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Volks diz que fraude em testes de emissão de poluentes afetou 11 milhões de veículos

22/09/2015 19h43

Por Andreas Cremer

BERLIM (Reuters) - A Volkswagen disse que o escândalo sobre fraudes nos testes de emissões de poluentes de veículos nos Estados Unidos pode ter afetado 11 milhões de carros no mundo todo, conforme as investigações sobre seus modelos a diesel se multiplicam, pressionando ainda mais o presidente-executivo Martin Winterkorn.

A Volkswagen disse que provisionará 6,5 bilhões de euros de seu resultado do terceiro trimestre para ajudar a cobrir os custos do maior escândalo em seus 78 anos de história, abrindo um buraco nas estimativas de lucros dos analistas.

A empresa também alertou que o montante pode crescer, dizendo que os carros a diesel com os motores Type EA 189 colocados em cerca de 11 milhões de modelos da Volkswagen ao redor do mundo mostraram um "desvio notável" nos níveis de emissões de poluentes entre os testes e o uso nas ruas.

A crise gerou polêmica na Alemanha, com a chanceler Angela Merkel pedindo "transparência completa" da companhia vista por muito tempo como um símbolo da excelência em engenharia do país.

A previsão era que Winterkorn tivesse seu contrato prorrogado em uma reunião do Conselho da empresa na sexta-feira, mas agora há dúvidas sobre se ele sabia que a empresa fazia uso de um software que enganava os reguladores norte-americanos na medição de emissões de poluentes de alguns de seus carros a diesel.

"Ou Winterkorn sabia dos procedimentos nos EUA ou isso não foi reportado a ele. Na primeira hipótese, ele deve se afastar imediatamente. Na segunda, alguém precisa perguntar por que uma violação tão abrangente não foi reportada ao comando da empresa e então as coisas também ficarão difíceis", disse Arndt Ellinghorst, analista da Evercore ISI.

Fontes próximas ao Conselho da Volkswagen negaram uma reportagem que dizia que a maior montadora do mundo em vendas havia adiantado uma reunião do Conselho de quarta para a tarde desta terça-feira.

O Comitê Executivo planeja se reunir na quarta-feira para discutir o escândalo dos testes de emissão e a agenda de uma reunião do Conselho completa que já havia sido marcada para a sexta-feira, disseram as fontes.

Uma reportagem veiculada mais cedo pelo jornal Tagesspiegel - negada pela Volkswagen-, dizia que o Conselho substituiria Winterkorn, de 68 anos, por Matthias Mueller, chefe do negócio de carros esportivos da Porsche.

Winterkorn não fala sobre seu futuro em uma mensagem de vídeo publicada no site da empresa, na qual ele repetiu suas desculpas pelo escândalo, que envolve um quinto dos veículos leves produzidos pela Volkswagen no mundo todo desde 2009, de acordo com a consultoria da indústria automotiva LMC Automotive.

A Agência de Proteção Ambiental dos EUA (EPA, na sigla em inglês) disse na sexta-feira que a Volkswagen pode enfrentar multas de mais de 18 bilhões de dólares por trapacear nos testes de emissões.

A montadora também enfrenta ações judiciais e danos à sua reputação que podem atingir as vendas e reportagens disseram que o Departamento de Justiça dos EUA abriu um inquérito criminal sobre o assunto.

Além disso, procuradores gerais de Nova York e de outros Estados estão formando um grupo para investigar o escândalo, disse o procurador-geral de Nova York, Eric Schneiderman.

"Nenhuma empresa deveria poder descumprir nossas leis ambientais", disse Schneiderman em um comunicado.

As ações despencaram mais 20 por cento, para uma mínima de quatro anos nesta terça-feira, após alguns países de Europa e Ásia declararem que lançariam suas próprias investigações.

No piso, as quedas das ações preferenciais e ordinárias varreram mais de 30 bilhões de dólares do valor de mercado da companhia.

A Volkswagen tem sido desafiada por autoridades desde 2014 sobre os testes mostrando que as emissões excederam os limites do Estado da Califórnia e das leis federais dos EUA, mas evitaram admitir transgressões até os reguladores ameaçarem retirar a certificação para seus modelos a diesel de 2016 no início de setembro.