Nissan Leaf

Elétrico mais vendido do mundo estreia no Brasil com boa autonomia, belo visual e preço salgado: R$ 195 mil

Vitor Matsubara e João Anacleto Do UOL, em São Paulo (SP) Marcos Camargo/UOL

Tá ligado?

Lembro bem da minha primeira vez. A gente não sabe bem como fazer. Fica aquele silêncio constrangedor e, quando menos esperamos, dá tudo certo. Tudo bem, acontece assim com todo mundo que nunca dirigiu um carro elétrico antes.

O Nissan Leaf é o carro elétrico mais vendido da história, acumulando mais de 400 mil unidades comercializadas em duas gerações. E assim deve permanecer por um tempo, embora a Tesla já comece a ameaçar seu reinado com o Model 3. No Brasil a história é bem diferente: não temos Tesla oficialmente por aqui e o Leaf nunca será popular porque custa caro, assim como todos os carros elétricos vendidos atualmente por aqui.

Só não precisava ser tão caro: o hatch custa R$ 195 mil, mais do que o valor cobrado por Renault Zoe (R$ 149 mil) e até do que modelos que nem estrearam por aqui, como o Chevrolet Bolt. Mas por que o Leaf custa tanto assim?

Marcos Camargo/UOL Marcos Camargo/UOL

Bem recheado

O Leaf se esforça para justificar a etiqueta exorbitante. Sai de fábrica com um pacote de equipamentos esperado para um carro deste valor. Há tecnologias como alerta de pontos cegos e assistências de condução semiautônoma, como piloto automático adaptativo e frenagem de emergência. Assim como no Kicks, a câmera com visão em 360 graus é uma mão na roda e o painel digital é bem completo e fácil de entender: o usuário rapidamente "se encontra" nos menus.

Além de ser importado da Inglaterra, o Leaf vem com um carregador de parede suficiente para recarregar as baterias de íon-litio em aproximadamente 6 horas. Os custos de instalação são cobertos pela empresa - salvo adaptação na rede elétrica, que será cobrada do cliente. No carro vem também um cabo de recarga de emergência e um adaptador para tomada de três pinos. Neste caso, porém, o tempo de recarga total pode chegar a 20h.

Porém, alguns detalhes entregam que o hatch não foi feito para ser carro de luxo, e sim mais acessível - como de fato é em todos os mercados da América do Norte, Europa e Ásia. O acabamento é bom, mas está de longe de ser requintado; vários botões vêm de modelos mais baratos da marca; e a coluna de direção tem o velho sistema de regulagem de altura que faz o volante "despencar" quando o motorista puxa a alavanca que destrava a coluna.

A vida a bordo, porém, é muito boa. O isolamento acústico é digno de elogios, e olha que isso é fundamental em um carro que não emite qualquer som de motor. Dificilmente se ouve o barulho dos pneus em contato com o asfalto ou mesmo o de alguns sistemas em funcionamento - algo que normalmente acontece em outros veículos movidos a eletricidade.

O espaço interno é bom para quatro adultos, embora o banco traseiro seja alto demais para alojar as baterias de 40 kWh - que ficam próximas ao assoalho. E o porta-malas tem bons 435 litros, praticamente empatado com os 432 litros do Kicks. Tudo isso em um carro 20 cm mais longo e com a mesma largura de um Volkswagen Golf.

Marcos Camargo/UOL Marcos Camargo/UOL

Pontos avaliados

Notas

Autonomia (5): Leaf dobrou de capacidade de uma geração para outra; quilometragem é mais do que suficiente para uso urbano.

Itens de série (3): hatch é bem equipado, mas não oferece nada além do que um carro neste valor.

Relação custo/benefício (2): se ele já era caro, o Leaf agora ficou ainda mais por R$ 195 mil

Design (5): Leaf tem estilo moderno, bem mais bonito do que seu antecessor

Marcos Camargo/UOL Marcos Camargo/UOL

Custos de revisão, garantia e seguro

Revisões:

+ 10 mil km ou 12 meses: R$ 229,00

+ 20 mil km ou 24 meses: R$ 539,00

+ 30 mil km ou 36 meses: R$ 229,00

+ 40 mil km ou 48 meses: R$ 639,00

+ 50 mil km ou 60 meses: R$ 229,00

+ 60 mil km ou 72 meses: R$ 539,00

Garantia:

+ 3 anos sem limite de quilometragem

Seguro:

Não disponível

Marcos Camargo/UOL Marcos Camargo/UOL

Equipamentos

Itens de série: controles de tração e estabilidade, assistente de partida em rampas, seis airbags (laterais, dianteiros e de cortina), controle dinâmico de chassi, vidros elétricos nas quatro portas, volante com comandos de som e telefone, computador de bordo; encosto do banco traseiro bipartido, porta-luvas com iluminação, luzes diurnas de led, rodas de liga leve de 17 polegadas, modo de condução Eco, bancos dianteiros com aquecimento; ar-condicionado digital e central multimídia com tela sensível ao toque.

Marcos Camargo/UOL Marcos Camargo/UOL

Divertido e ecológico

Dirigir o Leaf é uma experiência prazerosa, como na maioria dos carros elétricos. Logo você se acostuma com a falta de barulho - o que é até relaxante para mim. A direção é extremamente leve e direta e sobra fôlego para arrancadas - inevitavelmente você vai se pegar acelerando nas saídas de semáforo por pura diversão. Convém apenas não abusar da brincadeira, sob o risco de ficar com pouca bateria para circular.

Mesmo assim, é difícil ficar sem carga no dia a dia. Isso porque a autonomia do Leaf é de bons 389 km. Com um pouco de disciplina dá até para arriscar viagens curtas à região metropolitana das grandes cidades sem sustos.

Até porque o carro traz tecnologias como um modo que aumenta a atuação do sistema de regeneração de frenagem e o e-Pedal, tecnologia presente em alguns carros elétricos (como o BMW i3) que para o veículo sem a necessidade de pisar no pedal de freio. A fabricante diz que é possível frear o carro apenas tirando o pé do acelerador em 90% das situações, embora recomende o uso do freio em emergências.

Vale a pena comprar?

Carro elétrico no Brasil infelizmente ainda é um luxo para poucos. Quem deseja um veículo deste tipo encontra no Leaf um dos melhores representantes.

Porém, a infraestrutura ainda precária e principalmente os preços altos desencorajam o motorista a abandonar de vez o motor a combustão em nome de um meio de transporte que não polua o meio-ambiente. Desse jeito vai ficar difícil ver mais carros elétricos circulando pelas ruas do Brasil...

Marcos Camargo/UOL Marcos Camargo/UOL

Concorrentes

Renault Zoe

Motor: elétrico, baterias de 41 kWh
Potência: 92 cv, de 3.000 a 11.300 rpm
Torque: 22,4 kgfm a 2.500 rpm
Câmbio: uma marcha à frente e ré
Aceleração de 0 a 100 km/h: 7,3 s
Velocidade máxima: 150 km/h
Autonomia: 335 km
Dimensões: 4,08 m de comprimento, 1,73 metro de largura, 1,56 metro de altura, 2,58 m de entre-eixos
Porta-malas: 338 litros
Preço: R$ 149.900

BMW i3

Motor: elétrico, baterias de 41 kWh
Potência: 170 cv
Torque: 25,5 kgfm
Câmbio: uma marcha à frente e ré
Aceleração de 0 a 100 km/h: 13,2 s
Velocidade máxima: 135 km/h
Autonomia: 335 km
Dimensões: 4,01 m de comprimento, 1,77 metro de largura, 1,59 metro de altura, 2,57 m de entre-eixos
Porta-malas: 260 litros
Preço: R$ 205.590

Marcos Camargo/UOL Marcos Camargo/UOL

Ficha técnica

Ficha técnica: Nissan Leaf

Torque: 32,6 kgfm a 3.283 rpm

Câmbio: uma marcha à frente e ré

Aceleração de 0 a 100 km/h: n/d

Velocidade máxima: n/d

Autonomia: 349 km

Dimensões: 4,48 m de comprimento, 1,79 metro de largura, 1,56 metro de altura, 2,70 m de entre-eixos

Porta-malas: 435 litros

Topo