T-Cross x Tracker

SUVs compactos têm motor turbo flex e muita tecnologia; veja qual é a melhor opção nas versões de topo

Alessandro Reis Do UOL, em São Paulo (SP) Murilo Góes/UOL

Disputa acirrada

O Chevrolet Tracker acaba de chegar às concessionárias com a ambição de atingir a liderança de vendas na categoria de SUVs compactos, a que mais cresce no Brasil. Equipado com motor turbo flex em todas as versões, estreia com preços competitivos, visual caprichado e oferta de muita tecnologia e conectividade - sem esquecer da segurança.

Maior do que seu antecessor e construído sobre a nova plataforma global de compactos da General Motors, cujo desenvolvimento foi centralizado na China, o Tracker, de fato, chega com credenciais fortes.

Por outro lado, o Volkswagen T-Cross, desenvolvido e também vendido na Europa, estreou no País há cerca de um ano trazendo características bem parecidas: não tem versão com motor aspirado e traz alguns equipamentos que a concorrência não oferece.

Colocamos frente a frente os dois rivais diretos nas versões de topo, trazendo tudo a que têm direito. A semelhança entre ambos, inclusive, rendeu troca de provocações entre as marcas nas redes sociais.

De um lado, o Tracker Premier, equipado com o inédito motor 1.2 turbo mais transmissão automática e que traz preço sugerido de R$ 112 mil em pacote fechado.

Do outro, está o T-Cross Highline 250 TSI, que sai por R$ 114.990, sem contar os itens opcionais. Nessa configuração, tem sob o capô o mesmo motor 1.4 turbo e bicombustível que equipa VW Jetta, Tiguan Allspace e os recém-chegados Polo e Virtus GTS. O câmbio é igualmente automático nessa versão.

Qual deles leva a melhor no duelo?

Volkswagen T-Cross Highline 250 TSI

Ficha técnica

Preço inicial: R$ 114.990
Motor: 1.4 turbo flex de 4 cilindros, com injeção direta
Câmbio: automático de seis marchas, tração dianteira
Potência: 150 cv a 5.000 rpm
Torque: 25,5 kgfm a 1.400 rpm
Consumo (urbano / rodoviário): 7,7 km/l (etanol) e 11 km/l (gasolina) / 9,3 km/l (etanol) e 13,2 km/l (gasolina)
Aceleração de 0 a 100 km/h: 8,7 segundos
Dimensões: comprimento, 4,20 m; altura, 1,57 m; largura, 1,76 m; distância entre eixos, 2,65 m
Pneus: 205/55 R17
Peso em ordem de marcha: 1.335 kg
Volume do porta-malas: 373 litros

Chevrolet Tracker Premier

Ficha técnica

Preço: R$ 112 mil
Motor: 1.2 turbo flex de 3 cilindros, com injeção indireta
Câmbio: automático de seis marchas, tração dianteira
Potência: 133/132 cv a 5.500 rpm
Torque: 21,4/19,4 kgfm a 2.000 rpm
Consumo (urbano / rodoviário): 7,7 km/l (etanol) e 11,2 km/l (gasolina) / 9,4 km/l (etanol) e 13,5 km/l (gasolina)
Aceleração de 0 a 100 km/h: 11,1 segundos
Dimensões: comprimento, 4,27 m; altura, 1,62 m; largura, 1,79 m; distância entre eixos, 2,57 m
Pneus: 215/55 R17
Peso em ordem de marcha: 1.271 kg
Volume do porta-malas: 393 litros

Murilo Góes/UOL Murilo Góes/UOL

Equipamentos

Tracker vence por trazer mais itens de série

Oferecido em cinco versões sem opcionais, o Tracker Premier vem muito recheado por R$ 112 mil: traz teto solar panorâmico, assistente de estacionamento semiautônomo, carregamento de celulares por indução, central multimídia com tela tátil de oito polegadas, Android Auto, Apple CarPlay, 4G dedicado, roteador Wi-Fi para até sete dispositivos simultâneos e o sistema de assistência remota OnStar.

O acesso à internet é gratuito por três meses ou até 3 GB de dados, o que vencer primeiro. Depois, é cobrada uma mensalidade.

O Chevrolet também conta com sensor de chave, partida do motor por botão, duas portas USB no banco traseiro, ar-condicionado automático de uma zona, faróis e lanternas full-LED com ajuste de altura, rodas de liga leve de 17 polegadas, controlador de velocidade de cruzeiro, câmera de ré, sensores de chuva e crepuscular e sensores de estacionamento laterais, dianteiros e traseiros.

Já o T-Cross Highline, quase R$ 3 mil mais caro, não tem 4G dedicado nem Wi-Fi, tampouco recarga de celular sem fio - porém, traz de série a maioria dos itens citados acima, incluindo central multimídia com tela sensível ao toque, igualmente de oito polegadas, com câmera traseira e compatibilidade com os sistemas Android e iOS.

O modelo da VW também tem recursos exclusivos, que fazem bastante diferença no dia a dia: GPS nativo, painel de instrumentos 100% digital em tela de 12,3 polegadas com alta resolução, suporte para celulares no painel com porta USB, saída do ar-condicionado para o banco de trás, banco do motorista com ajuste lombar, banco do passageiro rebatível, rebatimento elétrico dos retrovisores e porta-luvas refrigerado.

No entanto, alguns equipamentos não essenciais que o Tracker oferece são opcionais no T-Cross e elevam - e muito - o preço final. O teto solar panorâmico custa R$ 4.850 adicionais, enquanto os faróis de LEDs (com luz alta automática) e o assistente de estacionamento são vendidos em um pacote de R$ 6,1 mil, que agrega também o som premium Beats com subwoofer - indisponível no concorrente.

O utilitário esportivo da Volkswagen também conta com opção de pintura bicolor, que o Chevrolet não tem, por R$ 1.920. Completo, chega a custar R$ 127.860, incluindo a pintura metálica das fotos.

No Tracker, as pinturas metálicas saem por R$ 1,6 mil extras.

Murilo Góes/UOL Murilo Góes/UOL

Desempenho e consumo

T-Cross anda mais com mesma eficiência do rival

Tanto o Tracker quanto o T-Cross têm motores modernos e econômicos, equipados com turbo e tecnologia flex. Ambos também oferecem desempenho empolgante na comparação com a maioria dos demais SUVs compactos, bem como posição de dirigir agradável e câmbio automático de seis marchas com trocas rápidas.

O modelo da Chevrolet anda muito bem com seu motor 1.2 de até 133 cv a 5.500 rpm e 21,4 kgfm a 2.000 rpm, transmitindo segurança nas acelerações e nas retomadas.

Porém, o T-Cross Highline está em um nível acima com o 1.4 TSI de 150 cv a 5.000 giros e 25,5 kgfm a apenas 1.400 rotações - dotado de injeção direta, enquanto no concorrente ela é indireta. Anda muito mais: vai de zero a 100 km/h em 8,7 segundos, contra 11,1 segundos do rival.

O VW vai além ao oferecer aletas no volante para troca manual de marchas, também feita na alavanca de câmbio, ao movê-la para frente ou para trás. No Chevrolet, as trocas são feitas por meio de um inconveniente botão no pomo da transmissão.

Para completar, o T-Cross tem seletor de modos de condução, que permite ajustar pedal do acelerador, câmbio e assistência da direção elétrica para uma tocada mais econômica ou mais esportiva.

Por falar em economia, os números de consumo da dupla aferidos pelo Inmetro são bastante parecidos: com gasolina, o Tracker faz 11,2 km/l na cidade e 13,5 km/l na estrada. Com etanol, as médias caem para, respectivamente, 7,7 km/l e 9,4 km/l.

Por sua vez, o VW percorre 11 km/l e 13,2 km/l com gasolina no tanque e 7,7 km/l e 9,3 km/l com etanol.

Murilo Góes/UOL Murilo Góes/UOL

Conforto e acabamento interno

SUV da Volks leva a melhor nesses quesitos

Uma das provocações da GM à Volkswagen nas propagandas do Tracker citou o acabamento interno do rival, que, segundo clientes, tem excesso de plásticos rígidos.

A afirmação é verdadeira, mas o Tracker também abusa desse tipo de material, como a maior parte dos modelos da sua categoria. Por dentro, não é muito diferente dos "irmãos menores" Onix e Onix Plus, exceto pela seção central do painel, que exibe, na versão de topo, revestimento de vinil azul-escuro macio ao toque com costuras aparentes. O material também está presente em boa parte do revestimento das portas dianteiras.

Já as portas traseiras têm acabamento totalmente de plástico rígido.

É assim com o T-Cross, mas a configuração Highline tem um aspecto mais moderno, combinando materiais de diferentes cores e texturas no painel e nos bancos - são superfícies rígidas, mas que agradam mais aos olhos.

No VW, o porta-malas é revestido de carpete e tem tomada 12V, enquanto no Chevrolet o revestimento é de plástico - ambos os compartimentos são iluminados.

Embora tenha porta-malas ligeiramente menor (373 litros contra 393 litros), o T-Cross oferece um sistema de inclinação do encosto que amplia o espaço para bagagens a 420 litros.

O VW também é um pouco mais estreito, baixo e curto, mas tem entre-eixos 8 cm maior e, por conta disso, há mais lugar para as pernas no banco traseiro.

O T-Cross oferece, ainda, um rodar um pouco mais confortável ao lidar com buracos, lombadas e valetas.

Murilo Góes/UOL Murilo Góes/UOL

Segurança

T-Cross é melhor ao oferecer freios a disco nas 4 rodas

Após a geração anterior do Onix levar nota zero em teste de impacto, a Chevrolet arregaçou as mangas e passou a valorizar mais a segurança nos projetos de seus carros compactos.

O Tracker vai bem nesse sentido e tem tudo para ser avaliado com as mesmas 5 estrelas, nota máxima, que Onix e Onix Plus ganharam em avaliação do Latin NCAP. O T-Cross já foi testado e levou as cinco estrelas.

Tanto o Chevrolet quanto o Volkswagen oferecem seis airbags em todas as versões, mais controles de tração e estabilidade com assistente de partida em rampa e Isofix. A dupla também traz sistema de vetorização de torque, que freia a roda interna à curva para manter o veículo na trajetória.

Apenas o representante da General Motors conta com alertas de ponto cego e de colisão, além de frenagem automática de emergência, que funciona apenas para veículos e com velocidade de até 80 km/h.

Por outro lado, o Tracker tem freios a tambor no eixo traseiro, enquanto o T-Cross traz discos nas quatro rodas. Ao rodar, é nítido que o VW exige menos pressão no pedal para parar, o que não significa que o SUV da Chevrolet é inseguro - para compensar, ele traz sistemas de frenagem em linha reta e de prevenção ao "fading" , quando os freios perdem a eficiência ao serem muito exigidos.

O modelo da VW, por sua vez, conta com frenagem automática em manobras traseiras, que o adversário não oferece.

Murilo Góes/UOL Murilo Góes/UOL

Preço e revisões

Tracker vence por margem apertada

Já mostramos que o Tracker Premier é praticamente mais barato do que o T-Cross, trazendo bom pacote de itens de série e equipamentos que são opcionais ou estão indisponíveis no rival.

Portanto, considerando apenas o preço, a vantagem para o SUV da Chevrolet é indiscutível.

O T-Cross contrabalança o jogo ao oferecer as três primeiras revisões grátis, exceto pela versão Sense, voltada para clientes PCD (pessoas com deficiência).

As revisões do Volkswagen são realizadas a cada 10 mil km ou 12 meses, o que vencer primeiro. A quarta sai por R$ 1.040, a quinta custa R$ 531,10 e a sexta, R$ 651,70. Ou seja, nos primeiros 60 mil km rodados, o custo é de R$ 2.222,80.

Já no caso do Tracker, as seis revisões iniciais, feitas nos mesmos intervalos, custam, respectivamente, R$ 284, R$ 576, R$ 480, R$ 640, R$ 456 e R$ 576. O total é de R$ 3.012.

Nos primeiros 60 mil km, portanto, o SUV da GM cobra R$ 789,20 a mais.

Porém, as revisões de 70 mil km a 100 mil km do VW saem por R$ 2.753,90, valor R$ 333,90 mais elevado na comparação com o Tracker.

Assim, as revisões periódicas até 100 mil km são R$ 455,30 mais caras para o modelo da Chevrolet.

A diferença é pequena, ainda mais levando em conta que o Tracker é R$ 3.000 mais barato.

Dá quase um empate técnico. Mas o SUV da GM vence por margem apertada.

Murilo Góes/UOL Murilo Góes/UOL

Vencedor

Mesmo mais caro, T-Cross ganha no conjunto

Por conta dos preços, da variedade de versões, dos itens de série e do design que agrada bastante, acredito que o Tracker poderá, sim, tornar-se o SUV mais vendido do Brasil em pouco tempo - até porque traz vários elementos comuns ao Onix, que é o carro mais emplacado do País há cinco anos consecutivos.

Porém, comparando as versões topo de linha, a vitória fica com o T-Cross por conta do conjunto mais equilibrado e amadurecido. O VW anda mais, tem motor eficiente, é seguro e também muito bem equipado, trazendo de série a maioria dos itens que realmente importam no dia a dia.

A mecânica do SUV da Volkswagen está mais do que testada e aprovada. No caso do Tracker, trata-se de um produto e de um motor totalmente novos, sem contar os casos de incêndio que afligiram recentemente o Onix Plus. Acredito que as falhas foram solucionadas pela fabricante, mas é natural o cliente ficar, ao menos em um primeiro momento, com o pé um pouco atrás.

Quanto ao 4G do Chevrolet, é uma tecnologia que a Volkswagen deverá introduzir na sua linha cedo ou tarde, talvez já com a chegada do Nivus, no segundo semestre. Porém, hoje, não senti muita falta do recurso - com o plano de dados do celular, dá para fazer quase tudo na central multimídia, como acessar músicas e outras informações.

Leia também

Murilo Góes/UOL

Equinox x Compass

Motor turbo e visual esportivo fazem SUV da Chevrolet desafiar atual líder do segmento

Ler mais
Murilo Góes/UOL

Audi Q3 x Volvo XC40

Veja qual destes SUV compacto premium merece estar na sua garagem

Ler mais
Murilo Góes/UOL

Mobi x Kwid

Comparamos as versões topo de linha dos carros mais baratos do Brasil

Ler mais
Topo