Chevrolet Cruze

Carro mais conectado do Brasil surpreende com 4G, mas ainda é "terceira força" entre sedãs médios

Vitor Matsubara Do UOL, em São Paulo Marcos Camargo/UOL

Terceira força

É difícil ser o Chevrolet Cruze. Se a gente fosse comparar com o mundo dos esportistas, o sedã seria um jogador talentoso e cheio de qualidades (como muitos por aí) que dificilmente será eleito o melhor do mundo por competir com Lionel Messi e Cristiano Ronaldo.

A mensagem é clara se a gente virar a chave para o mundo dos carros: o Cruze nunca conseguirá desbancar Toyota Corolla e Honda Civic. Mas não é por isso que a Chevrolet deixaria de aprimorar o modelo que lidera o "pelotão intermediário" do segmento de sedãs médios. E é isso que acontece na linha 2020, cuja maior novidade é a estreia da versão Premier, de R$ 122.790.

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"Melhor do resto"

Bom de dirigir o Cruze sempre foi, e ficou ainda melhor na segunda geração com a estreia do motor 1.4 turboflex de 153 cv / 150 cv e torque máximo de 24,5 kgfm / 24 kgfm. Mesmo sem mudanças desde o lançamento em 2016, é ele o responsável direto pela dirigibilidade elogiável na maioria das situações - especialmente na estrada. O sedã anda suave, mas também não decepciona quem gosta de andar um pouco mais rápido, a ponto de precisar redobrar a atenção para não ultrapassar os limites de velocidade.

Mesmo assim, o Cruze não se iguala a Civic e Jetta, duas das referências em dirigibilidade no segmento. Prova disso é seu comportamento acima de 120 km/h, quando a direção mais leve sente os efeitos dos ventos laterais, transmitindo a sensação de que ele não está totalmente "nas mãos" do motorista.

Outro ponto que merece atenção é o comportamento do assistente de permanência em faixa. Embora seja um importante item de segurança, ele interfere demasiadamente na trajetória do veículo, mesmo em situações nas quais o controle é total. Se você estiver distraído, são grandes as chances de levar um susto.

O consumo de combustível mostrou-se bem satisfatório abastecendo com gasolina. Durante nossa avaliação o sedã obteve médias de 9 km/l na cidade e quase 15 km/l na estrada. Os números divulgados pelo Inmetro são de 11,1 km/l e 14,2 km/l, respectivamente

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Pontos avaliados

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Itens de série (5): além de bem equipado, o Cruze é o único carro nacional a sair de fábrica com internet.

Custo-beneficio (4): mesmo tendo um pacote generoso de itens de série, podia ser mais barato - e assim ganhar competitividade diante de Corolla e Civic.

Desempenho (4): bom de guiar o Cruze sempre foi, e continua assim nesta geração. O motor turbo, porém, perde em potência e agilidade para os rivais.

Design (5): as mudanças foram bem discretas, mas deixaram o Cruze bem atual e elegante.

Vida a bordo (5): bem acabado e confortável, o sedã só podia ser mais espaçoso no banco de trás.

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Oi, quer tc?

A grande novidade do Cruze está bem longe dos olhos. O sedã é o primeiro carro nacional a sair de fábrica com internet. A conexão 4G é nativa por meio de um chip da operadora Claro instalado na arquitetura eletrônica do próprio veículo. Além de poupar o pacote de dados dos passageiros, a conexão 4G nativa permite a instalação de aplicativos no veículo e facilita eventuais atualizações do sistema MyLink.

Se por um lado não há como realizar a troca por um chip de outra operadora, por outro lado os pacotes oferecidos de fábrica são mais baratos do que os valores praticados pela própria empresa. O serviço é gratuito nos três primeiros meses ou até 3 GB de dados. A partir daí são oferecidas quatro opções, com 2 GB, 5 GB, 10 GB e 20 GB, sendo que o pacote mais barato custa R$ 29,90 por mês.

Até sete dispositivos podem aproveitar a rede embarcada no Cruze e a GM diz que o sinal tem alcance de até 15 metros, o que realmente acontece na prática. A intensidade do sinal, inclusive, pode aumentar em até 12 vezes durante deslocamentos. A fabricante alega que a antena do veículo tem um sistema de amplificação. O sinal pode até oscilar (como em qualquer conexão móvel), mas vai ser meio difícil: a GM diz que o carro tem 42 processadores, 22 antenas e 14 redes.

Além de internet a bordo, o Cruze Premier traz o já conhecido sistema de concièrge OnStar, ar-condicionado digital (com apenas uma zona de temperatura), câmera de ré de alta resolução, alerta de colisão e sensor de pontos cegos. Destaque para uma bem-vinda novidade: sistema de detecção de pedestres com frenagem autônoma de emergência, algo que o novo Corolla também tem, mas o Civic não.

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Cara de carrão

O visual do Cruze não recebeu tantas mudanças assim, mas as poucas alterações vão dar um bom fôlego para o sedã. A grade frontal agora vai até a parte inferior do para-choque e recebeu acabamento cromado. Garanto que o resultado é muito melhor do que nas fotos - eu era um dos que achava o desenho feio antes de ver o carro pessoalmente.

As rodas de liga leve de 17 polegadas têm acabamento diamantado na versão Premier e a traseira traz lanternas de LED com novas lentes. O interior preserva as linhas básicas, mas traz um bonito acabamento em couro marrom, tonalidade presente até no painel de instrumentos. Ficou bem chique - muito mais do que a concorrência.

Entre os bancos da frente existe um carregador por indução, que agora acomoda smartphones maiores, e o carro emite um alerta para não esquecer objetos (ou crianças) no banco traseiro antes de deixar o veículo. O que infelizmente não mudou lá atrás é o espaço interno, que não chega a ser apertado, mas é menor do que nos concorrentes japoneses. Faltam saídas de ar-condicionado e uma simples entrada USB, mas pelo menos agora há duas delas na frente.

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Vale a pena?

Como você notou, o Cruze Premier teria condições de incomodar Toyota Corolla e Honda Civic na briga pelo topo dos sedãs médios. Porém, o mercado valoriza outras qualidades da dupla japonesa, como confiabilidade e valor de revenda, e assim o representante da Chevrolet fica renegado ao terceiro lugar.

Se você não faz questão de levar um deles para casa o Cruze pode ser uma ótima escolha. Além do design elegante, ele traz o bom motor turbo, e não só nesta versão Premier como em todas as outras, ao contrário do que fazem Civic (disponível só na top Touring) e Corolla (que nem possui). E ainda vem com internet a bordo, que pode até não ser um fator decisivo de compra, mas pode ajudar a assinar o cheque se você estiver em dúvida entre ele e outro rival.

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Concorrentes

Divulgação

Honda Civic Touring

Motor: 1.5, turbo, gasolina, quatro cilindros em linha
Potência: 173 cv a 5.500 rpm
Torque máximo: 22,4 kgfm, de 1.700 rpm a 5.500 rpm
Câmbio: CVT
Aceleração de 0 a 100 km/h: 8,6 segundos
Velocidade máxima: 221 km/h
Dimensões: 4,64 metros de comprimento, 1,79 metro de largura, 1,43 metro de altura, 2,70 metros de entre eixos
Porta-malas: 517 litros
Preço: R$ 134.900

Murilo Góes/Arte UOL

Toyota Corolla Altis

Motor: 1.8, flex, quatro cilindros em linha / dois motores elétricos
Potência: 101 cv/98 cv (etanol/gasolina) / 72 cv (motores elétricos)
Torque máximo: 14,5 kgfm a 3.600 rpm / 16,6 kgfm disponíveis instantaneamente
Câmbio: CVT do tipo Hybrid Transaxle
Aceleração de 0 a 100 km/h: n/d
Velocidade máxima: n/d
Dimensões: 4,63 m (comprimento), 1,78 metro de largura, 1,45 metro de altura, 2,70 metros de entre eixos
Porta-malas: 470 litros
Preço: R$ 124.990

Arte/UOL

Ficha técnica

Motor: 1.4, 16V, flex, quatro cilindros em linha, turbo, injeção direta

Potência: 153 cv/150 cv (etanol/gasolina)

Torque máximo: 24,5 kgfm/24 kgfm a 2.000 rpm

Câmbio: automático de seis marchas, tração dianteira

Aceleração de 0 a 100 km/h: n/d

Velocidade máxima: n/d

Dimensões: 4,66 m (comprimento), 1,79 metro de largura, 1,48 metro de altura, 2,70 metros de entre eixos

Porta-malas: 440 litros

Preço: R$ 122.790

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