Hyundai HB20

Ame-o ou deixe-o: vice-líder em vendas cumpre promessa por "algo memorável", mas longe de ser unanimidade

Vitor Matsubara Do UOL, em São Paulo Murilo Góes/UOL

Um vice de respeito

Brasileiro costuma desprezar vice-campeonato desde que Nelson Piquet e, posteriormente, Ayrton Senna disseram que o "segundo lugar é o primeiro dos perdedores".

Pode até ser verdade, mas não dá para negar que o Hyundai HB20, segundo carro mais vendido do país, é um sucesso absoluto. Só em 2018 foram 105.506 unidades emplacadas.

Daí você imagina o tamanho da responsabilidade da nova geração do HB20, que acaba de chegar às lojas.

A fabricante mostrou todos os modelos em uma tacada só, e foi o hatch que UOL Carros avaliou na versão Diamond Plus.

Por R$ 77.990, ele compensa o preço salgado entregando bom conteúdo e outras virtudes, mas também tem problemas.

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Tá caro, né?

Já falamos aí em cima que o HB20 Diamond Plus está longe de ser uma pechincha. A Hyundai, porém, se esforçou para justificar a etiqueta com uma boa lista de equipamentos.

O compacto sai de fábrica com itens como bancos revestidos em couro marrom, duas entradas USB (sendo uma dedicada ao carregamento de celulares), controles de estabilidade e de tração, partida do motor por botão, destravamento das portas sem chave, rodas de liga leve e direção elétrica.

A boa central multimídia fica em posição elevada no centro da cabine e traz suporte a Android Auto e Apple CarPlay. Além de trazer botões físicos para as principais funções, ela é muito fácil de navegar pelos menus.

Ainda vem com alerta de permanência em faixa (apenas um bipe sonoro, sem correção de trajetória) e um item exclusivo na categoria: frenagem autônoma de emergência. O recurso funciona por meio de uma câmera instalada no topo do para-brisa e atua de 8 a 60 km/h. A marca peca, porém, ao oferecer 4 airbags apenas a partir da versão Diamond.

Espertamente a Hyundai usa alguns recursos para fazer o HB20 parecer mais sofisticado. O velocímetro é digital, o acabamento tem apliques plásticos na cor azul e o ar-condicionado (analógico) tem um visor que dá uma cara de ar digital.

Itens avaliados

Design (4): se antes o HB20 era quase uma unanimidade, agora ele é quase um representante da escola "ame ou deixe". Os traços são polêmicos, mas ninguem pode escutar a Hyundai de falta de ousadia

Desempenho (4): o antigo motor 1.0 turbo ganhou injeção direta e agora merece destaque, mas poderia ser mais silencioso e vibrar menos.

Custo-benefício (4): o novo hatch está bem moderno e bem equipado, mas também cobra caro por isso.

Itens de série (5): além de trazer tudo que esperamos de um hatch topo de linha, o HB20 surpreende com a frenagem autônoma de emergência.

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Anda bem

O grande destaque do novo HB20 é o motor 1.0 turbo. Baseado no antigo Kappa turbinado, ele ganhou injeção direta e outras melhorias. Entrega 120 cv e torque máximo de 17,5 kgfm.

As respostas são ágeis na cidade e o carro anda muito bem na estrada, a ponto de ser difícil perceber que você está andando rápido demais.

O câmbio de seis marchas é bem escalonado, mas o nível de ruído é alto demais nas acelerações. As vibrações do motor de três cilindros são excessivas - mais do que nos outros rivais.

O consumo também podia ser melhor. Números do Inmetro indicam 8,6 km/l na cidade e 10,3 km/l na estrada quando abastecido com etanol e 12,2 km/l na cidade e 13,9 km/l na estrada com gasolina no tanque.

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"Algo memorável"

Foi assim que o designer da Hyundai classificou o projeto do novo HB20. O design é realmente o ponto mais controverso do hatch.

Até então quase unanimidade em aprovação, o carro adotou um estilo ousado inspirado no conceito Saga EV, exibido no último Salão do Automóvel de São Paulo.

A frente tem faróis com formato irregular e a grade (que é bem mais larga do que o modelo antigo) fica em uma posição mais baixa.

Nas laterais, destaque para uma seção em preto fosco nas colunas "C" que cria o efeito de teto flutuante. Atrás, as lanternas são bem maiores do que as do antecessor - e ficam em posição mais baixa também.

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Vale a pena?

Assim como fez em 2012, o HB20 tem tudo para estabelecer um novo patamar de qualidade entre os compactos de entrada no país. A segunda geração evoluiu bastante em conteúdo, tecnologia e desempenho.

O hatch se destaca ao trazer frenagem autônoma de emergência pela primeira vez na categoria, além dos controles de estabilidade e de tração e assistência de partida em rampas. Porém, a Hyundai poderia investir mais ainda em segurança se equipasse o compacto com os 6 airbags oferecidos de série em toda a linha Onix - há apenas 4 bolsas infláveis, e apenas nas versões mais caras.

O lado ruim é que as melhorias desta nova geração vieram acompanhadas de um preço bastante salgado, que coloca o HB20 em desvantagem frente aos rivais e até diante de modelos de categorias superiores.

O Chevrolet Onix Premier (cujo lançamento oficial acontecerá em dezembro) parte de R$ 69.990 com um pacote de equipamentos equivalente ao do HB20. Além disso, ainda oferece itens como carregador de celular por indução e 6 airbags. Se for completo, ele traz equipamentos inexistentes no rival, como assistente de estacionamento, alerta de pontos cegos e ar-condicionado digital. Tudo isso custa R$ 72.990.

Subindo um degrau já encontramos o Volkswagen Polo Highline 200 TSI. A versão topo de linha traz um motor 1.0 turbo com até 128 cv e custa R$ 76.990. Ele pode não trazer a frenagem autônoma do coreano, mas o hatch da VW é maior (só de comprimento são 10 centímetros a mais), mais espaçoso e ainda pode vir com equipamentos ausentes no HB20. Assim fica mais difícil a vida do compacto da Hyundai.

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Concorrentes

Divulgação

Chevrolet Onix Premier

Preço: R$ 69.990
Motor: 1.0, turbo, 12V, 3 cilindros em linha, flex
Potência: 116 cv a 5.500 rpm
Torque: 16,8 kgfm (etanol) / 16,3 kgfm (gasolina) a 2.000 rpm
Câmbio: automático de seis marchas
0 a 100 km/h: 10,9 s (etanol)
Velocidade máxima: 185 km/h (etanol)
Tanque: 44 litros
Consumo (cidade/estrada): 8,6 km/l / 12 km/l (etanol) / 10,9 km/l / 15,7 km/l (gasolina)
Dimensões: comprimento, 3,93 m; largura, 1,73 m; altura, 1,47 m; entre-eixos, 2,60 m
Porta-malas: 280 litros
Peso: 1.100 kg

Ford Ka Titanium AT

Preço: R$ R$ 68.990
Motor: 1.5, 12V, 3 cilindros em linha, flex
Potência: 136 cv / 128 cv a 6.500 rpm
Torque: 16,1 kgfm / 15,6 kgfm a 4.750 rpm
Câmbio: automático de seis marchas
0 a 100 km/h: 10,7 s (etanol)
Velocidade máxima: 181 km/h (etanol)
Tanque: 51 litros
Consumo (cidade/estrada): 7,6 km/l / 10,9 km/l (etanol) / 10,1 km/l / 14 km/l (gasolina)
Dimensões: comprimento, 3,94 m; largura, 1,69 m; altura, 1,52 m; entre-eixos, 2,49 m
Porta-malas: 257 litros
Peso: 1.135 kg

Ficha técnica

Preço: R$ 77.990
Motor: 1.0, turbo, 12V, injeção direta, 3 cilindros em linha, flex
Câmbio: automático de 6 marchas
Potencia: 120 cv a 6.000 rpm
Torque: 17,5 kgfm a 1.500 rpm
0 a 100 km/h: 10,7 s
Velocidade máxima: 190 km/h
Consumo: 8,6 km/l / 10,3 km/l / 12,2 km/l / 13,9 km/l
Dimensões: comprimento, 3,94 m; largura, 1,72 m; altura, 1,47 m; entre-eixos, 2,53 m
Porta-malas: 300 litros
Tanque: 50 litros
Peso: 1.091 kg

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