Territory, Compass e Equinox

Novidade da Ford encara líder da categoria e desafiante da GM pelo posto de melhor SUV médio

Vitor Matsubara Do UOL, em São Roque (SP) Murilo Góes/UOL

Foi de bem longe que a Ford convocou o Territory para entrar na briga dos SUVs médios no Brasil. Feito na China, o carro estreia com a difícil missão de encarar um dos utilitários esportivos mais bem sucedidos do país: o Jeep Compass.

Antes de tentar brigar pela liderança, o SUV chinês precisará enfrentar uma pequena legião de concorrentes. Entre eles, destaca-se o Chevrolet Equinox, que, pode até não vender bem, mas possui diversas qualidades para colocar um ponto de interrogação na cabeça de quem pensa em comprar um carro novo.

É por isso que UOL Carros decidiu reunir os três modelos para um tira-teima. À princípio a intenção era chamar o Tiguan Allspace para o confronto, mas a Volkswagen não possuía o carro para testes.

Quanto ao Compass, a Jeep só dispunha da versão Longitude no período em que realizamos as fotos, mas, para efeito de comparação, a configuração analisada será a Limited, que traz a mesma motorização.

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Ficha técnica: Ford Territory Titanium

Preço: R$ 187.900

Motor: 1.5, 16V, 4 cilindros em linha, turbo, gasolina

Câmbio: CVT

Potência: 150 cv a 5.300 rpm

Torque: 22,9 kgfm entre 1.500 rpm e 4.000 rpm

Consumo: 9,8 km/l / 10 km/l (gasolina)

0 a 100 km/h: 11,8 s

Velocidade máxima: 180 km/h

Dimensões: comprimento, 4,58 m; largura, 1,93 m; altura, 1,67 m; entre-eixos, 2,71 m

Peso: 1.632 kg

Porta-malas: 388 litros

Tanque: 52 litros

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Ficha técnica: Jeep Compass Limited

Preço: R$ 153.990

Motor: 2.0, 16V, 4 cilindros em linha, flex

Câmbio: automático, seis marchas

Potência: 166 cv / 159 cv a 6.200 rpm

Torque: 20,5 kgfm / 20 kgfm a 4.000 rpm

Consumo: 6,1 km/l / 7,5 km/l (etanol) e 8,8 km/l / 10,8 km/l (gasolina)

0 a 100 km/h: 10,6 s

Velocidade máxima: 192 km/h

Dimensões: comprimento, 4,41 m; largura, 1,81 m; altura, 1,64 m; entre-eixos, 2,63 m

Porta-malas: 410 litros

Tanque: 60 litros

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Ficha técnica: Chevrolet Equinox Premier

Preço: R$ 163.690

Motor: 1.5, 16V, 4 cilindros em linha, turbo, gasolina

Câmbio: automático, seis marchas

Potência: 172 cv a 5.600 rpm

Torque: 27,8 kgfm a 2.500 rpm

Consumo: 9,5 km/l / 11,7 km/l (gasolina)

0 a 100 km/h: 9,2 s

Velocidade máxima: 199 km/h

Dimensões: comprimento, 4,65 m; largura, 1,83 m; altura, 1,69 m; entre-eixos, 2,72 m

Peso: 1.551 kg

Porta-malas: 468 litros

Tanque: 56 litros

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Design

Territory é genérico, mas atual; Equinox e Compass estão envelhecidos

Ninguém vai achar estranho se você achar que já viu o Territory em algum lugar. Ele parece muito com a primeira geração do Range Rover Evoque - e não é só por um ângulo. Uma análise rápida aponta semelhanças nos desenhos dos faróis e lanternas, na barra horizontal que percorre a tampa do porta-malas e até nas letras do nome "Territory" coladas na traseira.

Mesmo com a nítida falta de identidade, o novo SUV da Ford não é feio. Só causa um pouco de estranheza o fato de o SUV ser tão descolado da identidade visual da Ford.

O estilo parrudo traz a reestilização realizada há poucos meses na China, que incluiu mudanças no desenho da grade frontal e nos para-choques. As luzes de iluminação diurna por LEDs ficam no para-choque e mudam de cor quando a seta é acionada.

Equinox e Compass ainda são modernos e agradam, mas já dão sinais da idade. Enquanto o modelo da Chevrolet é o mesmo desde 2017 e já está até fora de sintonia com a identidade visual da marca lá fora, o SUV da Jeep é ainda mais velho: desde 2016 ele não passa por atualizações - algo que deve acontecer no ano que vem.

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Vida a bordo

Territory parece de categoria superior

Quem entra no Territory se impressiona com o nível de sofisticação. Parece até que estamos em um carro de categoria superior, especialmente quando comparado ao Compass - que já se sobressai pelo bom nível de acabamento.

Contribui para essa impressão de requinte o uso de materiais de qualidade, como o couro claro. Até a questionável imitação de madeira não fica tão ruim no conjunto. O painel digital e a tela de 10,2 polegadas da central multimídia ajudam a dar um visual de sofisticação, algo que está presente em menor escala nos concorrentes.

Como é largo (1,93 metro) e tem uma boa distância entre eixos (2,71 metros), o Territory possui ótimo espaço interno, especialmente no banco de trás. Não é exagero dizer que três adultos conseguem viajar com relativo conforto.

O Equinox, porém, não fica muito atrás. O plástico é suave ao toque dos dedos e o couro dos bancos é de boa qualidade. Alguns comandos, porém, não estão tão bem posicionados e são até difíceis de operar, como o pequenino botão giratório dos faróis.

Como já mencionamos, o Compass também não decepciona, mas sua qualidade de construção ainda está um degrau abaixo dos dois rivais. Mesmo assim, é dele a melhor ergonomia do trio: todos os comandos estão bem localizados e são fáceis de serem encontrados.

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Desempenho

Equinox não dá chance para rivais

Desempenho é uma das principais virtudes do Equinox e isso fica ainda mais claro diante dos rivais.

O SUV é movido por um motor 1.5 turbo de 172 cv e 27,8 kgfm de torque máximo abastecido apenas com gasolina.

São números bem superiores aos de Compass (166 cv e 20,5 kgfm com etanol) e Territory (150 cv e 22,9 kgfm somente com gasolina).

O modelo da Jeep, inclusive, é o único do trio com tecnologia bicombustível, o que pode ser um diferencial importante para alguns clientes. Mesmo assim, ele é o mais lento dos carros, em parte por culpa do câmbio automático de seis marchas, que tem funcionamento um pouco lento em acelerações e retomadas.

Nos números de aceleração 0 a 100 km/h, o Equinox vence fácil todos os concorrentes: são 9,2 segundos contra 10,6 segundos do Compass e 11,8 segundos do Territory.

Bom lembrar também que o Territory é o único deles com transmissão do tipo CVT, que no caso simula oito marchas. Os demais apostam na caixa automática convencional com conversor de torque de seis velocidades.

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Equipamentos

Territory é completão e leva a melhor

Os três modelos são bem equipados. Todos trazem controles de estabilidade e de tração, assistente de partida em rampas, ar-condicionado digital (uma zona só no Territory, duas em Compass e Equinox), assistente de estacionamento semiautônomo, destravamento das portas sem chave, partida do motor por botão, acendimento automático dos faróis, câmera de ré e banco do motorista com regulagens elétricas.

Por R$ 187.900, a versão Titanium Plus oferece itens de segurança como alerta de colisão frontal, piloto automático adaptativo e sistema de frenagem de emergência. Há ainda exclusividades, como iluminação ambiente personalizável e o prático sistema de câmeras com visão em 360 graus - controlado por toques na imprecisa tela tátil ou pelo seletor giratório que fica próximo à manopla do câmbio.

O modelo da Chevrolet sai por R$ 163.690 e fica devendo pouco para o rival. Traz muitas das assistências de condução do Territory, com exceção do piloto automático - que é "convencional" em vez de adaptativo.

Assim como no Ford, ele vem com sensores de estacionamento dianteiros e traseiros, teto solar elétrico e carregador de celular sem fio. E só ele oferece controle de velocidade em descidas, porta-malas com sensor debaixo do veículo para abertura elétrica e um estranho alerta de colisão que faz o banco do motorista vibrar em iminência de batida.

O Compass (R$ 153.990) é o único a trazer 7 airbags (os demais contam com 6 bolsas infláveis), mas não se equipara em conteúdo com Territory e Equinox. O pacote de itens de auxílio à condução pode ser adquirido por R$ 7 mil, enquanto o teto solar custa mais R$ 8 mil. Para equipará-lo ao Ford é preciso desembolsar R$ 172.690, bem menos do que o cobrado pelo Territory.

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Custo-benefício

Territory é barato de manter, mas Equinox é melhor negócio

A Ford aposta nos custos de manutenção para fisgar clientes da concorrência. Por isso, as três primeiras revisões totalizam R$ 1.382, quase o mesmo do que os R$ 1.400 pedidos no Equinox, mas bem menos do que os R$ 2.217 do Compass.

Além disso, a fabricante oferece uma condição especial de seguro por 1,9% do valor do veículo - ou seja, R$ 3.760 no caso da versão Titanium. É um preço bastante competitivo frente a médias estimadas de R$ 4.400 pelo Compass e R$ 4.700 para donos do Equinox.

Durante sua apresentação, a montadora também citou custos mais baixos do que a concorrência em cestas de peças de manutenção não programada e peças de colisão, mas sem discriminar quais seriam os componentes.

Quem adquirir o SUV da Ford em pré-venda terá um ano de seguro e três primeiras revisões grátis. Mas é preciso correr, uma vez que os benefícios valem apenas para os primeiros 250 veículos.

Apesar das condições (que em sua maioria são válidas apenas no lançamento), fazendo as contas é possível concluir que o Equinox oferece uma lista de itens de série quase tão completa quanto a do Territory, traz melhor desempenho e custa R$ 24 mil a menos. Assim, a melhor relação custo-benefício é do modelo da GM.

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Vencedor

Territory supera Equinox por pouco

Engana-se quem pensa que a vitória do Territory foi tranquila. O Equinox quase desbancou a novidade da Ford ao trazer um pacote de equipamentos quase tão generoso, melhor desempenho e preço menor.

Porém, o SUV chinês levou a melhor no comparativo por ser dono de um projeto mais moderno, ser mais bem equipado e apresentar custos de manutenção mais baixos - pelo menos neste primeiro momento.

Quanto ao Compass, ele continua sendo uma opção muito interessante para quem procura um carro novo. Porém, seu projeto já dá sinais de cansaço e não é capaz de competir em pé de igualdade com os rivais mais modernos.

O jogo pode virar a partir do ano que vem, quando o SUV será atualizado e ganhará um inédito motor 1.3 turbo, que promete ser mais eficiente do que o atual 2.0 flex.

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