Honda City x Toyota Yaris

Entre o inédito hatch da Honda e o renovado da Toyota, veja qual o melhor compacto premium

José Antonio Leme do UOL, em São Paulo (SP) Marcos Camargo/UOL

De um lado, um modelo totalmente novo, inédito no Brasil, do outro, um já conhecido do público que ganhou melhorias e, adiantado, já se mandou para a linha 2023. Os dois têm a mesma proposta, ser um hatch compacto premium e são rivais entre si.

Estamos falando do Honda City e Yaris hatch, ambos são as versões de dois volumes dos seus respectivos sedãs. O primeiro é feito em Itirapina (SP), enquanto o segundo sai da fábrica de Sorocaba (SP).

Nesse comparativo, vamos avaliar as versões de topo, Touring e XLS. Apesar de nas imagens termos o Yaris intermediário, será considerada a lista de equipamentos da opção mais completa da gama, visto que a parte mecânica é a mesma para todas as versões.

A tabela de preços do Honda é de R$ 122.600 para a versão de topo, enquanto a Toyota pede R$ 111.870 pelo seu Yaris de topo

Marcos Camargo/UOL
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Preço: R$ 122.600

Motor: 1.5, 4 cilindros, 16V, flex

Câmbio: Automático, CVT

Potência: 126 cv a 6.200 rpm

Torque: 15,8 /15,5 kgfm a 4.600 rpm

0 a 100 km/h: N/D

Velocidade máxima: N/D

Dimensões: comprimento, 4,34 m; largura, 1,74 m; altura, 1,49 m; entre-eixos, 2,60 m

Peso: 1.180 kg

Porta-malas: 268 litros

Tanque: 39,5 litros

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Preço: R$ 111.870

Motor: 1.5, 4 cilindros, 16V, flex

Câmbio: Automático, CVT

Potência: 110 cv / 105 cv a 5.600 rpm

Torque: 14,9 / 14,3 kgfm a 4.000 rpm

0 a 100 km/h: N/D

Velocidade máxima: N/D

Dimensões: comprimento, 4,14 m; largura, 1,73 m; altura, 1,49 m; entre-eixos, 2,55 m

Peso: 1.150 kg

Porta-malas: 310 litros

Tanque: 45 litros

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Design

Estilo esportivo e mais jovem do City conquista

Em termos de design, os dois apostam em linhas diferentes, mas já conhecidas do público. O City aposta, especialmente na dianteira, em uma linguagem muito parecida a que tínhamos até o fim de 2021 no Civic, faróis afilados, longos e frente baixa.

Na traseira, o hatch que chegou para substituir o monovolume Fit, tem linhas arrojadas, como também tinha a última geração do Civic. As lanternas de LEDs lembram o conjunto do Classe A e dão uma esportividade ao carro que o seu antecessor não tinha.

O Yaris nacional (que é diametralmente oposto ao Europeu) tem linhas mais "gordinhas". O design do carro dá um aspecto de ser mais largo, mas na verdade é a forma como foi desenhado.

Ele tem um aspecto menos esportivo em geral, mas a Toyota tentou dar essa pegada ao carro com a dianteira e traseira de desenhos mais agressivos, como aconteceu também com o Corolla.

No aspecto geral, O City tem linhas mais esportiva, modernas e agradáveis do que o Yaris.

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Equipamentos

City hatch apela para a segurança para ter uma lista de equipamentos maior e melhor

Em comum, os dois modelos têm controles de tração e estabilidade integrados, assistente de partida em rampa, chave presencial com partida por botão e sistema de fixação Isofix para cadeirinhas.

Ambos trazem também faróis e luzes diurnas de LEDs, trio elétrico, ar-condicionado automático e câmera de ré e borboletas para troca de marchas e aí começam as diferenças.

O Honda tem central multimídia de 8" e com integração sem fio para Android Auto e Apple CarPlay, funções não disponíveis na central de 7" do Yaris, só por meio do cabo USB.

A favor do City hatch está também o fato de oferecer sensores de estacionamento na dianteira e na traseira e ajuste de distância do volante itens que não estão presentes na lista do Yaris.

O pacote do City ainda conta com o Honda Sensing, que é formado pela frenagem autônoma de emergência com alerta de colisão frontal, leitor de faixa com correção no volante, controle de velocidade adaptativo (ACC) e farol alto automático, nenhum deles presentes no Yaris.

O que o hatch da Toyota oferece é uma versão "baixo custo" do Toyota Safety Sense (TSS), que seria o equivalente do Honda Sensing. Baixo custo porque o sistema traz um alerta de colisão frontal, mas sem a frenagem autônoma e o alerta de saída da faixa de rodagem, mas sem a correção no volante e não traz o ACC e nem o farol alto automático.

A favor do Yaris, sete airbags contra seis do City, e o teto solar convencional, que não tem uma enorme serventia, mas para alguns pode ser um diferencial que o Honda não traz.

O Yaris conta com piloto automático convencional e painel de instrumentos analógico com um computador de bordo colorido, enquanto o Honda traz painel de instrumentos semi configurável, em que é possível personalizar com diversos itens e pacotes.

O City também tem farol com acendimento automático, que o Yaris perdeu para receber o sensor do TSS no topo do para-brisa e o Lane Watch, que é uma câmera localizada sob o retrovisor direito e que ao ligar a seta para a direta projeta a imagem na central, mitigando o risco de veículo no ponto cego do motorista.

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Vida a bordo

Conjunto é melhor no Honda, mas banco traseiro do Yaris trata melhor os ocupantes

Por dentro, o City aposta em um acabamento sóbrio, mas de qualidade ao olhar, apesar de no primeiro contato das mãos com o painel poder perceber que é tudo plástico, mas um plástico que consegue "enganar" com diferentes texturas.

A Honda não abusou do acabamento em preto brilhante, o que é uma boa, já que esse tipo de acabamento, chamado também de preto brilhante, marca muito fácil em qualquer contato do dedo com a superfície.

O Yaris vai na mesma linha, usa plástico em tudo, mas tem seus truques para tentar parecer mais refinado. No painel, há uma falsa costura que passa por toda a borda e dá a impressão de ser um painel revestido de couro, o que não é o contato prova.

O acabamento cromado que havia no painel deu espaço para uma peça com cromo escuro, o que é bom já que deixa de refletir o sol na cara de motorista e passageiro.

No quesito porta-objetos, o Honda oferece mais opções aos ocupantes e um espaço maior sob o apoio de braço central do que o Yaris. Além disso, a ergonomia da entrada USB, por exemplo, é melhor no Honda, já que fica no painel e não centro do apoio de braço, como no Toyota.

Os bancos do Honda são melhores porque abraçam melhor os ocupantes que vão na frente, especialmente nas curvas, enquanto os do Yaris pecam um pouco nesse sentido, apesar de serem bem confortáveis em termos gerais.

Para quem vai atrás, o Yaris é um pouco melhor, especialmente para quem vai sentado no meio. O Honda tem um ressalto no espaço do assento do quinto ocupante o que atrapalha bastante o conforto, enquanto o Yaris é plano no mesmo nível para todos.

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Custo-benefício

Honda tem suas justificativas, mas preço não deixa de ser bem salgado

O Honda custa R$ 122.600 enquanto o Yaris sai por R$ 111.870, uma diferença de R$ 10.730. É um valor alto a diferença, apesar dos dois produtos disputarem o mesmo público.

Não deixa de ser salgado o preço dos dois modelos, especialmente levando em conta que o consumidor perdeu muito poder de compra nos últimos anos.

A Honda pode e vai justificar que seu pacote bastante superior de itens de série na versão de topo contra a equivalente do Yaris justifica a diferença na tabela de preços.

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Desempenho

Dirigibilidade mais afiada do Honda conquista quem gosta de guiar, mas falta motor

Os dois modelos apostam em uma receita parecida até a primeira página. Isso significa que ambos usam um motor 1.5 flex e câmbio automático CVT que simula 7 velocidades com opção de trocas pelas borboletas atrás do volante, mas as similaridades param por aí.

O 1.5 da Toyota rende até 110 cv e 14,9 mkgf quando alimentado com etanol e tem injeção indireta de combustível. Já a Honda apostou em um novo 1.5 no City que tem injeção direta de combustível, duplo comando variável de válvulas que permite ao novo propulsor entregar até 126 cv e até 15,8 mkgf.

Na prática, apesar de uma diferença pequena de torque, o City responde melhor com o carro cheio do que o Yaris, para retomadas e ultrapassagens também, além de manter com mais tranquilidade a velocidade de cruzeiro e com melhor isolamento acústico da cabine a 120 km/h.

Na cidade, o motor do Honda responde melhor em rotações mais baixas do que o do Yaris. O ajuste de câmbio do Toyota tenta mitigar potência e torques menores.

Os dois têm modos de condução Sport e Eco, além do normal. No Honda o Eco é um botão e o Sport uma posição na alavanca, enquanto no Yaris ambos os modos são acionados por botões que ficam na parte debaixo do painel, ao lado esquerdo do motorista.

Suspensões e direção do Honda tem um acerto mais firme e direto, no mesmo estilo do que a marca entrega nos seus outros carros, especialmente o Civic. Isso para quem gosta de guiar aumenta o prazer em ter uma direção com resposta direta e precisa e suspensão que não deixa o carro ficar balançando nas curvas.

Já o Yaris tem uma suspensão mais focada em maciez e um conforto maior, mas o contra peso dessa característica é que o carro balança mais nas curvas a carroceria, enquanto a direção tem um acerto anestesiado, no qual as respostas a mudança de direção são lentas e não dão aquela "pimenta" que evoca a esportividade nos hatches.

Portanto, pelos números, respostas e acerto de dirigibilidade, vitória para o City nesse quesito, ainda que uma imensa tristeza pela Honda não ter optado pelo motor 1.0 turbo para esse carro venha à mente toda vez que é considerado como ele seria mais divertido.

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Vencedor

Honda tem preço salgado, mas oferece mais e melhor por isso

Apesar do preço salgado, que se tornou uma coisa normal da indústria, o Honda tem predicados para ser um melhor produto em praticamente todos os itens possíveis se comparado ao Yaris.

O projeto do hatch da Toyota já tem alguns anos e apesar das melhorias da linha 2023 ainda não está no passo para competir com o Honda que fez a lição de casa pra substituir o Fit oferecendo ainda mais.

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