Bateria ejetável: por que item de segurança em carros elétricos é má ideia

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Imagine que, ao detectar risco de incêndio, um carro elétrico pode ser capaz de ejetar sua bateria para longe.
Parece cena de filme, mas um protótipo chinês apresentado em setembro levantou um debate acalorado nesse sentido.
A ideia por trás do conceito é de que, se a bateria entrar em combustão, o veículo literalmente arremesse o componente inteiro para longe do veículo, a fim de proteger seus ocupantes e evitar a destruição do automóvel. Na realidade, porém, a aplicação prática dessa ideia em carros a bateria produzidos em série traz desafios técnicos que praticamente a invabilizam.
Como funciona a bateria ejetável
O sistema de ejeção da bateria foi demonstrado por um centro de pesquisa na China em parceria com a Joyson Electronics.
A motivação é aumentar a segurança contra incêndios em carros elétricos, evitando os danos da temida fuga térmica, que torna um fogo de bateria quase impossível de ser apagado.
Ejetar o módulo em chamas garantiria a integridade dos ocupantes e impediria que o incêndio consumisse o veículo, afirma o Centro Chinês de Pesquisa em Reparação e Tecnologia de Colisão.
A engenhoca utiliza um gerador de gás, análogo ao de um airbag, para disparar o conjunto de células que compõem a bateria. O ejetor pode ser acionado em menos de um segundo, arremessando a bateria a até seis metros do veículo, a fim de impedir que o fogo se alastre.
Em seguida à ejeção, caberia a técnicos especializados a tarefa de cobrir o módulo com uma manta de combate a incêndio, isolando-o da cabine e permitindo a evacuação dos ocupantes.
Efeitos colaterais
A proposta se baseia em um raciocínio simples: separar a fonte do fogo do restante do veículo.
Ao remover rapidamente a bateria em combustão, os ocupantes ganhariam tempo para deixar o veículo e as equipes de resgate poderiam atacar o incêndio em um componente isolado.
Para o centro de pesquisa chinês, seria uma forma radical de "proteger vidas em caso extremo". O problema é que poucos viram dessa forma.
A recepção na China foi negativa, e críticos alertaram que o sistema apenas transfere o risco em vez de eliminá-lo. Nas redes sociais do país, muitos zombaram da ideia, classificando-a como "jogar uma batata quente para os outros".
Isso porque o pacote da bateria, com cerca de 600 quilos, poderia atingir outros carros, pedestres e até estruturas inflamáveis nas ruas. Logo, o incêndio poderia poupar o carro e prejudicar incautos ao redor.
Não obstante, nos acidentes mais graves, a carroceria do veículo se deforma. Logo, uma bateria presa por trilhos poderia ficar bloqueada, impedindo a ejeção e mantendo o fogo dentro do automóvel.
Piorando mais a situação, vale lembrar que a bateria fica ligada a sistemas críticos do veículo através de conectores de alta voltagem. Logo, haveria risco de que a força da ejeção não fosse capaz de arrancá-los, também mantendo a "batata quente" sob os ocupantes do carro - em carros elétricos e híbridos plug-in, a bateria costuma ser instalada sob o assoalho, para maior distribuição de peso.
Por fim, a imprensa chinesa trouxe a questão da responsabilidade por eventuais danos a terceiros provocados por uma bateria ejetável.
"A solução não ataca a raiz do problema, que seria evitar o incêndio em primeiro lugar", disse um periódico local.
Diante disso, as empresas envolvidas sinalizaram desistência de prosseguir com o protótipo, afirmando que não há planos de adotá-lo comercialmente.
Ao mesmo tempo, as autoridades do país já caminham em outra direção: uma nova norma técnica, batizada de GB 38031-2025, que se preocupa em garantir índices de proteção contra incêndios e fugas térmicas cada vez mais elevados nos carros elétricos comercializados no país.
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