Ranger Black x Toro Ultra

Qual picape a diesel é melhor: a intermediária de topo ou a média intermediária?

José Antonio Leme Do UOL, em São Paulo (SP) Arte UOL

Aparentemente a moda do momento é transformar produtos focados em trabalho, ou que pelo menos deveriam ser, em veículos puramente de passeio e como foco no roubo de clientes dos SUVs do mercado. Com um apelo extra da motorização diesel, Ford Ranger Black e Fiat Toro Ultra têm como meta exatamente isso: ser uma alternativa aos SUVs.

E, para justificar e garantir que elas cheguem mais perto de conseguir isso com maestria, tanto Ford quanto Fiat criaram um sistema para transformar o calcanhar de Aquiles das picapes, a caçamba, em um prático e útil porta-malas.

Intermediária, localizada entre as compactas e as médias, a pernambucana Toro aposta na versão de topo Ultra para atender ao público urbano. Já a argentina Ranger aposta em uma versão intermediária na Black, posicionando-a entre a XLS e a Storm, para ser a picape com porta-malas do público cosmopolita.

Qual delas vale mais a pena? É o que vamos descobrir nesse duelo em UOL Carros!

Arte UOL
Divulgação

Ford Ranger Black

Preço: R$ 179.990

Motor: 2.2, 16V, 4 cilindros, turbo, diesel

Câmbio: Automático, 6 marchas

Potência: 160 cv a 3.200 rpm

Torque: 39,2 kgfm a 1.600-2.500 rpm

Consumo: 9,6 km/l / 11,3 km/l

0 a 100 km/h: n/d

Velocidade máxima: n/d km/h

Dimensões: comprimento, 5,35 m; largura, 2,16 m; altura, 1,84 m; entre-eixos, 3,22 m

Peso: 2.032 kg

Porta-malas: 1.180 litros

Tanque: 80 litros

Simon Plestenjak/UOL

Fiat Toro Ultra

Preço: R$ 193.717

Motor: 2.0, 16V, 4 cilindros, turbo, diesel

Câmbio: Automático, 9 marchas

Potência: 170 a 3.750 rpm

Torque: 35,7 a 1.750 rpm

Consumo: 9,9 km/l / 12,3 km/l

0 a 100 km/h: 10 segundos

Velocidade máxima: 174 km/h

Dimensões: comprimento, 4,94 m; largura, 1,84 m; altura, 1,68 m; entre-eixos, 2,99 m

Peso: 1.950 kg

Porta-malas: 937 litros

Tanque: 60 litros

Simon Plestenjak/UOL Simon Plestenjak/UOL

Design

Toro continua marcante ao olhar; Ranger Black tem requinte, mas não surpreende

No quesito design, não tem como discutir as linhas entregues pelo centro de design brasileiro da Fiat. A Toro arrebatou uma legião de fãs por isso e realmente agrada aos olhos. É moderna, diferenciada, única e marcante. O grande problema da marca, inclusive, será como manter essas qualidades em uma segunda geração.

A versão Ultra adiciona ainda mais requinte as linhas bem definidas da picape. Um santantônio integrado a parte traseira da cabine faz conjunto com a tampa rígida sobre a caçamba. O conjunto fica completo com detalhes como o logo com o nome da versão com acabamento anodizado nas portas e as rodas de liga leve com design exclusivo.

Longe de dizer que a Ranger não tem bons quesitos nesse sentido. A picape por si só tem linhas agradáveis e bem imponentes, levando em conta o porte maior que o da Toro. Na versão em questão, a Black, ganha ainda o reforço do acabamento todo preto, incluindo rodas e o santatônio emprestado da versão de topo, Limited.

A última reestilização da picape fez uma leve mudança na dianteira, principalmente, evidenciando o lado mais "esportivo" se comparado a outros modelos da mesma categoria. Ainda assim, a "pequena" Toro se destaca mais.

Simon Plestenjak/UOL Simon Plestenjak/UOL

Equipamentos

Como versão de topo, Toro Ultra vem melhor equipada que a Ranger Black

A "conta chega" na diferença entre ser um modelo de topo ou intermediário em termos de equipamento entre a Toro Ultra e a Ranger Black.

Ambas têm controles de tração e de estabilidade, assistente de partida em rampa, ar-condicionado de duas zonas, faróis de neblina, câmera e sensores de obstáculos traseiros, central multimídia com integração a Android Auto e Apple CarPlay e bancos de couro.

No caso da Toro, a central tem integração sem fio a smartphones, enquanto a Ranger tem uma tela maior - de 8 polegadas contra 7.

A Ultra tem de série volante com ajuste de distância e altura, chave presencial com partida por botão, controle de velocidade em descida (Hill Descent), ajuste elétrico para o banco do motorista e espelho interno eletrocrômico.

Completa a lista aletas para trocas de marcha atrás do volante, retrovisores com rebatimento elétrico, sensor de chuva e seis airbags. Ela já vem também com o sistema rápido de engate removível da Mopar. Na caçamba, traz a tampa rígida com capacidade de 100 kg com uma enorme bolsa de couro, a Mopar Bag. Ela serve para carregar itens menores que ficariam batendo soltos na traseira.

A favor da Ranger Black há sete airbags, painel de instrumentos com telas virtuais nas laterais do velocímetro e o sistema Ford Pass. Ele permite realizar o serviço de rastreamento e localização do veículo. O app de smartphone do serviço dá a possibilidade também de acionar o ar-condicionado e travar ou destravar as portas a distância.

Aqui, o sistema de capota rígida é um acessório de fábrica. O pacote total conta ainda com protetor de caçamba, acionamento elétrico da tampa rígida por controle remoto e uma rede presa dentro da caçamba, que faz o mesmo serviço da Mopar Bag, Para levar esse conjunto é preciso desembolar cerca de R$ 10 mil.

Em termos de equipamentos, vantagem para a Toro, especialmente no que diz respeito aos equipamentos associados à comodidade.

Divulgação Divulgação

Vida a bordo

Espaço interno e disposição é melhor na Ford Ranger

A diferença de segmento entre os dois modelos evidenciam também como o espaço a bordo das picapes poderia e foram influenciados por isso - além de outras questões como a disposição e tamanho de porta-objetos.

A Ranger Black acomoda melhor os ocupantes. Há mais espaço para os cinco adultos, apesar de o túnel central para quem vai sentado no meio atrás ser bem incômodo. Em termos de espaço, a Ranger oferece mais comodidade na distância entre os ombros dos ocupantes.

O espaço para as pernas também é maior, especialmente para quem vai atrás. No espaço para o condutor, há mais conforto e as pernas ficam menos travadas, já que a largura da picape é maior. Os porta-objetos da Ranger são maiores, em maior quantidade e melhor posicionados que os encontrados na Toro, particularmente no console central.

A Toro tem apenas espaço para um porta-copo, estreito, e a gavetinha localizada entre os bancos mal acomoda uma carteira. A Ranger Black tem uma gaveta maior e profunda, além de dividida em dois compartimentos. Na frente do console há um espaço extra e dois porta-objetos.

A ergonomia e o acesso aos comandos são bons em ambas, mas a vantagem da Ranger fica por permitir que praticamente tudo seja acessado pela própria central multimídia - até a climatização - o que reduz o tempo que o condutor é obrigado a tirar os olhos da tela para fazer ajustes.

A posição de guiar é diferente, mas boa em ambas. No caso da Toro, mesmo ficando acima da maioria dos SUVs e carros por ser mais alta, ainda é uma posição bem-parecida com a de carros de passeio. O motorista fica elevado mesmo no ajuste mais baixo, já que é natural da picape.

No caso da Ranger é possível encontrar uma posição bem próxima ao assoalho de guiar e, mesmo sem o ajuste de distância do volante, é ergonomia e muito boa. Para quem gosta de picape, mas quer uma posição de guiar mais rebaixada, é isso que a Ranger consegue entregar, diferentemente da Toro. O banco mais largo também acomoda melhor os ocupantes.

Divulgação Divulgação

Custo-benefício

Ranger apresenta suas armas em preço, custo e uso mais amplo

Com categorias diferentes, claro que o custo-benefício passa por uma série de variáveis diferentes entre Ranger Black e Toro Ultra, mas não tem como fugir da decisão com base em itens técnicos.

A Toro Ultra custa R$ 193.717, enquanto a Ranger Black sai por R$ 179.900 - somando o valor de R$ 9.501,11 dos acessórios para fechar a caçamba, chega aos R$ 189.401,11. Ou seja, mesmo necessitando de um kit de acessórios, a Ranger Black ainda consegue custar R$ 4,3 mil a menos.

Outro item que acaba contando muito na conta é o valor das manutenções. No caso da Fiat Toro Ultra, a soma das seis primeiras revisões é de R$ 7.884. Já a Ranger, também com preços de revisões fixos, cobra R$ 6.794 pelas seis primeiras manutenções na rede autorizada. Ou seja, tem uma economia extra aqui de R$ 1.090.

O custo-benefício a favor da Ranger Black está também, além dos valores, na maior versatilidade do modelo. Indubitavelmente, a picape da Ford, por ser uma média contra uma intermediária baseada em monobloco, leva vantagem para lidar com situações de rodagem pior.

Divulgação Divulgação

Desempenho

Potência igual, tração e capacidades diferentes

Apesar da diferença entre os modelos, a começar pelo porte, há semelhanças entre as picapes. As duas usam motor quatro cilindros e turbo diesel. No caso da Toro Ultra, é um 2.0 que rende 170 cv e 35,7 mkgf. No caso da Ranger, o motor é um 2.2 que entrega 160 cv e 39,2 mkgf.

Na cidade, a praticidade da Toro é mais clara e evidente devido às dimensões menores. Por outro lado, manobrar a picape dá mais trabalho, pois o ângulo de esterço é curto.

A Ranger tem porte maior, requer mais cuidado no uso urbano para não esbarrar em outro carros ou motociclistas, porém esterça bem mais e permite lidar melhor com manobras em trechos apertados.

Por mais que a picape da Fiat seja mais potente, vale lembrar que o mais importante para um veículo diesel é o torque, no qual o motor maior da Ford leva vantagem.

Em relação ao câmbio, ambas usam automático, o da Fiat de nove marchas, enquanto o da Ford é de seis. Os dois têm trocas suaves e quase imperceptíveis. A Toro tem um modo manual, enquanto a Ranger oferece um modo Sport e também de trocas manuais pela alavanca.

No uso, a picape da Fiat é bastante suave em todas as sensações, enquanto a Ranger tende a ficar mais arisca quando se pisa fundo no acelerador exigindo o melhor do motor. Ambos são bem silenciosos para o padrão do motor a diesel. Em retomadas e acelerações, a Ranger acaba se saindo melhor, mesmo que a diferença de torque seja mínima entre os modelos.

A tração da Fiat é integral sob demanda com acionamento elétrico. Ou seja, apesar de cumprir com os requisitos necessários para atender a regulamentação para usar motor a diesel, nem mesmo a marca adota o 4x4 como nomenclatura para o sistema.

Já a Ford apostou na tração 4x2 para Ranger Black, por questões de custos e por entender que o usuário urbano que eles querem atender com a picape não fará tanto uso dela no fora de estrada, especialmente de situações que exijam 4x4 e reduzida.

Na cidade, a suspensão independente na frente e atrás da Toro tem sem dúvida uma vantagem no conforto. Por outro lado, vale reforçar que a Ranger tem um dos melhores acertos para o asfalto das picapes média - pula pouco quando passa em buracos, mantém a carroceria estável em curvas e oferece conforto, mesmo adotando o independente na frente e eixo de torção na traseira.

Além disso, a picape da Ford consegue lidar melhor com alagamentos e trechos de fora de estrada do que a Toro. Mesmo com tração só traseira, o que ajuda na hora da necessidade, quando o sistema "empurra" a picape ao invés de ter que "puxar", caso da tração integral, mas com viés dianteiro da Toro.

Divulgação Divulgação

Vencedor: Ford Ranger

Ranger não tem vida fácil, mas tem se garante nas qualidades

A Ranger não tem a melhor lista de equipamentos de série ou é tão prática na cidade. Contudo, o modelo tem suas qualidades se comparada à Fiat Toro. Além de custo-benefício e desempenho melhor, ter uma vida a bordo com mais tranquilidade e espaço faz bem.

Para quem está focado em viver uma vida realmente urbana, a Toro, se não fosse tão cara, seria um melhor negócio. O modelo é mais prático de se utilizar na cidade, mas a dualidade da Ranger, em poder ir e vir entre a terra e o asfalto com desenvoltura, garante a ela um bom desempenho.

Além do que ela se sai muito bem no asfalto entre as picapes em geral, sendo confortável no rodar e fazendo valer seu torque extra em relação ao modelo feito em Goiana (PE).

Topo