaptativo (ACC) com função tráfego, que acelera novamente sozinho em até três segundos após a parada, trio elétrico e sensor de pressão nos pneus.

O modelo das fotos traz o teto panorâmico, que é um opcional de R$ 5.520, além do pacote de lançamento Hero, com pintura biton com teto e outros detalhes como a capa dos retrovisores na cor preta, rodas escurecidas e sistema de som Beats com 8 alto-falantes e subwoofer por R$ 3.750. Com esses extras, o valor do Taos vai a R$ 191.060.

Por mais completa que seja a lista do Taos, a Jeep se preparou para as novidades que chegaram ao mercado com uma resposta à altura e melhorou bem o pacote de itens do Compass S.

Além dos itens oferecidos pelo Taos, o Compass tem sete airbags, ajuste elétrico de banco para motorista e passageiro, abertura e fechamento elétrico do porta-malas por meio da chave, botão interno ou movimento com o pé sob o para-choque traseiro.

Outros extras são o farol alto automático, sistema de som beats de série com 8 alto-falantes e subwoofer, reconhecimento de placas de trânsito, leitor de faixa de rodagem com alerta e correção no volante. A frenagem autônoma tem detecção de ciclistas, além de pedestres.

Há o assistente de estacionamento semiautônomo, que encontra e faz as manobras para entrar na vaga sozinho, e o sistema de partida remota do veículo, que permite acionar o ar-condicionado para climatizar a cabine antes da entrada do motorista. Já o teto solar panorâmico é um item de série.

Ele tem ainda a função autohold, que segura o carro sem precisar manter o pé no freio, e a central multimídia tem navegador GPS integrado com informações em tempo real, além de poder usar os aplicativos de navegação do smartphone diretamente na tela.

Por fim, há toda a parte de conectividade e interação com o carro. O Compass tem o chip 4G integrado que, mediante ao pagamento de um pacote, permite usar o roteador Wi-Fi integrado do veículo para até sete dispositivos móveis.

Traz também o sistema Adventure Intelligence, que por meio da assistente pessoal da Amazon, a Alexa ou um app no smartphone, permite rastrear, trancar ou destravar o carro, além de pedir serviços de assistência e concierge por meio do veículo e consultar informações como consumo e autonomia do veículo.

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Vida a bordo

VW Taos tem espaço e conforto surpreendentes

Por dentro, os dois modelos são bem ergonômicos em termos gerais. Comandos fáceis para o motorista e tudo muito integrado, além de vários porta-objetos espalhados pela cabine.

Ambos têm painel virtual de 10,25 polegadas que permite uma série de configurações e funcionalidades, sendo bem práticos. A grande diferença entre eles é o resolução bem superior da tela do VW em relação à utilizada pela Jeep.

O acabamento do Jeep é superior ao do Taos. A Jeep melhorou muito com mais revestimento de couro, aposta no "soft touch" que deixa as peças com toque macio e menos plástico à mostra.

Já o Taos, ainda que tenha melhorado sensivelmente em relação aos demais produtos da linha de SUVs da VW, peca nesse quesito e tem muito plástico visível na parte superior do painel e também nas portas dianteiras.

Os bancos do Taos acomodam melhor os passageiros na frente. Eles são mais largos e têm mais espaço, especialmente no assento, além do apoio lateral ser melhor nas curvas.

O volante do Taos também é mais ergonômico que o do Compass. Um pouco mais fino dá uma pegada melhor para o motorista. Ambos apostam em comandos multifuncionais, mas os do Taos estão posicionados na frente do volante, o que traz uma vantagem pela praticidade.

O espaço para ocupantes do banco traseiro é muito superior no caso do Taos. Um adulto com mais de 1,80 metro viaja com conforto atrás, mesmo com pessoas tão grandes quanto na frente, resultado dos 5 cm extras e plataforma mais moderna.

Também é devido à base que o Taos consegue ainda assim oferecer um porta-malas superior ao do Compass: são 498 litros contra 410 litros. A Jeep divulga 476 litros desde que mudou o método de aferição do espaço após a reestilização. O Taos oferece ainda um acesso ao porta-malas atrás do apoio de braço/encosto do quinto ocupante.

Por outro lado, a Jeep entrega mais comodidade para os ocupantes. Na frente há entrada USB normal e do tipo C, enquanto o Taos só traz a do tipo C, mais moderna, porém não compatível com todos os cabos. Para quem vai atrás há uma USB convencional, um entrada 12V e uma tomada de três pinos.

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Custo-benefício

Taos cobra menos por menos, mas entrega revisões "de graça"

O quesito custo-benefício aqui depende muito de quais são as prioridades do comprador. Se for só espaço associado ao preço, o Taos é sem dúvida a melhor resposta. Ele custa menos que o Jeep, mas também entrega menos em termos de equipamentos.

Levando em conta o valor do Taos das imagens (R$ 191.060), ele custa R$ 7.930 a menos que o Compass. Por sua vez, o Jeep feito em Pernambuco é mais caro por oferecer muito mais em termos de equipamentos, tecnologia e conectividade para o motorista e passageiros, o que é justificável.

Falando de revisões, vantagem para o Taos, que oferece as três primeiras gratuitamente aos compradores do VW. Para completar as seis primeiras, o cliente gasta o total de R$ 2.644 nas revisões de 40 mil km, 50 mil km e 60 mil km. Já o Compass cobra um total de R$ 4.378 pela seis primeiras, sendo que o intervalo é maior: a cada 12 mil km.

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Desempenho

Compass é mais potente, mas Taos oferece um melhor desempenho geral

Projetos semelhantes em termos gerais: motor turboflex e câmbio automático de seis marchas para ambos com tração dianteira. No caso do Compass, um 1.3 que rende até 185 cv e 27,5 mkgf, enquanto o Taos aposta no 1.4 de 150 cv e 25,5 mkgf. Nos dois casos há aletas para trocas de marcha no volante, além da possibilidade de realizar as trocas pela alavanca.

Na letra fria da lei, os números do Compass deveriam fazer dele melhor em desempenho. São 35 cv e 2 mkgf a mais que o conjunto do Taos, mas também 169 kg extras com o carro em ordem de marcha.

Outra coisa que conta é que apesar de ter menos torque, o motor da VW mantém a entrega máxima por mais tempo. O pico de torque, que é o mais importante para retomadas e ultrapassagens, que o Taos faz muito bem, é mantido entre 1.500 rpm e 4.000 rpm.

Com isso é possível aproveitar por mais tempo o torque máximo, enquanto o da Jeep bate o máximo a 1.750 rpm, mas não mantém um platô de entrega.

Na prática, o que vemos é uma resposta mais ágil do Taos nas retomadas e acelerações, mesmo no modo normal de condução se comparado ao Compass.

Em termos de dirigibilidade, o Compass melhorou muito na reestilização. Tem uma suspensão mais firme, estável e ainda confortável como era a anterior. O ajuste de direção também está melhor, especialmente na estrada, quando passa mais precisão.

O Taos, como os demais modelos da Volkswagen, já nasceu com um bom acerto de suspensão e que se destaca se comparado ao do Compass, passando mais estabilidade. As respostas da direção também são mais diretas que a do rival da Jeep.

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Vencedor

Taos tem pontos importantes a seu favor e vence duelo apertado contra o Compass

A vitória do Taos não veio fácil, mas mostra as qualidades do novo SUV da Volkswagen. Ser bom de dirigir e espaçoso como se espera de um carro familiar conta muito a seu favor, além do porta-malas superior.

O bom desempenho, mesmo com números inferiores aos que gera o Compass, também merece destaque, assim como as qualidades das quais já se esperava do novo produto da plataforma MQB: dirigibilidade e respostas precisas.

Se o pacote não é o mais inovador em termos de equipamento, onde o Compass sobra por oferecer mais do que o esperado, ele também não deixa faltar o essencial que o resto da categoria oferece, ficando bem posicionado assim.

Ele tem sim suas falhas, como todo carro, especialmente em termos de acabamento e reutilização de partes dos demais VW, mas consegue escondê-las bem, tanto pelo aprendizado que trouxe dos "irmãos" SUV da companhia quanto pelo destaque que traz nas suas qualidades.

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