Peugeot 208 x VW Polo

Maior e mais moderno, Peugeot 208 sobe de categoria e chama o VW Polo para a briga

Vitor Matsubara Do UOL, em São Paulo (SP) Murilo Góes/Arte UOL

Nada como o tempo para mudar as coisas. Antes renegado ao esquecimento em meio aos hatches compactos, o novo 208 é a oportunidade de ouro de fazer a Peugeot crescer no Brasil.

Motivos para tanto não parecem faltar. Maior e mais moderno, o modelo traz uma lista de equipamentos de série invejável, com direito até a frenagem autônoma de emergência - item ainda raro nos veículos abaixo de R$ 100 mil.

Só que o caçula da Peugeot não está muito longe dessa cifra. A versão Griffe sai por R$ 94.900, mais do que os R$ 90.690 pedidos pelo Polo Highline.

O representante da Volkswagen já está há três anos entre nós, mas ainda é referência no segmento de compactos premium. Ou será que seus dias de paz estão contados? Descubra a seguir no duelo de UOL Carros!

Murilo Góes/UOL
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Ficha técnica: Peugeot 208 Griffe

Preço: R$ 94.990

Motor: 1.6, 4 cilindros em linha, 16V, flex

Câmbio: automático de seis marchas

Potência: 118 cv / 115 cv a 5.750 rpm

Torque: 15,5 kgfm / 15,4 kgfm a 4.000 rpm

Consumo: 7,7 km/l / 9,3 km/l (etanol) - 11 km/l / 13,2 km/l (gas.)

0 a 100 km/h: 12 s

Velocidade máxima: 190 km/h

Dimensões: comprimento, 4,05 m; largura, 1,73 m; altura, 1,45 m; entre-eixos, 2,53 m

Peso: 1.252 kg

Capacidade do porta-malas: 265 litros

Tanque: 47 litros

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Ficha técnica: VW Polo Highline

Preço: R$ 90.690

Motor: 1.0, 3 cilindros em linha, 12V, turbo, flex

Câmbio: automático de seis marchas

Potência: 128 cv / 116 cv a 5.750 rpm

Torque: 20,4 kgfm a 2.000 rpm

Consumo: 7,9 km/l / 9,5 km/l (etanol) - 11,4 km/l / 13,9 km/l (gas.)

0 a 100 km/h: 9,6 s

Velocidade máxima: 192 km/h

Dimensões: comprimento, 4,05 m; largura, 1,75 m; altura, 1,46 m; entre-eixos, 2,56 m

Peso: 1.147 kg

Capacidade do porta-malas: 300 litros

Tanque: 52 litros

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Design

208 coloca Polo (e todos os hatches) no bolso

Até quem não gosta muito dos carros da Peugeot vai admitir que o 208 é bonito. Suas linhas combinam futurismo e esportividade em doses acertadas e magnetizam os olhares pelas ruas.

A frente tem uma larga grade com detalhes cromados na versão Griffe, mas o charme fica por conta dos faróis. As lentes têm prolongamentos que vão até a parte inferior do para-choque, criando uma identidade própria - e das mais marcantes da indústria.

As laterais guardam alguma semelhança com o desenho das janelas do antigo 208, enquanto a traseira bebe na fonte do 3008. Tanto as lanternas com refletores triplos (inspirados nas garras de um leão, o animal que é o símbolo da marca) quanto a faixa preta interligando as peças vieram do SUV - e caíram muito bem no 208, aliás.

O Polo ostenta o mesmo visual há quase três anos e deve ganhar uma reestilização em 2021. Enquanto isso não acontece, ele ainda se defende bem da concorrência com suas linhas sóbrias tipicamente alemãs.

As luzes diurnas em LED em posição mais baixa e separada dos faróis dão um ar mais diferente. Atrás, as lanternas têm estilo mais conservador - e alguns gostam de criticá-las pela semelhança com o estilo do Gol.

Por ter um design bem mais moderno e estiloso, o 208 leva a melhor.

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Vida a bordo

Peugeot é mais requintado e aconchegante

Ao contrário do antigo 208, o interior repete o estilo futurista do lado de fora. Destaque para o painel digital com tecnologia de visualização em três dimensões. Por trás disso está uma ideia bastante simples: são duas telas, sendo que uma apenas reflete o conteúdo da outra. Assim, a sensação é de que os mostradores estão flutuando diante dos olhos.

A cabine também possui inspirações no 3008. A disposição dos botões logo abaixo das saídas de ar-condicionado centrais e a faixa imitando fibra de carbono que percorre os painéis das portas dianteiras são boas referências.

Logo abaixo fica um compartimento destinado para o carregamento de celular por indução. Diferente de outros carros, ele fica em lugar separado do porta-objetos normalmente posicionado à frente da alavanca de câmbio, garantindo espaço para carteira e outros pertences.

Os bancos são envolventes e na versão Griffe trazem revestimento em Alcantara, que dão um toque de sofisticação ao conjunto. Todos os materiais são suaves ao toque e não há rebarbas espalhadas pela cabine.

Já o Polo abusa do plástico, e em alguns pontos de qualidade ruim. Os painéis das portas são de plástico duro (enquanto o descansa-braço possui revestimento em couro) e o aspecto não condiz com um carro de R$ 90 mil. Mesmo assim, os encaixes são bem feitos.

O painel digital não tem visão 3D como no 208, mas também enche os olhos pela interface futurista. Todas as informações são facilmente visualizadas e o usuário consegue selecionar o modo que mais lhe agrada. É possível, inclusive, colocar o mapa do navegador por satélite no painel, deixando os mostradores de velocímetro e conta-giros em segundo plano.

Assim como do lado de fora, as linhas da cabine apostam na sobriedade do conjunto. O lado bom é que a ergonomia é boa como na maioria dos carros da VW. Todos os comandos estão ao alcance das mãos do motorista. Os bancos, por sua vez, são confortáveis e possuem espuma de densidade um pouco mais firme.

No geral, o Peugeot impressiona mais à primeira vista e recebe melhor seus ocupantes. E por isso vence novamente.

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Desempenho

Motor turbo faz a diferença a favor do Polo

A falta do motor turbo não foi muito bem digerida pelos haters (e até por alguns fãs) da Peugeot. Questionada, a empresa alega que pesquisas com consumidores em potencial indicaram que a motorização turbo não seria um fator essencial para a compra.

O fato é que o 208 vem com o conhecido 1.6 16V EC5, que entrega até 118 cv e 15,5 kgfm se abastecido com etanol. Apesar de não ser decepcionante, ele poderia ter mais fôlego, especialmente em baixas rotações.

Na prática falta agilidade nas acelerações e retomadas de velocidade, já que, apesar de bem escalonado, o câmbio de seis marchas também não faz milagres.

O Polo, em contrapartida, não sofre da mesma morosidade do rival. O motor 1.0 turbo entrega até 128 cv e 20,4 kgfm com etanol no tanque. Seu comportamento é linear e se mostra adequado em todas as situações. Acelerações e retomadas são realizadas sem grandes problemas. O câmbio de seis marchas se mostra um pouquinho preguiçoso em determinas situações, sobretudo nas reduções. Mas nada que tire o motorista do sério

Ao contrário do que a maioria poderia pensar, os números de consumo são bem parelhos.

Enquanto a Peugeot declara médias de 7,7 km/l e 9,3 km/l com etanol e 11 km/l e 13,2 km/l com gasolina, a VW informa 7,9 km/l e 9,5 km/l com etanol e 11,4 km/l e 13,9 km/l se a escolha for pela gasolina.

Pelo comportamento mais ágil e o funcionamento mais suave, o Polo ganha neste quesito.

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Equipamentos

208 leva pelos itens de segurança

A versão Griffe traz o que há de mais moderno na gama de produtos da Peugeot no país.

O grande destaque vai para o pacote de assistências de condução. Há alerta de colisão frontal, assistente de permanência em faixa de rolagem com correção de trajetória, farol alto inteligente, leitura de placas de trânsito e sistema de frenagem de emergência. Este último atua de 5 a 85 km/h, funcionando a até 80 km/h no caso de veículos e 60 km/h em pedestres.

Mas o 208 também brilha por outros equipamentos. Há controles de estabilidade e de tração, ar-condicionado digital, direção elétrica, câmera de ré com visão traseira em 180 graus, destravamento das portas sem chave e por proximidade, piloto automático, partida do motor por botão, sensor de chuva, teto solar panorâmico, sensor de pressão dos pneus, entre outros itens.

O Polo também não faz feio. A lista de equipamentos inclui painel digital, seletor de modos de condução, central multimídia com suporte a Android Auto e Apple CarPlay, piloto automático, ar-condicionado digital, controles de estabilidade e de tração, câmera de ré.

Traz algumas exclusividades frente ao 208, como seletor de modos de condução (o Peugeot tem apenas os modos "Eco" e "Sport"), bloqueio eletrônico do diferencial, rodas de 17 polegadas (o 208 tem conjunto aro 16), sensor de fadiga e sistema de frenagem pós-colisão.

Porém, o Polo vem apenas com quatro airbags (contra seis do rival) e não dispõe de teto solar nem faróis full LED. E mais importante: não oferece nenhuma das assistências de condução presentes no concorrente.

Por ser mais completo e principalmente mais seguro, o 208 vence este quesito.

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Custo-benefício

208 se sobressai em embate de preços salgados

Barato o Polo nunca foi - e não seria agora que as coisas mudariam. Só que ele parte de salgados R$ 90.690, uma diferença de R$ 4.300 frente ao 208.

Pelo menos o 208 se esforça (muito bem, por sinal) para justificar a diferença na lista de equipamentos - como você conferiu no tópico anterior. Além de mais seguro e de dispor das assistências de condução ausentes no Polo, o hatch é dono de um projeto mais moderno do que o já atual representante da Volkswagen.

Isso porque a plataforma CMP da PSA já prevê versões elétricas, motivo pelo qual o 208 e-GT desembarca no Brasil (importado da Europa, claro) já no começo de 2021.

Que fique bem claro: os dois modelos são muito caros. Mas o 208 justifica um pouco melhor o investimento - e por isso leva a melhor.

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Vencedor

208 é mais caro, mas também é superior

O 208 se sagrou o vencedor deste duelo sem grandes dificuldades, mas isso não significa que o Polo é um carro ruim. Muito pelo contrário, aliás. Dono de um projeto moderno e equilibrado, ele ainda seduz quem gosta de desempenho e prazer ao dirigir, virtudes que o Peugeot não é capaz de oferecer com seu antigo motor 1.6.

Porém, o compacto encanta em praticamente todos os outros aspectos. O design pode não ser unanimidade, mas será difícil encontrar quem o ache feio. A lista de equipamentos é generosa, com destaque para a segurança. Por dentro, o carro recebe bem os ocupantes e transmite uma sensação de requinte superior a do VW.

Assim, o Peugeot 208 consegue bater seu rival, mesmo sem o tão desejado motor turbo.

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E se fosse com o Onix?

Sim, existe um abismo de quase R$ 20 mil separando Chevrolet Onix e Peugeot 208. Mas, como até outro dia eles eram concorrentes, não custa projetar um embate entre eles - até para saber se o novo hatch realmente vale o que cobra.

Vamos por partes: o Onix Premier custa R$ 77.090 e vem com um generoso pacote de itens de série. A lista inclui 6 airbags (oferecidos em todas as versões, aliás), controles de estabilidade e de tração, assistente de partida em rampas, ar-condicionado digital, direção elétrica, rodas de liga leve, carregador de celular por indução, piloto automático, central multimídia com internet 4G e Wi-Fi e sensores de estacionamento traseiros.

Como já mencionado anteriormente, o 208 inclui quase todos os equipamentos do Onix "completão", com exceção do acesso à internet. E ainda inclui outros equipamentos dignos de um veículo de categoria superior (como de fato ele é), como leitura de placas de trânsito e frenagem autônoma de emergência.

Em contrapartida, o Onix vem com o moderno motor 1.0 turbo de até 116 cv e 16,8 kgfm, enquanto o 208 aposta no conhecido 1.6 16V de 118 cv. No design, o hatch da Chevrolet também não faz feio diante da novidade "franco-argentina", uma vez que foi lançado no fim do ano passado.

Novamente: Onix e 208 pertencem a segmentos distintos e têm preços bem diferentes. Mas pensar no hatch da GM completão pode não ser loucura, principalmente se você for comprar o 208 em uma versão intermediária como a Allure, de R$ 89.490.

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