Inspirada na 2ª Guerra, limusine movida a lenha roda há meio século em SC

Uma limusine ano 1951 virou atração na cidade de Benedito Novo, interior de Santa Catarina. O veículo foi adaptado para funcionar com um sistema de gasogênio, e o resultado é um carro que, em vez de gasolina ou etanol, roda com o gás produzido pela queima de lenha.

O dono é Elemer Schmidt, que herdou o automóvel do pai, falecido há quatro anos vítima de covid-19. Ele conta que o carro pertence à família desde 1975 e que, no ano seguinte, ele (na época com 18 anos) ajudou a fazer as adaptações para que passasse a funcionar a lenha.

"O pai ia estudando e íamos fazendo as adaptações necessárias. Como trabalhávamos, conseguimos mexer no carro só à noite e aos fins de semana. Foram seis meses até o carro ficar pronto", recorda Elemer.

Segundo ele, a escassez de combustível na época foi o que motivou o pai a adaptar o carro. A inspiração veio de técnicas usadas durante a Segunda Guerra Mundial, quando a falta de combustíveis fósseis levou muitos países a ajustar veículos para funcionar com o chamado "gás de madeira" — combustível obtido a partir da queima da lenha.

O carro original recebeu um compartimento de metal na traseira que abriga o fogareiro onde a lenha é queimada. O calor e a fumaça geram um gás, que é canalizado por tubos até o motor, substituindo o combustível tradicional.

Para fazer o carro funcionar basta colocar madeira no compartimento e acendê-las com um fósforo e jornal. É necessário esperar alguns minutos, até que o gás atinja a pressão ideal para alimentar o motor. Depois é só acelerar e sair com o automóvel.

Lenha é colocada em compartimento de metal na traseira do veículo
Lenha é colocada em compartimento de metal na traseira do veículo Imagem: Arquivo Pessoal

"O carro faz 80 km com 22 kg de madeira", acrescenta Dreivin Juan Schmidt, filho de Elemer.

Além do compartimento para colocar a lenha, o carro também possui um tanque com capacidade de 10 litros de gasolina, usado em situações de emergência.

Continua após a publicidade

"Já aconteceu de precisarmos usar a gasolina porque a madeira acabou na estrada", diz Elemer.

Em outubro de 1982, cinco anos após receber as adaptações para funcionar a lenha, a família conseguiu um certificado técnico que possibilita que o veículo circule pelas ruas e estradas do país sem restrição.

"Hoje a gente usa o carro mais para passear e fazer pequenos trajetos. Mas ele já foi o único carro que tínhamos e andávamos bastante", conta Elemer.

Segundo ele, a família já recebeu várias propostas para vender a limusine, mas recusou todas. "Esse carro não tem preço. Já me ofereceram carro zero em troca dela, mas eu não aceito", diz.

Deixe seu comentário

O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Leia as Regras de Uso do UOL.