BYD inicia produção de carros na Bahia em investimento bilionário no Brasil

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A BYD iniciou a produção de seus carros no Brasil, com atividade na antiga fábrica da Ford em Camaçari (BA). A inauguração oficial da produção ocorreu nesta quinta-feira (9), em evento que contou com a presença do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), do vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB) e do fundador e CEO global da marca chinesa, Wang Chuanfu.
Em julho, a BYD já havia chamado jornalistas para o início dos testes do complexo fabril, chegando inclusive a exibir unidades do Dolphin Mini produzidas no local. Desta vez, no entanto, a marca inicia para valer a produção local de veículos, que movimentará cerca de 20 mil empregos diretos e indiretos.
A produção nacional faz parte de um investimento de R$ 5,5 bilhões prometidos pela BYD para o Brasil. O plano inicial era de produzir 300 mil unidades por ano até 2030, mas a meta agora é chegar a 600 mil veículos, com exportações a outros países da América do Sul - a empresa quer se posicionar entre as três líderes do mercado.

A fábrica em Camaçari produzirá unidades do Dolphin Mini, modelo elétrico e veículo mais barato vendido pela montadora no Brasil. Também fazem parte da linha de montagem dois híbridos, o SUV Song Pro e o sedã King.
Em passagem pela fábrica, a reportagem do UOL Carros presenciou diversas unidades dos três modelos espalhadas pelo local. A BYD, no entanto, não anunciou quantos veículos já foram feitos localmente, em produção que iniciou no fim de julho. Segundo a marca, os modelos nacionais começam a chegar nas concessionárias na próxima semana.

Inicialmente, os veículos serão montados sob o regime SKD (Semi Knocked Down), um modelo produtivo em que os carros chegam parcialmente montados da China e são apenas finalizados localmente. No entanto, a BYD planeja partir em curto prazo para a produção CKD (Completely Knocked Down), em que os veículos chegam totalmente desmontados e contam com maior nacionalização da cadeia produtiva.
A montadora chinesa também anunciou a fabricação dos motores híbrido flex no Brasil. A empresa fornecerá 30 unidades do Song Pro com essa motorização para uso durante a COP30, em Belém (PA). A base será o atual motor 1.5 aspirado, mas com adaptações para aceitar o etanol. Ainda não há previsão destes veículos chegarem ao mercado.
Adquirida junto à Ford em 2023, a fábrica de Camaçari é a maior unidade da BYD fora da China, com 1 milhão de m² construídos. Além da produção de veículos, o local abrigará centros de pesquisa, laboratórios de motores e outras estruturas de apoio à mobilidade elétrica. Segundo a marca, ao todo serão 26 instalações no local.
Há 16 anos, criei os 'Três Sonhos Verdes' da BYD: gerar, armazenar e utilizar energia limpa. Ver esse ecossistema se tornando realidade aqui na Bahia é a materialização dessa missão Wang Chuanfu, CEO da BYD
Meteoro, dinossauros e acenos de Lula

O anúncio da produção nacional também é uma resposta da BYD a uma disputa contra marcas tradicionais no mercado brasileiro. Em julho, Volkswagen, General Motors, Stellantis e Toyota enviaram carta a Lula contra pedidos da marca chinesa para redução de impostos para veículos produzidos no regime SKD e CKD. A alegação foi de que isso promoveria concorrência desleal.
A BYD reagiu também em carta, em que chama as empresas rivais de 'dinossauros' e se coloca como um 'meteoro' no mercado brasileiro. A empresa defendeu a tese de que oferece produtos melhores, mais baratos e bem aceitos pelos consumidores, e que a reclamação pública da concorrência seria por mera reserva de mercado.
O governo, no entanto, procurou acalmar os ânimos e adotou medidas para agradar a ambos os lados. Concedeu um prazo de seis meses para importação de veículos SKD e CKD com alíquota zero, respeitando um teto de US$ 463 milhões para todo o mercado. Após esse período, as importações passam a recolher a alíquota cheia de 35%, com um cronograma antecipado para janeiro de 2027.
Para o caso de importação de veículos importados prontos (CBU), foi mantido o cronograma de aumento progressivo da alíquota até julho de 2026.
Protestos na entrada
A inauguração da fábrica e a presença de Lula atraiu protestos na porta do completo em Camaçari. Dezenas de autoescolas se manifestaram no local contrárias à proposta do Governo Federal de acabar com a obrigatoriedade de aulas teóricas e práticas para tirar a Carteira Nacional de Habilitação (CNH).
O governo alega que o projeto reduzirá os custos para tirar a habilitação e que atualmente muitos motoristas dirigem sem CNH por conta dos custos. A medida, no entanto, tem gerado uma série de manifestações contrárias no setor.
O protesto das autoescolas se juntou à manifestação de motoristas de caminhões-cegonha da região, que reclamam de terem sido excluídos do processo de transporte dos carros produzidos na fábrica da BYD. Eles estão acampados há uma semana no local.
Opções mais baratas
Com o início da produção nacional, a BYD terá novidades em sua linha de produtos, com opções mais baratas dos veículos produzidos no país. Como foi antecipado pelo colunista do UOL Carros Jorge Moraes, o compacto Dolphin Mini será o primeiro a receber uma versão voltada para para atender clientes de venda direta, como taxistas e pessoas com deficiência (PCD).
Batizada de GL, a versão mais barata do Dolphin Mini será comercializada por R$ 118,9 mil. No entanto, com os descontos da venda direta, o valor cai para R$ 107,09 mil. No caso de PCD, sairá por R$ 99,9 mil, enquanto taxistas pagarão ainda menos: R$ 98.590.
Em novembro, após o compacto elétrico, a BYD deve oferecer o sedã King e o SUV Song Pro, ambos híbridos, com os incentivos para a versão GL. O Song Pro sai hoje da loja por R$ 161,492. Com o desconto, custará R$ 132,9 mil para taxistas e R$ 147,9 mil para PCD. Já o King, vendido por R$ 144.492, passará a custar R$ 124,9 mil e R$ 132.090, respectivamente.



























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