Corolla Cross x Compass

Novo modelo da Toyota encara líder do segmento de SUVs médios

José Antonio Leme do UOL, em São Paulo (SP) Arte/UOL

O ditado popular diz que "quem é rei nunca perde a majestade". No mercado de carros, a chegada de novos concorrentes sempre busca desafiar o dono da coroa.

Liderando o mercado de SUVs médios desde seu lançamento, o Jeep Compass passa por sua primeira reestilização e, se não foi agressivo em alterar o que você vê por fora, foi em todo o resto.

Dessa vez, o postulante a roubar o espaço do SUV feito em Goiana (PE) é o Toyota Corolla Cross. O modelo chegou com a missão de tentar fazer frente ao líder e surfar no sucesso do irmão sedã, apostando inclusive no mesmo nome.

Agora resta saber quem é melhor: o líder renovado ou o novato de "sobrenome" famoso? É o que vamos descobrir aqui em UOL Carros!

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Jeep Compass S

Preço: R$ 187.990 (R$ 194.244 São Paulo)

Motor: 1.3, 16V, 4 cilindros, turbo, flex

Câmbio: Automático, 6 marchas

Potência: 180 cv (gasolina) / 185 cv (etanol) a 3.750 rpm

Torque: 27,5 kgfm a 1.750 rpm

Consumo: Cidade: 10,2 km/l (gasolina) / 7,2 km/l (etanol) Estrada: 11,7 km/l (gasolina) / 8,3 km/l (etanol)

0 a 100 km/h: 9,8 s (gasolina) / 9,4 s (etanol)

Velocidade máxima: 203,5 km/h (gasolina) / 206 km/h (etanol)

Dimensões: comprimento, 4,40 m; largura, 1,81 m; altura, 1,62 m; entre-eixos, 2,63 m

Peso: 1.589 kg

Porta-malas: 476 litros

Tanque: 60 litros

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Toyota Corolla Cross XRX

Preço: R$ 184.490 (R$ 191.190 São Paulo)

Motor: 1.8, 16V, 4 cilindros, flex + dois elétricos

Câmbio: Automático, CVT transeixo

Potência: 101 cv (etanol) / 98 cv (gasolina) a 5.200 rpm + 72 cv (elétricos); combinado: 122 cv

Torque: 14,5 kgfm a 3.600 rpm (gasolina/etanol) + 16,6 mkgf (elétricos)

Consumo: Cidade: 11,8 km/l (etanol) e 17 km/l (gasolina) / Estrada: 9,6 km/l (etanol) e 13,9 km/l (gasolina)

0 a 100 km/h: 13 s

Velocidade máxima: 170 km/h

Dimensões: comprimento, 4,46 m; largura, 1,82 m; altura, 1,62 m; entre-eixos, 2,64 m

Peso: 1.450 kg

Porta-malas: 440 litros

Tanque: 32 litros

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Design

Ainda que polêmico, Corolla Cross tem personalidade

O Corolla Cross, apesar de querer surfar no sucesso do irmão sedã, escolheu um caminho próprio no que diz respeito ao visual. Polêmico: afinal, não tem a mesma verve esportiva que a Toyota conseguiu inserir na aparência do Corolla sedã e do RAV4, por exemplo.

Ainda assim, vale dizer que o Corolla Cross conseguiu encontrar uma boa fórmula que deve agradar, especialmente, ao consumidor da marca japonesa que não tem no quesito inovação visual uma das suas prioridades.

Mesmo sem ter tamanha esportividade na aparência, ele tem uma pegada agressiva na dianteira com a grade enorme, os faróis mais estreitos e compridos. A lateral não passa tão despercebida graças aos vincos sobre as caixas de roda, enquanto a traseira tem linhas marcantes com as lanternas compridas

Já o Compass chegou na linha 2022 com sua primeira reestilização após cinco anos de mercado, mas diferentemente do que se esperava apostou em uma tímida alteração visual.

Os faróis mudaram, mas é quase um jogo de sete erros para ver as diferenças para quem não é atento. Na traseira, as lanternas foram mantidas, mas têm novos grafismos. Lateralmente, o carro é o mesmo e, na versão S, a diferença é ter a moldura das caixas de roda na cor da carroceria.

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Equipamentos

Compass é conectado e inovador; Corolla Cross não fez mais que a lição de casa

No quesito equipamentos, o Compass S dá um passeio em cima do Corolla Cross XRX. Eles têm equipamentos semelhantes e são bem completos, mas o Compass vai além na entrega, especialmente em comodidades e conectividade.

De série, ambos oferecem controles de tração e estabilidade, controle de velocidade adaptativo (ACC), frenagem autônoma de emergência com alerta de colisão frontal, leitor de faixa com correção no volante, alerta de ponto cego e de tráfego traseiro cruzado.

Trazem também câmera de ré, assistente de partida em rampa e faróis de LEDs com ajuste de altura. Há ainda, nos dois SUVs, sensores de estacionamento dianteiro e traseiro, ar-condicionado com duas zonas e saída traseira e banco com sistema de fixação Isofix para cadeirinhas.

O empate também acontece no número de airbags: sete nos dois modelos. O teto solar do Toyota é convencional, enquanto no Jeep é do tipo panorâmico, que oferece mais luminosidade e ventilação quando aberto.

A central multimídia do Compass tem 10" e alta resolução, além de ser sensível ao toque, enquanto a do Corolla Cross vem com tela de 8" também sensível ao toque, mas com resposta mais lenta e sem definição de imagem, além de ter botões físicos. Ambas têm integração com Android Auto e Apple CarPlay, no caso do Jeep com ou sem fio.

E aí começam os extras oferecidos pelo Compass: monitor de pressão dos pneus, freio de estacionamento elétrico contra de pedal do Corolla, detector de fadiga, assistente de estacionamento, abertura elétrica do porta-malas e painel totalmente virtual, contra o painel parcialmente digital do Corolla.

Há, ainda, navegador GPS integrado e carregador de celular por indução no Jeep. O último item disponível no Corolla apenas como acessório comprado na concessionária. Aletas atrás do volante para troca de marcha também é outra exclusividade do Compass. O Toyota só oferece na versão de topo a combustão XRE.

O Compass oferece ainda leitor de placas, internet 4G a bordo para até oito dispositivos e o sistema de concierge e rastreamento do veículo, que faz chamadas de emergência automaticamente em caso de acidente, além de permitir por meio de um app fazer a partida remota e estipular uma série de limites para o carro, como velocidade, trajeto e horário de circulação.

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Vida a bordo

Espaço interno, porta-malas e acessos são melhores no Compass

O Toyota acomoda bem os ocupantes, é verdade, mas o Compass faz melhor, especialmente para quem vai sentado atrás. No entanto, em qualquer um dos dois o passageiro traseiro que vai sentado no meio sofre com um túnel central largo, mas nem tanto elevado.

No Corolla Cross, a Toyota apostou em bancos dianteiros mais curvados, para tentar aumentar o espaço para os joelhos de quem vai sentado atrás e permitir uma posição com um pouco mais de espaço.

Para quem vai na frente, o Compass oferece uma posição de guiar mais elevada, até por ser mais alto se comparado ao Corolla, que é um dos atrativos para quem escolhe esse tipo de veículo.

O acabamento do Jeep melhorou muito e com isso ele abriu uma distância grande do Corolla tanto em termos do que se vê quanto do que se sente no toque, falando dos materiais usados na cabine.

A ergonomia dos comandos é melhor no Compass e a quantidade e disposição dos porta-objetos também se comparado com o Corolla Cross. Os bancos dianteiros são bons em ambos e abraçam bem motorista e passageiro nas laterais.

Em termos de porta-malas, o Compass oferece 476 litros contra 440 litros do Corolla Cross. Além disso, o Jeep conta com abertura elétrica - pela cabine, pela chave ou por gestos com o pé sob o para-choque traseiro - enquanto tudo é manual no Toyota.

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Custo-benefício

Compass cobra mais para entregar mais e justifica preço extra

Com preço de R$ 187.990, o Compass é R$ 3.500 mais caro que o Corolla Cross, que custa R$ 184.490 na versão de topo - valores para todo o País - exceto São Paulo, onde o ICMS é maior e, por isso, encarece os veículos comercializados no Estado.

Mas os R$ 3.500 a mais que o Jeep pede ante ao Toyota são totalmente justificáveis. Ele oferece muito mais coisas, mais conforto e requinte se comparado ao Corolla.

Em termos de revisão, a diferença é pequena, mas é a favor do Compass novamente. O pacote de seis revisões custa um total de R$ 4.378 no Jeep e R$ 4.625.06 no Toyota.

Outra vantagem do Compass é que as revisões acontecem em um intervalo maior: a cada 12 mil km, contra 10 mil km do Corolla Cross.

Os valores de cada revisão do Compass é de R$ 377, R$ 665, R$ 682, R$ 686, R$ 1.166 e R$ 802, respectivamente. Já no Toyota, os valores são de R$ R$ 443,06, R$ 846, R$ 600, R$1.182, R$ 594 e R$ 960.

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Desempenho

Motor 1.3 turboflex do Jeep entrega melhor desempenho; Toyota é um assombro de economia na cidade

Com filosofias diferentes, Compass e Corolla Cross se saem melhor em ambientes distintos. O Compass estreou o motor 1.3 turboflex da Stellantis de até 185 cv e 27,5 mkgf e câmbio automático de seis marchas.

O Toyota apostou no conjunto híbrido, o mesmo que é entregue no sedã, com um 1.8 flex e dois elétricos que combinados entregam 122 cv e 14,5 e 16,6 mkgf. O câmbio é o automático CVT transeixo.

O ambiente rodoviário mostra o melhor do conjunto do Jeep, com retomadas e ultrapassagens vigorosas, especialmente se usando o motor sport. O câmbio automático que era usado com o antigo 2.0 foi bem calibrado e "casou" perfeitamente com o novo motor - foram feitos um para o outro.

Na cidade, como o motor turbo já entrega o torque abaixo de 2 mil rpm, ele se comporta bem, ainda que os números de consumo não seja exorbitantes como do Corolla.

O Corolla Cross dá um show no ambiente urbano, onde o conjunto híbrido é mais eficiente. Conseguindo usar menos do motor a combustão para mover o carro e mais como gerador para as baterias do motor elétrico, ele chega a mostrar autonomia maior que 1.000 km no uso urbano.

O fato de apostar em um motor a combustão aspirado e câmbio CVT deixam o comportamento do Toyota bem morno quando se precisa de entrega. Pode pisar e mesmo acionando o Power mode, as respostas são lentas em retomadas e acelerações.

O Compass melhorou muito em termos de suspensão e calibragem do conjunto de direção que estão mais firmes e passam um feedback melhor do carro para o condutor.

O Toyota usa a menor distância do solo e o bom ajuste herdado do Corolla sedã para o acerto do balanço de carroceria, mas fica devendo uma relação de direção mais direta, ainda que tenha melhorado muito nos carros da plataforma TNGA.

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Vencedor

Jeep Compass fez direitinho a lição de casa para manter a liderança

A Jeep teve a sensatez de perceber onde precisava melhorar o Compass e fazer as mudanças no tempo certo. Novo motor, mais equipamentos, conectividade e um pacote de segurança e comodidade digno de marcas premium.

Tudo isso aliado a um preço um pouco mais elevado que o do Corolla Cross, mas com justificativa para cada centavo extra, isso é inegável.

Ele terá ainda que passar pela disputa com o Taos, que chegará mês que vem às lojas, mas já mostrou que um dos rivais não deve tirar seu sono na liderança da categoria.

O Toyota Corolla tem bons predicados, apostou direito no pacote de segurança ativa e passiva, mas deixa a desejar em acabamento e tecnologias para a comodidade dos ocupantes.

A sensação é que a Toyota achou que o Compass demoraria mais para mudar e se baseou apenas no que oferecia o antigo. Se foi isso, o tombo foi grande.

Ainda assim, é preciso sacramentar as vantagens do sistema híbrido que a marca tem em larga escala e que o Toyota vai atender o cliente que queria um SUV, mas ao mesmo tempo não queria se desfazer de tudo que gosta no seu sedã da marca japonesa. O séquito será mantido, sem dúvida.

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