Como recarregar carro elétrico e híbrido e ainda economizar na conta de luz
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O mercado brasileiro de carros eletrificados tem batido recordes anualmente.
De acordo com dados da Abve (Associação Brasileira do Veículo Elétrico), houve um salto de 85% nas vendas desse tipo de veículo em 2024 em relação ao ano anterior - e 2025 segue esse viés de alta.
Na carona dessa expansão está a demanda por infraestrutura e alternativas de recarga, preferencialmente, limpas, econômicas e sustentáveis. Um caminho muito promissor é o da energia solar, a segunda maior matriz energética do Brasil - perdendo apenas para a hídrica.
A boa notícia é que a geração de eletricidade a partir da luz do Sol pode acontecer na casa ou no escritório, reduzindo o gasto com recarga de veículos elétricos e híbridos plug-in na conta de luz. Mais do que isso: a energia excedente é enviada para a rede elétrica, gerando créditos para reduzir ainda mais o gasto com energia.

Com o preço da gasolina superando os R$ 7 em muitas localidades do Brasil, como o Acre, por exemplo, a aquisição deste tipo de tecnologia tem crescido, especialmente entre motoristas de aplicativos.
É o que afirma Edlailson Pimentel, sócio-proprietário e diretor técnico da EngeAmazon Gestão de Energia, que faz projetos de instalação de energia solar e estações de recarga de veículos.
"Com a média de energia de um veículo elétrico é de 15 kWh/100 km, para rodar mil km por mês há um custo de energia elétrica convencional de aproximadamente R$ 150. Com a economia da gasolina, esse motorista praticamente paga o financiamento para instalar a geração de energia solar e a parcela do veículo elétrico", completa.
Custos e cuidados na instalação

O especialista explica que a instalação de um sistema de energia solar fotovoltaico para geração de 1.000 kWh/mês custa cerca de R$ 22,5 mil.
Há também os custos de aquisição e instalação das estações de recarga, os chamados wallboxes.
Mas vale destacar que muitos fabricantes já incluem o aparato na compra do veículo e também já existem empresas homologadas especializadas na inserção desses aparelhos nas residências, escritórios ou afins. Mas também há diferentes tipos e potências de sistemas fotovoltaicos para cada aplicação.
Além do gasto com a instalação de painéis solares, é necessário certificar-se de que as instalações elétricas do imóvel sejam adequadas para a instalação de tomadas, wallboxes e outros pontos para recarga de automóveis eletrificados - essa preocupação é essencial para não sobrecarregar a fiação e elevar o risco de incêndios, por exemplo.
Por conta disso, a instalação de painéis solares e de estações de recarga obedecem a uma série de regras e procedimentos.
O primeiro passo é providenciar uma vistoria prévia do local por profissional especializado.
Pimentel detalha que são checados desde a entrada de energia para ver se a rede irá suportar a carga durante sua utilização na recarga das baterias do veículo, passando pelo telhado da residência está apto, se não existes sombreamentos, dimensionamento até a emissão de uma anotação de responsabilidade técnica.
"Temos nos deparado com instalações elétricas em péssimas condições, onde a rede elétrica na entrada de energia não é compatível com a carga da estação", comenta.
Ele destaca, ainda, dois problemas corriqueiros que aparecem nas visitas técnicas. O primeiro está nos telhados muito antigos e que inviabilizam a instalação das placas fotovoltaicas.
O outro é mais técnico. Wallbox trabalham na tensão 220V.
"Fomos realizar a instalação onde a residência possuía tensão monofásica 127 V", finaliza.
Diferentes tipos de placas solares

Existem placas solares de diferentes tipos e potências, cada uma destinada a um tipo específico de instalação. Os painéis captam a irradiação solar e transformam em energia elétrica por meio de semicondutores presentes nas células fotovoltaicas. A corrente contínua gerada deve ser convertida em corrente alternada por meio de um inversor fotovoltaico para adequar aos critérios da rede elétrica.
Vários fatores afetam o desempenho de um painel solar e o quanto ele produz de energia. A própria capacidade do painel, o local de instalação, o tamanho e até o ângulo de inclinação são importantes para determinar o rendimento. Condições climáticas, como presença de sombras, também impactam diretamente a produção de energia.
Estima-se que, com a instalação certa e em lugares com alto nível de irradiação solar, a eficiência pode superar os 20%. Em dias de clima ruim, chuvosos ou nublados, a eficiência, claro, será menor. Calcula-se que este sistema possa gerar cerca de 20 kW por dia.
Ronaldo Koloszuk, presidente do conselho de administração da Absolar (Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica), usa o exemplo dentro da própria casa.
Ao substituir seu carro a diesel por um híbrido, e com energia de carregamento vinda de painéis solares, saiu de uma conta mensal de combustível de R$ 1.500, para rodar 1.300 km, para R$ 300.
"A energia que você usou de forma instantânea, carregando o seu carro elétrico, numa secadora ou um ar-condicionado, é uma eficiência energética instantânea: você já usou. E aquela energia que sobrou você injeta na rede, gerando um crédito que você pode ser usado até em 60 meses", diz Koloszuk.
E em quanto tempo o investimento em um painel solar compensa? O membro da Absolar é sucinto. "O payback de colocar um sistema solar em cima do telhado no Brasil se dá em torno de três anos".
Hoje existem mais 3,6 milhões de sistemas solares fotovoltaicos de Geração Distribuída(GD), que é a energia próxima ou no local de consumo, como painéis solares em residências ou empresas (cerca de 80% são em residências) e que tem potência instalada de 41.000 MW. Mais de 20.000 MW (ou 50%) também são geradas por casas. O restante é de Geração Centralizada, que envolve a produção em grandes usinas e a transmissão por redes.
De acordo com a Absolar, a fonte solar fotovoltaica atingiu novos recordes de geração de energia elétrica no Sistema Interligado Nacional (SIN). No dia 21 de janeiro deste ano a média chegou a 12.609 MW, atendendo 13,75% da demanda.
Já no dia 14 de março o pico atingiu 37.992 MW de geração às 11h da manhã, o equivalente a 39,2% da demanda nacional naquele instante. A associação ainda afirma que 13,1% da oferta de energia elétrica no Brasil foi gerada por fonte solar no mesmo mês de março.


























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