Ford Ranger

Picape une conforto de carro de passeio com valentia para encarar obstáculos na versão XLT

Vitor Matsubara Do UOL, em São Paulo Marcos Camargo/UOL

Picape raiz

Tem muita gente que compra picape do jeito que escolhe cerveja: não troca a marca preferida por nada.

Bom para a Ford, que por muito tempo dividiu a clientela com a Chevrolet. Só que os tempos são outros, e hoje uma tal de Toyota desbancou a dupla americana com a Hilux.

Assim a Ranger se vira como pode para correr atrás dos líderes. Apesar de ser a mesma desde 2013, ela ainda seduz e ganhou melhorias na linha 2020.

UOL Carros avaliou a versão XLT 4x4 movida a diesel, que reúne um bom pacote capaz de converter até o mais fanático fã da concorrência.

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O bolso agradece

Além de um bom conteúdo e dirigibilidade aprimorada, a picape aposta em outro importante fator: preço.

Por R$ 178.990, a picape da Ford custa R$ 10 mil a menos do que Toyota Hilux SRV (R$ 188.990) e entrega conteúdo bem parecido.

Diante da S10 o cenário é bem diferente. A versão LT (R$ 168.890) é R$ 10 mil mais barata, mas traz muito menos conteúdo. Se o comprador quiser uma versão equiparada com a Ranger XLT precisa partir para a S10 LTZ, que custa R$ 191.890.

A Ranger tem conteúdo de andar superior, incluindo ar-condicionado digital de duas zonas de temperatura, câmera de ré e sensores de estacionamento traseiros.

A ótima central multimídia SYNC 3 tem tela tátil de oito polegadas e suporta Android Auto e Apple CarPlay. Tão importante quanto isso só a boa navegabilidade pelos menus: é fácil achar o que você precisa em instantes.

Itens avaliados

Desempenho (4): a Ranger não é exatamente lerda, mas poderia ser mais esperta nas acelerações e retomadas.

Design (4): se não é a última palavra em modernidade, pelo menos a Ranger não faz feio diante da concorrência - mesmo com quase oito anos nas costas.

Custo-benefício (5): preço imbatível combinado a um bom pacote de equipamentos fazem da picape uma das opções mais interessantes do segmento.

Itens de série (5): a versão é intermediária, mas o conteúdo é digno de um modelo mais sofisticado.

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Quase um automóvel

Se você entrar na Ranger de olhos fechados talvez nem se dê conta de que está em uma picape

Ok, a altura do solo pode entregar, mas o nível de acabamento da cabine lembra um automóvel de passeio. As peças são bem encaixadas e não há tanto plástico rígido no painel.

Muitas peças vêm de outros carros da Ford. Painel semidigital é do Fusion, enquanto botões dos vidros, controles dos espelhos retrovisores e até maçanetas são do Fiesta.

Os bancos são confortáveis, ainda que não sejam tão aconchegantes. Há bom espaço para os ocupantes, mas o nível de ruído na cabine é um pouco alto demais, especialmente nas acelerações. A picape tem algumas soluções criativas, como os dois suportes para pendurar cabides no banco de trás e o amplo porta-objetos dentro do descansa-braço central com duas divisões.

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Não decepciona

A Ranger XLT não faz feio diante das rivais. O motor 3.2 turbodiesel de 200 cv supera os 178 cv da Hilux e se iguala a S10. Apenas a Amarok tem uma versão mais potente: a V6 tem 225 cv. Na prática, a picape tem desempenho elogiável nas acelerações e força de sobra para vencer obstáculos em trilhas no fora de estrada.

O câmbio automático de seis marchas, porém, é um pouco "preguiçoso" e demora a trocar as marchas. Isso faz com que a picape perca um pouco de agilidade nas arrancadas e retomadas, especialmente se carregada de pessoas ou carga.

A direção é extremamente leve, e isso é uma mão na roda na hora de manobrá-la em lugares apertados. Dificilmente você precisará fazer muito esforço, como acontece na Toyota Hilux. O lado ruim aparece na estrada, já que a picape parece bem suscetível a ventos laterais e demanda constantes correções de trajetória acima de 100 km/h.

Fora do asfalto, a Ranger se mostrou muito valente. Além da tração nas quatro rodas, a picape tem bloqueio do diferencial e controle de velocidade em descidas, recursos muito úteis na transposição de terrenos acidentados.

A altura livre do solo é de 23,2 cm e os ângulos de entrada (28º) e saída (26º) favorecem a incursão da picape em pisos pouco amigáveis. E a Ford diz que a Ranger consegue atravessar uma área alagada de até 80 cm, sendo a maior capacidade de imersão da categoria.

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Inspirada na F-150

A atual geração da Ranger já é uma veterana nas ruas. Lançada em 2012, ela passou por duas reestilizações. A última delas aconteceu neste ano e atualizou o estilo do para-choque dianteiro e grade frontal, que ficou parecida com a das picapes da F-Series vendida nos Estados Unidos.

Atrás o visual se manteve inalterado, mas a Ford trouxe uma novidade muito bem-vinda. A tampa da caçamba ganhou um sistema de amortecimento que facilita sua abertura e fechamento. Segundo a marca, agora o condutor precisa fazer uma força de apenas 3 quilos - antes eram necessários 12 quilos para manuseá-la.

No geral, a nova plástica deu mais fôlego à Ranger, que não parece defasada frente à concorrência.

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Vale a pena?

A Ranger foi a picape que mais teve mudanças neste ano. As atualizações de design foram bastante sutis, mas suficientes para revigorar o desenho.

Bem equipada como sempre foi, a Ranger também agrada quem aprecia uma condução mais refinada, algo que nem todas as picapes oferecem. Poucos modelos trazem uma sensação tão próxima quanto a de guiar um automóvel, mas sem perder algumas qualidades apreciadas pelos picapeiros, como a valentia e a capacidade de transpor obstáculos difíceis sem maiores problemas com a tração 4x4.

Mesmo não sendo a mais potente nem a mais moderna da categoria, a Ranger tem boas vantagens para te convencer a assinar o cheque. Além da boa quantidade de itens de série, a picape ainda é bonita, robusta e é boa de dirigir.

Se você procura uma picape que seja valente fora do asfalto sem ser um "trator" para andar na cidade, a Ranger é uma boa opção.

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Concorrentes

Toyota Hilux SR

Preço: R$ 169.990
Motor: 2.8, turbodiesel, 16V, 4 cilindros em linha
Potência: 177 cv a 3.400 rpm
Torque: 45,9 kgfm a 1.600 rpm
Câmbio: automático de seis marchas
0 a 100 km/h: 13,8 s
Velocidade máxima: 180 km/h
Tanque: 80 litros
Consumo (cidade/estrada): 9 km/l / 10,5 km/l
Dimensões: comprimento, 5,31 m; largura, 1,85 m; altura, 1,81 m; entre-eixos, 3,08 m
Capacidade de carga: 1.025 kg
Peso: 2.065 kg

Chevrolet S10 LT

Preço: R$ 168.690
Motor: 2.8, turbodiesel, 16V, 4 cilindros em linha
Potência: 200 cv a 3.600 rpm
Torque: 51 kgfm a 2.000 rpm
Câmbio: automático de seis marchas
0 a 100 km/h: 10,3 s
Velocidade máxima: 180 km/h
Tanque: 76 litros
Consumo (cidade/estrada): 8,7 km/l / 10,6 km/l
Dimensões: comprimento, 5,36 m; largura, 1,87 m; altura, 1,78 m; entre-eixos, 3,09 m
Capacidade de carga: 1.134 kg
Peso: 2.016 kg

Ficha técnica

Preço: R$ 178.790
Motor: 3.2, turbodiesel, 16V, injeção direta, 4 cilindros em linha
Câmbio: automático de 6 marchas
Potencia: 200 cv a 3.000 rpm
Torque: 47,9 kgfm a 1.750 rpm
0 a 100 km/h: 11,6 s
Velocidade máxima: 180 km/h
Consumo: 8,3 km/l / 9,8 km/l
Dimensões: comprimento, 5,35 m; largura, 1,86 m; altura, 1,82 m; entre-eixos, 3,22 m
Capacidade de carga: 1.104 kg
Tanque: 80 litros
Peso: 2.213 kg

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