Fiat Mobi Drive

Ágil e econômico, carro mais barato do Brasil aparece como boa opção em sua versão mais recheada

Vitor Matsubara Do UOL, em São Paulo Murilo Góes/UOL
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Compacto é com a Fiat

Carros pequenos sempre foram a "especialidade da casa" da Fiat. No Brasil, a marca construiu sua reputação apoiada em dois grandes sucessos: 147 e Uno. Não é exagero dizer que o Mobi segue a mesma filosofia dos antigos hatches.

Pequeno, espaçoso e com um design diferente do que existe por aí, o modelo ressuscitou o segmento de subcompactos, que vinha esquecido no Brasil desde a primeira geração do Ka, que não obteve o sucesso esperado pela Ford no país.

O Mobi Drive é a versão mais completa do modelo lançado em 2016. Só ela traz o motor 1.0 da linha Firefly (que estreou no Uno em 2015), enquanto as demais configurações saem de fábrica com o veterano Fire. Mas a motorização mais eficiente é o único diferencial desta versão? Descubra a seguir.

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Questão de gosto

O título faz referência à velha máxima de que "gosto não se discute", e obviamente concordamos com isso. Mas o fato é que o Mobi nunca foi unanimidade desde seu lançamento em 2016. Quem não curte o visual do subcompacto critica o tamanho exagerado dos faróis e lanternas, que de fato são desproporcionais para um carro tão pequeno.

Em contrapartida, não há como negar que o Mobi tem personalidade em meio a tantos carros que parecem iguais. Nota-se uma preocupação da área de design em esconder (ou pelo menos amenizar) sua origem popular. A grade frontal não é uma peça elaborada, mas tem um desenho diferente que ressalta a textura aplicada no plástico.

Existe uma profusão de vincos espalhados pela carroceria, que buscam reforçar a sensação de esmero. Atrás, a tampa do porta-malas inteiramente feita de vidro dá um charme ao carro.

Bom lembrar que o Mobi é o único modelo da categoria a adotar esta solução, que foi descartada pela VW antes do lançamento do Up. A justificativa da marca era o receio de que bandidos e vândalos pudessem quebrar a peça para roubar pertences de dentro do carro - ou o próprio veículo.

Itens avaliados

Design (4): o Mobi nunca foi unanimidade, mas ninguém pode acusá-lo de falta de personalidade. Carroceria é cheia de vincos e tampa traseira é feita de vidro.

Desempenho (5): o bom motor 1.0 da linha Firefly é o principal destaque do Mobi Drive. Respostas são muito rápidas e consumo de combustível é bem baixo.

Itens de série (3): mesmo sendo a versão mais completa, o hatch traz apenas o essencial. Alguns itens presentes na unidade avaliada, como as rodas de liga leve, são opcionais; não há central multimídia.

Custo-benefício (4): o Mobi não custa caro, mas poderia ser mais bem equipado pelo que cobra, especialmente considerando que rivais como o Renault Kwid são mais recheados.

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Motor Firefly te dá asas

Peço desculpas pelo péssimo trocadilho, mas o motor 1.0 Firefly realmente é o grande destaque do Mobi Drive. Com 77 cv se abastecido com etanol e 72 cv quando movido a gasolina, o propulsor que também equipa Argo e Uno é ainda mais esperto no pequenino Fiat.

Ok, não espere arrancadas vigorosas, afinal (ainda) estamos falando de um carro popular. Porém, ele não decepciona nas retomadas de velocidade e ultrapassagens. O motor "enche" rapidamente e move com agilidade os 945 quilos do Mobi.

A direção tem comportamento um pouco anestesiado e leva certo tempo para responder aos comandos do motorista. Entretanto, ela traz uma função chamada City que é uma mão na roda nas manobras em lugares apertados. Basta apertar um botão para que o volante fique muito mais leve: é possível esterçar a direção com apenas um dedo.

O consumo é outro ponto positivo do Mobi Drive. Medições do Inmetro apontam médias de 9,6 km/l na cidade e 11,3 km/l na estrada quando abastecido com etanol e 13,7 km/l e 16,1 km/l se o combustível escolhido for a gasolina.

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Precisava ser tão básico?

Mesmo sendo a versão mais cara e completa da linha, o Mobi Drive decepciona na lista de itens de série. Apenas o básico é oferecido pela marca italiana: temos ar-condicionado, direção elétrica com função City, vidros elétricos nas portas dianteiras, travamento central das portas, limpador, lavador e desembaçador traseiro, coluna de direção com regulagem de altura e tomada 12V.

Não há sequer um sistema de som de fábrica, obrigando o cliente a adquirir um dos rádios oferecidos como acessórios ou o pacote de opcionais chamado Connect, que ainda traz volante multifuncional, preparação para som e tela de TFT para o computador de bordo.

Para piorar, o kit traz apenas um rádio com Bluetooth e entradas auxiliar e USB. Nada de central multimídia com tela tátil e suporte a Android Auto e Apple CarPlay, disponível de série no Renault Kwid. Ainda na comparação direta com o principal rival, o Mobi fica devendo outros equipamentos. Câmera de ré e faróis de neblina não estão disponíveis entre os opcionais e precisam ser compradas como acessórios, ao custo de R$ 573 e R$ 1.211, respectivamente.

As rodas de liga leve que equipavam a unidade avaliada por UOL Carros também devem ser adquiridas a parte ao custo de proibitivos R$ 4.284 - quase 10% do valor total do veículo sem opcionais.

Se equipado com todos os itens do exemplar cedido para nossa avaliação (incluindo a pintura metálica), o Mobi Drive chega a R$ 48.060.

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Barato ele é, mas...

Felizmente o Mobi ainda ocupa o (cada vez mais seleto) grupo dos carros que custam menos de R$ 45 mil. Por R$ 44.840, porém, o subcompacto poderia trazer mais itens de série. Como já mencionamos, a versão Drive fica devendo vários equipamentos presentes no arquirrival Renault Kwid. Alguns deles, inclusive, precisam ser adquiridos como acessórios na rede autorizada Fiat.

Pelo menos os custos de manutenção do pequeno Fiat prometem ser baixos. Seguindo a política de revisões com custos fixos, as seis primeiras paradas (que são realizadas a cada 10 mil quilômetros) saem pelo total de R$ 3.164.

O valor médio do seguro também não machuca o bolso. A apólice do Mobi pode variar de R$ 1.300 a R$ 2.000 dependendo do perfil e da região em que o cliente reside.

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Vale a pena?

Não são poucos os motoristas que usam seu automóvel apenas na cidade. Se esse for o seu caso, saiba que o Mobi Drive é uma opção muito interessante no segmento de compactos de entrada.

Pequeno e ágil, ele foi feito para o trânsito urbano, onde se comporta com desenvoltura e ainda é extremamente fácil de estacionar, principalmente por conta da direção elétrica com a função City.

Os ótimos números de consumo também credenciam o carro a ser uma boa escolha para quem precisa do carro como uma ferramenta de trabalho. Assim o motorista pode até escolher entre pagar menos para encher o tanque com etanol ou desembolsar um pouco a mais e visitar menos o posto de combustível.

Só que o Mobi Drive poderia ser um pouco mais bem equipado. Caso você priorize o conforto e procure itens como central multimídia e câmera de ré, vale a pena ficar com o Renault Kwid.

O concorrente é pouco mais de R$ 1 mil mais caro e oferece tais equipamentos de série, enquanto no Mobi eles fazem parte da lista de acessórios. Ou então junte um dinheirinho a mais e parta logo para um Argo Drive, que traz o mesmo motor do Mobi e ainda oferece maior espaço interno, projeto mais moderno e mais conforto para os passageiros.

Concorrentes

Divulgação

Renault Kwid Outsider

Preço: R$ 45.890
Motor:1.0, 12V, 3 cilindros em linha, flex
Potência: 70 cv / 66 cv a 5.500 rpm
Torque: 9,8 kgfm / 9,4 kgfm a 4.250 rpm
Câmbio: manual de 5 marchas
Consumo: 10,3 km/l / 10,8 km/l (etanol) e 14,9 km/l / 15,6 km/l (gasolina)
0 a 100 km/h: 14,7 s
Velocidade máxima: 156 km/h
Dimensões: comprimento, 3,68 m; largura, 1,58 m; altura, 1,47 m; entre-eixos, 2,42 m
Peso: 806 kg
Porta-malas: 290 litros
Tanque: 38 litros

Divulgação

Fiat Uno Attractive

Preço: R$ 45.890
Motor:1.0, 8V, 4 cilindros em linha, flex
Potência: 75 cv / 73 cv a 6.250 rpm
Torque: 9,9 kgfm / 9,5 kgfm a 3.850 rpm
Câmbio: manual de 5 marchas
Consumo: 8 km/l / 9,4 km/l (etanol) e 11,6 km/l / 13,4 km/l (gasolina)
0 a 100 km/h: 13,8 s
Velocidade máxima: 153 km/h
Dimensões: comprimento, 3,82 m; largura, 1,63 m; altura, 1,48 m; entre-eixos, 2,37 m
Peso: 955 kg
Porta-malas: 290 litros
Tanque: 48 litros

Ficha técnica

Preço: R$ 44.840

Motor: 1.0, 12V, 3 cilindros em linha, flex

Câmbio: manual, cinco marchas

Potência: 77 cv / 72 cv a 6.250 rpm

Torque: 10,9 kgfm / 10,4 kgfm a 3.250 rpm

Consumo: 9,6 km/l / 11,3 km/l (etanol) e 13,7 km/l / 16,1 km/l (gasolina)

0 a 100 km/h: 12 s

Velocidade máxima: 164 km/h

Dimensões: comprimento, 3,56 m; largura, 1,63 m; altura, 1,50 m; entre-eixos, 2,30 m

Peso: 945 kg

Porta-malas: 215 litros

Tanque: 47 litros

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