Por que venda e produção de motos no Brasil devem bater recorde em 2025

O ano de 2025 caminha para ser um dos melhores do setor de motocicletas no Brasil em muito tempo - tanto na produção quanto nas vendas. Segundo levantamento da Abraciclo (Associação Brasileira dos Fabricantes de Motocicletas, Ciclomotores, Motonetas, Bicicletas e Similares), 1.326.963 motocicletas foram fabricadas este ano (de janeiro a agosto), um crescimento de 12,5% em relação ao mesmo período de 2024.

Esse resultado ainda configura o melhor desempenho dos últimos 14 anos e o terceiro melhor da história do setor para os oito primeiros meses do ano.

O reflexo também aparece nas vendas. No acumulado, os emplacamentos somaram 1.408.273 unidades, o melhor resultado da história para o período.

Para Marcos Bento, presidente da Abraciclo, a crescimento nas vendas da motocicleta não tem atendido somente às necessidades do segmento profissional - composto por motofretistas, mototaxistas e entregadores.

"Pesquisas de nossas associadas apontam que a utilização profissional representa somente 22% da motivação de compra. Em primeiro lugar vem a locomoção, seguido pelo lazer", afirma.

O executivo aponta outras características principais para quem adquire uma moto. "Economia de combustível, o baixo custo de manutenção, a agilidade nos deslocamentos. Uma solução mais econômica e acessível de transporte para as diferentes regiões e cidades brasileiras", enumera.

Já os pesquisadores do Cebrap (Centro Brasileiro de Análise e Planejamento), Monise Picanço e Victor Callil, afirmam que o aumento na quantidade de motociclistas trabalhando com entregas pode estar relacionado ao crescimento da venda de motocicletas -entretanto, não é uma hipótese testada.

"Vale reforçar que 46% deles tem outros trabalhos para além daquele realizado com as plataformas", dizem com base no estudo "Um panorama sobre o trabalho de motoristas e entregadores com aplicativos", de 2024 e que junta dados administrativos das maiores empresas do segmento de mobilidade.

Para o pesquisador Sandro Sacchet de Carvalho, co-autor do estudo "Evidências da plataformização e a precarização do trabalho no Brasil", a introdução dos apps e sua consequente ascensão data de 2014/2015, anos de início de uma crise econômica que manteve o mercado de trabalho com altas taxas de desemprego até 2022.

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"O aumento da informalidade (trabalhadores por conta própria) em momentos de crise é ampliada pela presença desses aplicativos, pois, ainda mais que os trabalhos autônomos tradicionais, é mais fácil a entrada nessas ocupações (basta ter um carro, moto, bicicleta e se inscrever no aplicativo)", diz. Vale lembrar que o custo de aquisição de uma motocicleta é bem mais acessível que a de um automóvel, por exemplo.

Para o fechamento do ano, a Abraciclo estima um crescimento na fabricação e nos licenciamentos. De acordo com a associação, a produção pode fechar com 1,88 milhão de unidades, o que representaria uma alta de 7,5% em relação ao ano anterior. Já em relação às vendas, a projeção é que pouco mais de 2 milhões de motocicletas sejam comercializadas, alta de 7,7% na comparação com 2024.

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