Por que VW Saveiro tem explosão de vendas apesar de estar 'parada no tempo'

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A atual geração Volkswagen Saveiro já tem mais de 15 anos de mercado e usa mesma plataforma do finado Gol.
Isso não impediu a veterana picape compacta, lançada há 45 anos, de figurar como o quinto veículo mais vendido em setembro, ocupando a décima colocação no ranking geral durante o mesmo período.
De acordo com a Fenabrave, a federação das concessionárias, a Saveiro acumula 48.355 emplacamentos de janeiro a setembro deste ano e só perde para a Fiat Strada (101.298) na respectiva categoria neste período. Mantido esse ritmo, 2025 caminha para ser o melhor ano em volume de vendas da picape na última década. Em 2024, o modelo totalizou 56.984 unidades comercializadas.
"Até muito pouco tempo atrás ela era esquecida, estava em segundo plano total", diz Milad Kalume Neto, da K.Lume Consultoria Automobilística. Mas o que explica esse boom de vendas?
VW foca vendas diretas
A maior parte do volume de emplacamentos da Saveiro atualmente está nas vendas diretas, realizadas para clientes do tipo pessoa jurídica, como locadoras, proprietários rurais e frotistas.
Do total registrado nos primeiros nove meses deste ano, 45.783 vendas corresponderam a essa modalidade - quase 95%.
"Dentro do varejo, a Saveiro perdeu força, então ela foi para a venda direta. A grande, digamos, sacada da VW foi ter posicionado e colocado um produto bem atrativo para atender esse público", explica o especialista.
A gama da picape compacta começa em R$ 110.490 - porém, com os benefícios e promoções voltadas a vendas diretas, o preço pode ficar abaixo de R$ 90 mil.
"Você tem um foco claro dentro da venda direta, que traz descontos mais atrativos", comenta Kalume.
Por outro lado, a Saveiro registrou apenas 2.572 unidades compradas por pessoas físicas neste ano. Isso tem uma explicação: Fiat Strada.
O produto da Fiat, que está na segunda geração, lançada em meados de 2020, desbancou a Saveiro há décadas e continua seu reinado. É líder absoluta do segmento e veículo mais vendido do Brasil, com 101.298 unidades emplacadas de janeiro a setembro.
A equação de vendas diretas e varejo também é mais balanceada: 68.694 contra 32.604 exemplares comercializados.
A Strada também é mais versátil: tem diferentes carrocerias, opção de motor turbo e câmbio automático.
A VW, por sua vez, tem uma oferta restrita.
"Quando você confronta os dois veículos, o público tende para a Strada mesmo. Na verdade você tem um núcleo de atuação onde a Saveiro está se dando muito bem, que é a venda direta", afirma o consultor automotivo.
Destino da Saveiro já está traçado

O destino da Saveiro já foi traçado.
A picape é o último produto da linha de carros fabricados no Brasil a ter ligação com o Gol e traz uma plataforma obsoleta.
A VW também parou de investir na Saveiro há muito tempo, tanto que a caminhonete foi reestilizada duas vezes para ganhar uma sobrevida, mas sem nenhuma novidade tecnológica nem mecânica.
"É um projeto que está pago, um projeto já antigo, não tem muito o que se tirar", afirma Kalume.
Além disso, a marca alemã já confirmou que prepara uma nova caminhonete a ser produzida em São José dos Pinhais (PR) junto de T-Cross e Virtus.
O modelo moderno, que oferecerá até versão híbrida, será de maior porte que a Saveiro e deve brigar no segmento que Chevrolet Montana e Renault Oroch.
A VW, no entanto, deve adotar algumas estratégias para não deixar o público da veterana Saveiro desassistido. O modelo deve ser inspirado no conceito Tarok, com estreia prevista para 2026.



























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